domingo, 19 de abril de 2015

Colcha de Retalhos C 14

                                   

Violência na Ucrânia

 
      Pistoleiros mataram na última quinta-feira, dezesseis de abril, o jornalista Oles Buzina. Conhecido por sua posição pró-Rússia, Buzina se opusera aos protestos na Praça Maidan que levaram à queda do regime de Viktor Yanukovich.

      Nesta sexta-feira, em ação similar à anterior, um parlamentar igualmente pró-Rússia, foi abatido.

       A reação do presidente ucraniano, Petro O. Poroshenko, foi pronta. Qualificou os assassinatos como ‘provocações conscientes’, que se destinavam a desestabilizar a política interna na Ucrânia.

       Por sua vez, o presidente Vladimir V. Putin acusou o governo de Kiev de permitir ‘uma política de violência contra partidários da Administração anterior’.

 

O  Dia  de  Titio  Putin[1]

 
      É uma das características do regime de Vladimir Vladimirovich Putin uma sessão anual de perguntas do Povo russo, feitas através de chamadas telefônicas, ao seu Presidente.

      Desta feita, gospodin Putin respondeu – à sua maneira – a cerca de setenta perguntas de russos, vindas de todo o vasto território da Federação Russa.

       Como assinalado pelo despacho do New York Times, não faltaram os ataques a Washington e à Administração Obama. Os principais foram:  culpou os  Estados Unidos pelo crescimento do Estado Islâmico (ISIS), notadamente pela desestabilização do Iraque após a queda de Saddam Hussein; e acusou o governo estadunidense de pressionar líderes mundiais a não comparecerem à celebração em Moscou do 70° aniversário do fim da Segunda Guerra Mundial.

       No ano anterior Putin trombeteara a anexação da Criméia, e aludira ao desígnio de ‘proteger’ gente de fala russa em territórios vizinhos à Rússia. Essa rationale servira para coonestar a política de agressão branca à Ucrânia, seguindo o exemplo de Catarina a Grande.

       Neste ano, entraria em cena Papai Putin o amante da paz. O Presidente russo assegurou que Moscou não tem ambições imperiais, e que ele pode assegurar para o povo que vive nos países próximos (o chamado “próximo estrangeiro” na expressão russa) da antiga União Soviética, quanto ao incremento da colaboração e cooperação.

       Dentro dessa versão pacífica de Papai Putin, ele declarou não ver motivo porque a administração municipal de Moscou continue a retirar flores e flâmulas que vem sendo colocadas por populares no local aonde foi morto Boris Nementsov em fevereiro último. E acrescentou que falaria nesse sentido ao Prefeito da Capital.

       Provavelmente em razão da deterioração da situação econômica na Rússia – devida sobretudo ao despencar da cotação do petróleo, que é a matéria prima básica nas exportações de sua balança comercial – houve um incremento nas perguntas com viés crítico.  Na em geral bem-comportada mídia russa, o jornalista televisivo Kirill Kleymenov colocou perguntas difíceis. Quando este jornalista caracterizou a política básica de Putin nessa relevante questão como se fundada na espera de que o preço do petróleo suba, o presidente inquinou a pergunta como ‘demasiado crítica’.

        Sabedor da relevância que o povo russo atribui às questões econômico-financeiras -  a amarga lembrança das desastradas reformas econômicas do tempo de Boris Ieltsin, e a sua mal-avisada política de choque capitalista, que levou a uma década de instabilidade e pobreza – Putin cuidou de tranquilizar o seu eleitorado, com expressões do gênero: para operar de forma competente em economia é necessário um cérebro, mas também um coração para  sentir como vive o homem comum.

 
Pílulas


 *         Fred não jogou contra o Botafogo, por ter sido suspenso pela Justiça Esportiva por motivo de declarações suas a respeito de decisões de paredros. Creio que vivemos em um país livre, em que as pessoas podem expressar as suas opiniões. Justiça Desportiva se deve cingir ao esporte em tela (fouls em campo, ofensas ao árbitro, comportamento antidesportivo no campo, coisas do gênero). Com a suspensão, o tribunal influenciou no resultado do jogo. Mas mesmo que não influenciasse,  sua intervenção foi descabida. Já é mais do que tempo de colocar um pouco de democracia também no futebol.  

*              Ora vejam só.   A manchete de O Globo diz que “Petrobrás escondeu US$ 8 bi da Fiscalização – TCU afirma que registros financeiros do complexo são inconsistentes ( Estatal informou despesa de US$ 13,3 bi em 2014, mas Tribunal constatou  que o gasto era de US$ 21,6 bi).

*            Segundo O Globo, o Ministro Augusto Nardes do TCU afirmou que Dilma pode ser responsabilizada legalmente pelas ‘pedaladas’ nas contas do Governo em 2014. Na Sexta, os Ministros da Justiça, José Eduardo Cardozo, e da Advocacia-Geral da União, Luis Inácio Adams saíram em defesa da Presidenta, dizendo que ela não (sic) era responsável  pelas manobras econômicas. 

                      Quanto à eventual responsabilização pelas ‘pedaladas’ de  Dilma, o Ministro Nardes declarou: “ Sim, poderá acontecer se ficar comprovada (a participação dela).  Vai depender das oitivas de ministros e de autoridades envolvidas no caso.”

          

*              Segundo a coluna de Miriam Leitão (O Globo dominical), o passado voltou a ser incerto no Brasil. A expressão, que nasceu na esteira da limpeza dos armários no governo FHC é, de novo, atual.  FHC tirou esqueletos da época do regime militar. O relatório do TCU mostra que as trapalhadas fiscais deixaram o rastro da incerteza nas contas do governo.  A dívida pública pode subir se forem contabilizados todos os novos passivos.

 

*              Segundo a revista Época, o ex-Ministro Antonio Palocci recebeu R$ 12 milhões de empresas em 2010, quando coordenou a campanha da candidata à Presidente Dilma Rousseff. O montante é considerado suspeito pelo Ministério Público Federal. Segundo a revista, o ex-Ministro atuou como arrecadador  informal da petista, ao lado do ex-tesoureiro do PT, João Vaccari Neto, que está preso.

 

*                      A coluna de Merval Pereira de hoje registra um notável cochilo de duas dílmicas autoridades:  “Para se defender da acusação grave do TCU de que feriu  a Lei de Responsabilidade Fiscal com as famosas ‘pedaladas contábeis’,  o PT se saíu com uma explicação pueril  pelas bocas nada infantis do ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, e do advogado-geral da União, Luís Inácio Adams. Os dois, sem poder desmentir as estripulias nas contas públicas,  defenderam-se alegando que a mesma prática existia  desde 2001, isto é, desde o segundo governo de FHC, justamente o implementador da Lei de Responsabilidade Fiscal que deu organização  fundamental às contas públicas nacionais.

                            A admissão de culpa  oficial só fez  piorar o quadro, pois deveriam saber as duas autoridades do governo petista que cuidam das leis que um crime não justifica outro, e que o fato de outros governos terem cometido o delito – o que os tucanos negam enfaticamente – em nada ajuda a absolver o governo petista”.

         

*                          A Folha de S. Paulo noticia em primeira página: “Indefinição de Dilma  emperra atuação de agências reguladoras – Falta de nomeação de gestores trava órgãos e dá margem a contestação judicial de decisões de interinos, diz TCU”

 

 

( Fontes:  The New York Times, O Globo, Folha de S. Paulo )       



[1] 5ª. Feira, 23 de abril.

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