É uma pergunta muita
válida que se fazem jornalistas do New York Times.
Espanta a apatia do partido Democrata
quando a sua candidata obtém maioria popular de três milhões de sufrágios sobre
o seu adversário.
Surpreende igualmente que os
democratas não se tenham empenhado nas recontagens de votos, que deixaram por
conta da candidata Jill Stein, de um partido menor.
Além disso, na Pennsylvania, a falta
de empenho do Partido ensejou que um juiz lhes negasse a licença, pelo seu desinteresse,
demonstrado pelo respectivo atraso em apresentar o documento judicial.
Nesse contexto, os jornalistas
lembram do empenho republicano quando do atraso na votação da Flórida. Não lhes
faltou determinação para lograr que fosse encerrada a apuração naquele estado.
Conquanto proceda que o Partido Republicano tende a ser mais pugnaz do que os Democratas,
não é um bom exemplo a 'vitória' arrancada da Suprema Corte pelo GOP.
Espanta, no entanto, que os
democratas não se tenham empenhado em defender a candidatura de Hillary
Clinton, ainda mais diante dos propósitos do candidato adversário, cujo
governo, se efetivado, promete ser um rosário de crises, motivadas tanto pelo
baixo nível de suas indicações, quanto pelo potencial negativo de outras, como
a do candidato a chefe do Departamento de Estado, cujas estreitas relações com
o autócrata Vladimir Putin levantam não pequenos problemas na execução da
política externa estadunidense.
Comovente a amizade de Tillerson e
Putin, ainda que muito contribua o interesse do diretor da Exxon em manter boas
relações com o líder do grande produtor de petróleo que é a Rússia.
O silêncio tem sido a resposta do
estamento democrata. Diante das negras perspectivas apresentadas por Donald
Trump - seja nos 'valores' republicanos que chamou para o seu secretariado -
vide Rick Perry, o político texano
que foi redescobrir (na década passada ele fora pré-candidato a presidente,
quando prometeu acabar com o departamento da Energia, que vai agora chefiar) e,
sobretudo, fora do campo das mediocridades, desafia o establishment com a dúbia escolha do empresário Rex Tillerson para
o Departamento de Estado, em que o risco político é grande, a ponto de provocar
já núcleos de reação dentro do próprio GOP para contestar a escolha politicamente
arriscada de Tillerson, CEO da
Exxon-Mobil, e amigão do Presidente russo.
O futuro dirá - ou quem sabe? as
memórias dos partícipes - porque o Partido Democrata não fez nenhuma
movimentação política para valorizar o
papel de Hillary, diante da pesada derrota de Trump no voto popular, ou para
promover recontagens de votos nos estados de Pennsylvania, Michigan e Wisconsin.
Essa apatia, diante das atitudes de Trump e da extrema debilidade tanto política,
quanto mental de muitas das indicações do republicano, causou acerbas críticas
em artigo desse grande jornal estadunidense.
Por isso, o Times ataca os democratas pela sua
alegada falta de unidade e de capacidade de reagir, no que muito se diferenciam dos políticos republicanos. Pareceu-me,
no entanto, infeliz o exemplo escolhido da reação do GOP que fizera sustar a contagem
dos votos na Flórida e transformara, na prática, a eleição de George W. Bush
numa sentença da Suprema Corte... Haja
desenvoltura!
( Fonte: The New York
Times )
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