Meio Ambiente
Não se deve negar que
o Governo Michel Temer tem uma certa coerência. O problema é que esta
característica pode ser aplicada com fins negativos.
Não faz
muito este blog se ocupou de um projeto governamental - e que eu saiba, ainda não
implementado - que endurece a questão das reservas indígenas, mas não no bom
sentido, de favorecer a minoria indígena com a segurança no campo. Pelo que se
depreende do brouillon (esboço) de decreto, a sua publicação não será
exatamente objeto de aplausos dos setores que defendem a causa indígena. Como
está, o tal projeto parece ter sido realizado por áreas proximas ao
ruralismo...
Mas os
sinais ruins não param por aí. Como oportunamente noticiou na sua coluna Miriam
Leitão, recentemente o governo Temer cometeu a provocação de reduzir a área de
uma floresta nacional, exposta e vulnerável à grilagem. O incrível propósito é
beneficiar grileiros que invadiram terras protegidas. É uma cessão mais do que
aética e na verdade imoral e acintosa, eis que favorece a tal gente que não vai
demorar muito em invadir mais e mais terras nesta mesma área. O Governo Federal
não poderia mandar um pior sinal do que esse. Sabemos o quanto o Pará tem
sofrido com a grilagem e a que ponto já avançou o desmatamento nesse estado
amazônico.
Como
bem sublinha Miriam Leitão, "o desmatamento se alimenta de sinais de
fraqueza ou de cumplicidade do Estado."
Assim, "quando o governo reduz os recursos para fiscalização e
controle, como fez o (desastroso) governo Dilma, e dá sinais em seguida de que
vai anistiar quem grila, confirma a ideia de que o crime compensa." Esta
senhora, que uma manobra inconstitucional permitiu conservasse os seus direitos
políticos quando era cassada pelo Senado Federal, agora pôde ver que o seu Vice
de certo modo segue os seus passos: "A mesma floresta de Jamaranxin já
havia sofrido perda de tamanho na administração passada, mas nada se compara ao
que o governo Temer fez: reduziu por
medida provisória em 43% o território da Floresta Nacional, aceitando a
presença de produtores que mantêm na área 110 mil cabeças de gado." A
alegação desses grileiros que já estavam lá quando a dita Floresta Nacional foi
criada, "quem acompanha o desmatamento na Amazônia sabe que não é verdade.
Eles ocuparam porque o governo Dilma
vinha dando sinais de fraqueza. Agora o governo Temer confirmou a impressão. Em
junho, um policial foi morto durante uma operação do Ibama no local. A resposta, em vez de ser mais fiscalização e
controle, foi a redução da área protegida."
A audácia de Netanyahu
É conhecido o caráter do Primeiro
Ministro de Israel, que não é de perder oportunidade diante de situações
contingentes. Agora, às vésperas da saída do detestado (por ele) Barack Obama,
Benjamin Netanyahu, na sua política agressiva e invasiva, contrária a um bom
maço de resoluções do Conselho de Segurança das Nações, não é que empunhando a ocasião (para ele preciosa) da
próxima saída de Barack Obama da Presidência estadunidense, e a vindoura e
iminente posse do amigão Donald Trump, além de convocar o Embaixador americano
para consultas (numa completa inversão de papéis: o estado cliente pede satisfações
da Potência protetora...), também avisa, juntando a arrogância à prepotência,
que retaliará a doze países que votaram nas Nações Unidas contra colônias de
Israel em terras palestinas...
E seja
dito de paso que a postura do
Secretário de Estado Kerry já havia sido decepcionante para quem acompanha a
política internacional no Meio Oriente, pois se limitou a expressar tímidas
reservas, pois a Administração Obama jamais teve coragem de exercer o controle
devido sobre um país-cliente que age como se pudesse arrogar-se a ter uma
autonomia que no passado Tel-Aviv jamais tivera em relação ao governo de
Washington.
( Fontes: Míriam
Leitão, O Globo )