Violência na Ucrânia
Nesta
sexta-feira, em ação similar à anterior, um parlamentar igualmente pró-Rússia,
foi abatido.
A reação do
presidente ucraniano, Petro O. Poroshenko, foi pronta. Qualificou os
assassinatos como ‘provocações conscientes’, que se destinavam a desestabilizar
a política interna na Ucrânia.
Por sua vez, o
presidente Vladimir V. Putin acusou o governo de Kiev de permitir ‘uma política
de violência contra partidários da Administração anterior’.
Desta feita,
gospodin Putin respondeu – à sua maneira – a cerca de setenta perguntas de russos, vindas de todo o vasto território da
Federação Russa.
Como assinalado
pelo despacho do New York Times, não
faltaram os ataques a Washington e à Administração Obama. Os principais
foram: culpou os Estados Unidos pelo crescimento do Estado
Islâmico (ISIS), notadamente pela desestabilização do Iraque após a queda de
Saddam Hussein; e acusou o governo estadunidense de pressionar líderes mundiais
a não comparecerem à celebração em Moscou do 70° aniversário do fim da Segunda
Guerra Mundial.
No ano anterior
Putin trombeteara a anexação da Criméia, e aludira ao desígnio de ‘proteger’
gente de fala russa em territórios vizinhos à Rússia. Essa rationale servira para
coonestar a política de agressão branca à Ucrânia, seguindo o exemplo de
Catarina a Grande.
Neste ano,
entraria em cena Papai Putin o amante da paz. O Presidente russo assegurou que
Moscou não tem ambições imperiais, e que ele pode assegurar para o povo que vive
nos países próximos (o chamado “próximo estrangeiro” na expressão russa) da
antiga União Soviética, quanto ao incremento da colaboração e cooperação.
Dentro dessa versão pacífica de Papai Putin,
ele declarou não ver motivo porque a administração municipal de Moscou continue
a retirar flores e flâmulas que vem sendo colocadas por populares no local
aonde foi morto Boris Nementsov em fevereiro último. E acrescentou que falaria
nesse sentido ao Prefeito da Capital.
Provavelmente
em razão da deterioração da situação econômica na Rússia – devida sobretudo ao
despencar da cotação do petróleo, que é a matéria prima básica nas exportações
de sua balança comercial – houve um incremento nas perguntas com viés
crítico. Na em geral bem-comportada
mídia russa, o jornalista televisivo Kirill Kleymenov colocou perguntas
difíceis. Quando este jornalista caracterizou a política básica de Putin nessa
relevante questão como se fundada na espera de que o preço do petróleo suba, o
presidente inquinou a pergunta como ‘demasiado crítica’.
Sabedor da relevância que o povo russo
atribui às questões econômico-financeiras -
a amarga lembrança das desastradas reformas econômicas do tempo de Boris
Ieltsin, e a sua mal-avisada política de choque capitalista, que levou a uma
década de instabilidade e pobreza – Putin cuidou de tranquilizar o seu
eleitorado, com expressões do gênero: para operar de forma competente em
economia é necessário um cérebro, mas também um coração para sentir como vive o homem comum.
Pílulas
* Fred não jogou contra o Botafogo, por
ter sido suspenso pela Justiça Esportiva por motivo de declarações suas a
respeito de decisões de paredros. Creio que vivemos em um país livre, em que as
pessoas podem expressar as suas opiniões. Justiça Desportiva se deve cingir ao
esporte em tela (fouls em campo,
ofensas ao árbitro, comportamento antidesportivo no campo, coisas do gênero).
Com a suspensão, o tribunal influenciou no resultado do jogo. Mas mesmo que não
influenciasse, sua intervenção foi descabida.
Já é mais do que tempo de colocar um pouco de democracia também no futebol.
* Ora vejam só. A manchete de O Globo diz que “Petrobrás escondeu US$ 8 bi da Fiscalização
– TCU afirma que registros financeiros do complexo são inconsistentes ( Estatal
informou despesa de US$ 13,3 bi em 2014, mas Tribunal constatou que o
gasto era de US$ 21,6 bi).
* Segundo
O Globo, o Ministro Augusto Nardes do
TCU afirmou que Dilma pode ser responsabilizada legalmente pelas ‘pedaladas’
nas contas do Governo em 2014. Na Sexta, os Ministros da Justiça, José Eduardo
Cardozo, e da Advocacia-Geral da União, Luis Inácio Adams saíram em defesa da
Presidenta, dizendo que ela não (sic) era responsável pelas manobras econômicas.
Quanto à eventual responsabilização
pelas ‘pedaladas’ de Dilma, o Ministro
Nardes declarou: “ Sim, poderá acontecer se ficar comprovada (a participação
dela). Vai depender das oitivas de
ministros e de autoridades envolvidas no caso.”
* Segundo a coluna de Miriam Leitão (O
Globo dominical), o passado voltou a ser incerto no Brasil. A expressão, que
nasceu na esteira da limpeza dos armários no governo FHC é, de novo,
atual. FHC tirou esqueletos da época do
regime militar. O relatório do TCU mostra que as trapalhadas fiscais deixaram o
rastro da incerteza nas contas do governo.
A dívida pública pode subir se forem contabilizados todos os novos
passivos.
* Segundo
a revista Época, o ex-Ministro Antonio Palocci recebeu R$ 12 milhões de
empresas em 2010, quando coordenou a campanha da candidata à Presidente Dilma
Rousseff. O montante é considerado suspeito pelo Ministério Público Federal.
Segundo a revista, o ex-Ministro atuou como arrecadador informal da petista, ao lado do ex-tesoureiro
do PT, João Vaccari Neto, que está preso.
*
A coluna de Merval Pereira de hoje registra um notável cochilo de duas
dílmicas autoridades: “Para se defender
da acusação grave do TCU de que feriu a
Lei de Responsabilidade Fiscal com as famosas ‘pedaladas contábeis’, o PT se saíu com uma explicação pueril pelas bocas nada infantis do ministro da
Justiça, José Eduardo Cardozo, e do advogado-geral da União, Luís Inácio Adams.
Os dois, sem poder desmentir as estripulias nas contas públicas, defenderam-se alegando que a mesma prática
existia desde 2001, isto é, desde o
segundo governo de FHC, justamente o implementador da Lei de Responsabilidade
Fiscal que deu organização fundamental
às contas públicas nacionais.
“ A admissão de culpa oficial só fez piorar o quadro, pois deveriam saber as duas
autoridades do governo petista que cuidam das leis que um crime não justifica
outro, e que o fato de outros governos terem cometido o delito – o que os
tucanos negam enfaticamente – em nada ajuda a absolver o governo petista”.
* A Folha de S. Paulo noticia em primeira
página: “Indefinição de Dilma emperra
atuação de agências reguladoras – Falta de nomeação de gestores trava órgãos e
dá margem a contestação judicial de decisões de interinos, diz TCU”
( Fontes:
The New York Times, O Globo, Folha de S. Paulo )
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