terça-feira, 21 de abril de 2015

Secos e Molhados (II)

                                      
 
Fundo partidário

 
          Segundo assinala o Painel da Folha, a pressão maior para que Dilma sancionasse o Orçamento de 2015 sem vetar a emenda que triplicou os repasses para o fundo partidário veio sobretudo do PT. Pela circunstância de haver sido o seu tesoureiro preso e temer ter as contas bloqueadas em ações na Justiça Eleitoral e outras decorrentes da Operação Lava-Jato, o Partido dos Trabalhadores tampouco poderá contar com doações de empresas por decisão do próprio diretório nacional.  Note-se, outrossim, que esse partido deverá ser, junto com o PMDB, o maior beneficiado pelo brutal aumento da verba.  Mais sobre o assunto se lerá no blog hodierno  O Flagelo da Partidocracia.

             Na proposta original, oriunda do Poder Executivo,  estavam destinados ao Fundo R$ 289,5 milhões. Sem embargo, o solícito relator do Orçamento no Congresso, o Senador Romero Jucá (PMDB-RR) elevara o montante para R$ 867,5 milhões.  Tinha decerto razão Magalhães Pinto quando dizia que política era como nuvem...

 

Debate tucano sobre Impeachment

          
             Há algo de bizantino nas polêmicas internas do PSDB sobre a utilização do impeachment. Até hoje desperta desconforto a enorme calinada tucana, no que concerne ao impeachment – que não houve - de Lula, quando este chegou a ir à tevê para pedir chorosas desculpas à população pelos erros cometidos à conta do partido. Então, o grêmio tucano, na expectativa de que o desprestígio fosse bastante para que as urnas o condenassem, optou por nada fazer, em termos institucionais, embalado pela doce ilusão de que Lula se atolaria nos próprios erros, e dessarte perderia a eleição.

             Se bem sabemos como terminou esse ledo engano, fica mais complicado escarafunchar os motivos da atual polêmica, que, ao contrário das aparências, nada tem de acadêmica.

              No PSDB, muita vez se parece temer mais o avanço de uma corrente partidária do que o de outro adversário. Hoje se digladiam através da imprensa, de um lado FHC e o Senador José Serra: “Como um partido pode pedir impeachment antes de ter um fato concreto?”; e de outro, o candidato derrotado, Aécio Neves, que não exclui a possibilidade da discussão (“O TCU afirma que houve crime. (...) Se considerarmos que houve crime de responsabilidade, vamos agir segundo a Constituição”).

              Não há de surpreender, por conseguinte, que as declarações de FHC (e as de Eduardo Cunha, Presidente da Câmara, que é do PMDB) tenham levado água para o moinho do Planalto. A avaliação das fontes palacianas (todas elas sob o confortável véu do anonimato) é que tais contradições vão tirar “fôlego” das articulações da Oposição.

               Com amigos desse jaez,  Aécio Neves carecerá acaso de inimigos ?

 

Tragédia mediterrânea 

 
            Diante da magnitude do naufrágio de pesqueiro com setecentos imigrantes clandestinos africanos a bordo, os lideres europeus acertaram operação conjunta, abandonando a inação anterior.

             A principal medida visa a coibir a utilização de barcos empregados para a fuga.  A autoridade europeia aprovou a apreensão e eventual destruição das embarcações empregadas para o comércio do desespero, as quais, em geral, se acham em péssimo estado. Dada a superlotação que caracteriza esse comércio (por conta da ganância dos armadores e o baixo poder econômico dos usuários), não é difícil restringir a oferta para esse transporte macabro.

             Depois do sinistro da véspera, foram apreendidos e resgatados outros dois barcos, um na ilha grega de Rodes, e outro entre a Líbia e a Itália.  Segundo a ACNUR (agência das Nações Unidas para refugiados) 13.500 pessoas foram resgatadas entre dez e dezessete de abril (mil é o total aproximado dos que morreram afogados durante o corrente mês de abril).

             As estatísticas das Nações Unidas frisam a gravidade da situação, definida pelo governo de Roma com o dramatismo do “fora de controle”.  31.500 pessoas já tentaram, em 2015, a travessia do Mediterrâneo, dentro da precariedade dos barcos disponíveis. Em 2014, foram 218 mil, mais de quatro vezes o total de 2013.

           Tal tragédia no Mediterrâneo é reflexo de diversos conflitos sobretudo em África, mas também na Síria  (em guerra civil desde 2011). Conforme  as pesquisas, os refugiados provêm de áreas de conflito, sobretudo no continente africano (Mali, Gâmbia, Nigéria; Somália - estado fracassado desde a queda de Siad Barre, na última década do século vinte, e  Eritréia; Síria). 

 

A Chacina do Pavilhão Nove           

 
            Segundo a polícia paulistana, somente um dos mortos na chacina na sede da torcida corintiana Pavilhão Nove,  no sábado dezoito, era alvo do ataque.

            Em um aparente regulamento de contas, Fábio Neves Domingos, de 34 anos, que era suspeito de tráfico de drogas – e um dos detidos pela morte do jovem torcedor na Bolívia em 2013 (por conta de um sinalizador náutico) teria sido o único alvo do ataque, de uma quadrilha adversária. Por causa do tiroteio, no entanto, morreram, junto com Domingos, que seria traficante avulso, mais sete pessoas, que nada tinham a ver com o litígio.

            Segundo apurado, Domingos já tinha sido preso por tráfico de entorpecentes e atuaria agora na venda a granel, na zona oeste de São Paulo, onde fica a sede da torcida. Por haver perdido um carregamento de cocaína há vinte dias, devido à ação policial, ele ficou em dívida com os traficantes ( naquela ocasião, para ser liberado, Domingos teria oferecido dinheiro a policiais, que ainda não foram identificados).

 

Prorrogada a prisão da cunhada de Vaccari Neto

 
             O juiz Sérgio Moro prorrogou por cinco dias  a prisão temporária da cunhada do ex-tesoureiro do PT, Marice Corrêa de Lima.

             Segundo o juiz, ela faltou com a verdade de forma flagrante em seu depoimento.  Por isso, a sua liberdade, no entender do magistrado, colocaria em risco a ordem pública.

             Preocupa o juiz Moro é a responsabilidade de Marice pelos depósitos. Nesse contexto, ela é suspeita de ser destinatária do dinheiro do esquema de corrupção.

              Marice Lima teria adquirido apartamento por R$ 200 mil, o qual vendeu para a empreiteira OAS por R$ 400 mil.

               O mesmo imóvel teria sido vendido posteriormente pela empreiteira por  preço menor.

 

( Fontes:   Folha de S. Paulo;  site de O Globo )

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