Lula e a Lava-Jato
A Veja
que está nas bancas volta a acenar com a possível implicação de Lula na
operação Lava-Jato.
Uma vez
mais, se repete o sensacionalismo da chamada de capa: “Exclusivo Operação
Lava-Jato – EMPREITEIRO ARRASTA LULA PARA O MEIO DO ESCÂNDALO”.
Mas
ainda na capa, o leitor atento terá indicações de que as coisas não estão nos finalmente:
“Preso,
Léo Pinheiro, da OAS, ameaça contar à Justiça o que sabe sobre petrolão – e seu alvo é o ex-presidente”
Anteriormente o cenário não foi
muito diverso com o empreiteiro Ricardo
Pessoa, da UTC, que continua preso (por ameaçar uma testemunha) e faz ameaças
veladas, inclusive deixando escapar pistas dos danos que pode causar a Lula e outros
poderosos. Mas até o presente, como no caso hodierno, não há nada de concreto.
Será que o 7x1 vai passar em branca nuvem ?
Que o futebol brasileiro já não apresenta a
excelência da seleção de 1970, não é
mistério para ninguém. Chegou-se, inclusive, a convocar para técnico o
conhecido Dunga, que falhara estrepitosamente na Copa da África do Sul. Por
motivos ignotos, com exceção de uns poucos bom jogadores, ele parecia não
querer muitas estrelas no time, e quando bateu a sorte madrasta, no jogo com a
Holanda, em hora difícil diante da expulsão (merecida) de um jogador, ele olhou
para o banco e não havia ninguém (que estivesse à altura).
Por
enquanto, as coisas avançam nos conformes na atual seleção, que tem vencido
todos os confrontos (alguns importantes, como Argentina e França). Mas Dunga continua a prestigiar a base que
foi derrotada (e vexaminosamente) pela Alemanha. Tem chamado um que outro valor, mas a minha
pergunta é por que não Ganso,
que traz um aporte que não apareceu na Copa do Brasil (era grande a dificuldade
da seleção municiar o ataque).
Refiro-me a um jogador de meio-campo, que faça a ligação com o ataque.
Todos sabemos que Dunga não gosta de grandes craques. Talvez porque não tenha
sido um, e mesmo assim participou do tetra. Mas ali, não se esqueçam, havia
Romário, Bebeto e Taffarel.
Se Zagalo, por exemplo, se
tivesse guiado pelo realismo e não por questões pessoais, Romário teria sido
mantido na seleção e talvez a final com a França terminasse de outro modo.
Se
a Copa no Brasil mostrou alguma coisa, é que os nossos craques escassearam.
Ficou impossível ganhá-la apenas com um grande jogador. Aliás, desde o começo,
com a pífia apresentação perante a Croácia, a seleção já mostrara que seria
difícil levar o caneco, com scratchs como o da Alemanha e o da Holanda,
justamente os dois que nos venceram.
Mas tudo continua na mesma. A CBD continua a cuidar de forma feudal de nosso futebol. O Sete
a Um não aconteceu por acaso. A Alemanha já mostrara com Portugal como atua
se o time adversário não dá atenção especial à defesa.
A
modestíssima Argélia – e não é a primeira vez que a isso me refiro – deu uma
senhora surpresa no bicho-papão teutônico em Porto Alegre. Com jogadores limitados,
mas esforçados e integrados em ótimo esquema tático, neutralizaram durante os
dois tempos regulamentares o esquadrão germânico. Além disso, com plano de
ataques pelas pontas, levaram por vezes perigo à fortaleza alemã.
E
o técnico da seleção argelina tinha uma equipe incomparavelmente inferior aos
adversários, mas que cumpria, com lealdade na cancha, os ditames do seu
orientador, e se houve de tal forma, que foi abraçada pela torcida gaúcha, tão
surpresa quanto eu, da maneira com que os argelinos – que não são exatamente
grandes azes – conseguiram controlar o bicho-papão da RFA, que ao entrar em campo
o fez com a arrogância de quem espera impor goleada ao time adversário.
A
lição que nos deu a seleção argelina foi simples, Para enfrentar a Alemanha, se
precisa ter uma idéia na cabeça, e executá-la com firmeza. A lição de Glauber
vale para o futebol.
O
futebol brasileiro continua a exportar muitos jogadores e a ornar o Bayern, o Barcelona e os times ingleses
e franceses, entre outros, com bons elementos. Mas a seleção não é mais
aquela de 1970, sem falar na de 1958. Neymar era seu único grande valor e, quando se depende de um só, fica mais fácil
para as botinadas dos adversários desleais, como essa última Copa quase mostrou
(porque com a Colômbia, por exemplo, a boçal deslealdade com Neymar não seria
determinante para o resultado).
Com o desastre de Belo Horizonte – e o fato de havermos sofrido a maior
goleada da Copa do Brasil - tudo continua como dantes no quartel de
Abrantes.
Longe, muito longe da
necessidade de que se analise e se faça um exame de fundo na situação,
continuamos com a CBF ancien régime[1]. O Senhor Marco Polo del Nero sucede a
José Maria Marin, que tinha substituído Ricardo Teixeira, o ex-genro de Jean
Marie Havelange. Os paredros do futebol parecem configurar uma aristocracia que nada ou muito pouco tem
a ver com o realidade e os desafios do Brasil como potência nos campeonatos mundiais. Não é por acaso
decerto que somos o único país que esteve presente em todos os mundiais, e que
por outro lado fornece jogadores a diversas seleções que atuam nas Copas,
inclusive com trocas de nacionalidade à última hora.
O
esquema Felipão foi construído em base de um sonho – i.e., a repetição de 2002,
quando vencemos a Alemanha na Final. Mas
apesar de não trazermos Romário, tínhamos Rivaldo e Ronaldo, que, no ataque,
bastaram para o penta.
Agora, é estranhável que depois do desastre de Belo Horizonte,
continuemos o esquema anterior, como se a goleada humilhante de sete a um (e os
alemães, segundo declararam muito depois, tiveram pena do time canarinho e, por
isso, não forçaram mais para que a humilhação não passasse para o achincalhe)
fosse um simples acidente de percurso.
É notório que há um ambiente circense a rodear a seleção. Os comentários
são de cortesão. Entramos em campo sem esquema defensivo para valer. Felipão
mostrou estar superado pela catástrofe. Enquanto a pequena Argélia perderia da
pujante Alemanha por 2x1 (todos os gols feitos na prorrogação), a nossa defesa
ruíu por inteiro e em cinco minutos, quatro gols foram marcados, tornando a
partida praticamente um jogo amistoso, eis que tudo já estava decidido.
Felipão se mostrou totalmente perdido – porque a velha máxima do
pugilismo vale também para o soccer:
só se vai a nocaute por um soco que não
se sabe de onde saíu – e nada fez para remontar os pedaços que restavam de o
que era apresentado como o favorito para a Copa...
Se a desmoralização do técnico e da seleção, no próprio campo
nacional, pelo maior escore de toda a Copa, não é reputada como bastante para a convocação dos estados-gerais do futebol, com uma discussão para valer sobre o quê fazer, e
ao contrário, se opta silenciosamente por mais do mesmo, o que se pode esperar
da próxima Copa?...
Um comentário:
O meu desgosto com a desconstrução do futebol brasileiro fez com que eu não tome conhecimento das movimentações da atual seleção. Para mim é como se não existisse.
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