O ministro do exterior da
Lituânia, Linas Linkevicius visitou oficialmente o Brasil nesta semana.
A estranha
guerra movida por Vladimir V. Putin contra a Ucrânia – a que esta coluna vem
dando uma atenção, que não parece merecer do Ocidente preocupação
equivalente - foi o objeto principal da
viagem de Linkevicius.
Tendo
presentes as desastradas intervenções da Presidente Dilma Rousseff, seja
avalizando nas Nações Unidas a anexação da Crimeia, seja sinalizando a
desimportância da Ucrânia para o Brasil, não terão constituído para o fim
anunciado da visita de Linkevicius um sinal encorajante.
Se por um
lado é público e notório o pouco apreço que a Presidenta tem pelo Itamaraty e a
política externa – a ponto de cortar o orçamento da Casa de Rio Branco a tal
extremo, que beira o irracional, nos jogando no abismo dos devedores, sem
fundos nem para pagar a contribuição para as Nações Unidas – de outro lado, ela
sequer atenta para a nossa Constituição, ao ignorar os recentes atos de
desrespeito ao direito internacional público por parte do presidente russo.
O recado do
chanceler lituano é previsível. No seu entender, a Europa precisa ampliar o
apoio militar à Ucrânia e buscar isolar o regime de Putin, por meio da comunidade
internacional.
No
presente, o que se assiste é, na prática, a inação da União Europeia. A
Alemanha e a França, que participaram das negociações do cessar-fogo de Minsk
(2ª Versão), por intermédio da Chanceler Angela Merkel e o Presidente François
Hollande, não passaram exatamente a Putin uma linha de firmeza na defesa da
agredida Ucrânia do Presidente Poroshenko.
Em termos
de ajuda militar à Kiev, a posição da Chanceler Merkel (a que adere Hollande) é
de na prática negá-la, porque a assistência fica no setor humanitário, chegando
ao cúmulo de sequer disponibilizar material militar de caráter defensivo.
A esse
propósito, é interessante ter presente as declarações de Linkevicius: “Não
estamos fazendo o suficiente, precisamos de mais alternativas. Precisamos fazer mais. O apoio dado ao
exército ucraniano é muito débil, e as milícias pró-Rússia são mais bem
equipadas que muitas forças armadas europeias.”.
Para o
chanceler Linkevicius, seria impossível e tampouco desejável o rompimento total
com Moscou. Não obstante, ele está convencido de que Putin precisa ter seus movimentos
restringidos. Nesse sentido, o ministro
do exterior lituano preconiza mais sanções econômicas e o isolamento político
do Russo: “Ele não pode sair em fotografias pelo mundo como se tudo estivesse
dentro da normalidade.”
Apesar de teoricamente protegidos
pela participação na OTAN, os países bálticos temem ser a próxima bola da vez no expansionismo
imperialista promovido pelo regime autoritário de gospodin Vladimir Putin. Nesse contexto, carece ter presente a
respectiva população de origem russa – que está sendo decerto instrumentalizada
pelo Kremlin no que tange a sua guerra larvar contra a Ucrânia. A Lituânia
é a que possui a situação demográfica mais confortável, eis que apenas 6% de
sua população de três milhões é de origem étnica russa. Já na vizinha Letônia, essa minoria ascende a 27% da
população, e na Estônia, que é o
terceiro estado báltico, este ominoso percentual vai para cerca de 25%
Dado o animus restaurandi do regime autoritário e cleptocrático de
Vladimir Putin, essa inquietude dos países bálticos é bastante
compreensível. O que não é inteligível é
a postura tíbia e pouco enérgica – que relembra a política de apaziguamento de
Neville Chamberlain [1]e Edouard
Daladier[2] às
vésperas da Segunda Guerra Mundial – que o Ocidente vem adotando no que tange
ao Senhor do Kremlin.
(
Fonte: Folha de S. Paulo )
Nenhum comentário:
Postar um comentário