Lembram-se da estória da conversa
entre um cachorro nédio e um vira-lata magricela?
Vai mais ou
menos assim: o bicho gordo e lustroso vê passando em frente sua casinhola velho
conhecido, com pelo desgrenhado e ar meio cansado.
“Como é que
cê vai?”
“Assim,
assim...”, responde, meio-desanimado, o vira-lata.
“Francamente,
não te entendo...”
“Tô vendo
que as coisas andam bem pra ti”,
suspira, desalentado, o cão de rua.
“É verdade...
E não me falta nada...”
Admirando-lhe o
aspecto, o olhar do vira-lata se detém na fita de couro lustroso, que
o seu conhecido leva no pescoço.
“O que é
isso?”, pergunta ele.
A
indagação perturba o outro.
“Nada de
mais...”
“Podia me
dizer o que é?”, insiste o vira-lata.
Com ar
meio desenxabido, o cachorro gordo confessa:
“É uma
coleira. Serve para atar a correia quando o dono me leva com ele...”
“Ah, agora entendi... A coleira é a
marca do dono e da tua falta de liberdade...”
* *
A fábula
é antiga, mas a sua veracidade continua nossa contemporânea. Exemplo disso foi o comportamento da Controladoria-Geral
da União. Apesar de haver recebido a 27 de agosto de 2014 de Jonathan Taylor,
ex-executivo da empresa holandesa SBM, um dossier com provas de corrupção entre
a Petrobrás e a dita SBM, a saber contratos com o lobista Julio Faerman, elo
entre as duas empresas, a CGU só divulgou o processo a doze de novembro.
Para o
delator J. Taylor, o atraso da CGU foi proposital, com o escopo de evitar
quaisquer danos à campanha de reeleição de Dilma Rousseff.
Apesar
do nome pomposo, a autonomia da Controladoria-Geral da União depende da
escala hierárquica. Uma reles ONG teria
outra desenvoltura, porque não tem satisfações a dar a ninguém, salvo à própria
consciência...
( Fonte: Folha de S.
Paulo )
Nenhum comentário:
Postar um comentário