O Google me
relembra o que escrevi no blog em
2008, então a respeito da seleção: um
fraco rei faz fraca a forte gente.
Esse verso camoniano, Brizola o citava amiúde. E ele, infelizmente, continua
atual, feita a mudança de gênero.
Assim, o Banco
Central eleva mais uma vez a Selic, a
taxa básica de juros em nossa economia, que salta de 12,75% a 13,25 ao ano.
Haverá decerto choro e ranger de dentes. É a quinta alta consecutiva acordada
pelo Copom (Comitê de Política
Monetária) e o maior patamar desde janeiro de 2009.
Note-se que tal
nível nos transporta à grande crise global, desfechada pela consentida falência
do Banco Lehman Brothers. Como a
inflação continua subindo – ultrapassou os oito por cento a.a., como ontem
assinalado – o único instrumento de controle ativo da carestia é a taxa de
juros do Banco Central.
Com isso se
desestimula o crédito bancário, eis que os financiamentos se tornam mais caros.
Em época recessiva, o vale de lamentações – sobretudo sindicais – há de
tornar-se mais vocal.
Há muito
anunciada – e com as suas feias feições à mostra – a inflação continua subindo,
máxime no ramo dos serviços, que é o que mais pensa ganhar à custa da carestia.
Volta aquela que nunca partiu – e eis um dos erros do Plano Real – a sopa
indigesta dos números da profusão de índices. O dragão que nos infernizou a
vida nos anos oitenta e noventa, acreditamos que fosse partido.
O problema de
seu renascimento se deve sobretudo ao egoísmo de Lula da Silva, que impingiu ao
eleitorado brasileiro o primeiro poste (dos quais até pouco ele se gabava),
eleita em 2010 o que os nordestinos chamaram com irônica presciência de a Mulher do Lula. Criatura dele, pensara
quem sabe instituir por aqui o Maximato
de Plutarco Elías Calles no México. Com
uma presidente fraca, pensara continuar governando.
No que deu,
sabemos nós muito bem, talvez demasiado bem. Mas não adianta chorar sobre o
leite derramado. O único propósito seria que não o derramássemos mais. Sem embargo, com a ajuda do marqueteiro João
Santana e do aparelhamento do Estado – não se esqueçam do direito de resposta
que o TSE negou à Marina, que sequer absurda acusação pôde rebater – Dilma logrou
superar, com mentiras e cara de pau, a barreira do segundo turno, vencendo por
3% o antagonista Aécio Neves.
Aí, os deuses
quiseram que os céus caíssem só depois da suada reeleição. Comprovadas as
mentiras e descobertos os escândalos – notadamente o Petrolão – a antiga
motoniveladora do primeiro mandato transformou-se em tratorzinho de segunda
mão, incapaz de arar tanta desconfiança e tanta raiva do povão, ao sentir-se
mais do que engodado, ludibriado.
E o
derretimento de Dilma Rousseff ainda não terminou. Se o PSDB de Aécio se decidir pelos ínvios
caminhos do impeachment ainda é um segredo do Olimpo. O retrospecto não é bom,
porque essa grei às vezes mais detesta o companheiro de partido do que o
adversário político. E por isso pode ser presa fácil – como o foi com Lula da
Silva em 2006 – e então por que não
seria de novo?
A fraqueza
da timoneira é um peso, menos para o Partido dos Trabalhadores (que de alguma
forma a inventou) do que para a Nação brasileira.
Dessarte as
maiorias de papier-maché que o mago Lula e a magna gestora Dilma construíram se
desfizeram no primeiro embate congressual. Eduardo Cunha e o PMDB varreram com
facilidade o candidato da suposta maioria, Arlindo Chinaglia (PT/SP). Desfeito
o sonho, nossa rainha caíu no inferno astral, em que hoje se debate.
Nunca, em
tão pouco tempo, a primeira mandatária da Nação mergulhou em tal pântano.
A ponto de ver-se tangida a terceirizar
o poder, que entrega nas mãos do PMDB, seja com Cunha e Renan, no Legislativo,
e Michel Temer, como coordenador
político. A todos esses movimentos, correspondera uma ação inicial do Planalto,
eivada da medíocre incompetência, seja de áulicos, seja de canastrões.
Na Fazenda,
está o competente Joaquim Levy (e no Planejamento Nelson Barbosa). Mas a falta de liderança de Dilma Rousseff e
a fraqueza de seu governo, ativa a formação de blocos e facções contrárias, que
já não lhe temem. A situação falimentar da economia – que forçou a convocação
de Levy – carece de um ajuste fiscal.
Para implementá-lo, no entanto, careceríamos de uma Presidente com força
e liderança, e essa pelo visto sumiu depois do triunfo nos dois turnos (e os
escândalos como contraponto)
Assim,
como bem resume a Folha, caíu de R$ 18 bilhões para R$ 7,7 bilhoes a economia
que o governo petista pensara realizar em 2015, com mudanças nas regras de
acesso a benefícios sociais (nos governos anteriores de Lula e Dilma se
multiplicaram as benesses de forma inaudita, que não se vê alhures)
Com a
inaudita fraqueza de Dilma, a negociação coube ao Ministro da Fazenda, que se
tinha a energia, não possuía os votos para montar o Ajuste em termos cabíveis e
suportáveis pela economia. Assim, a economia prevista – e necessária – para
repor a economia em condições só terá efeito em 2016.
Por
outro lado, cai de R$ 18 bilhões para R$ 7,7 bilhões a economia prevista pelo
Governo em 2015, com as mudanças nas regras de acesso a benefícios sociais.
Juntam-se fraqueza governamental e demagogia anterior, e continua por
isso o risco de o país perder o selo de bom pagador volta a galope, nas
palavras do Ministro Joaquim Levy.
Mas a
aliança da turminha parlamentar e das centrais sindicais acredita na chamada da
Terra da Cuccagna, que não ficaria só na Itália. Tudo ela pode dar, mesmo sem
trabalho e sem a devida economia. Para eles, na fábula, quem leva a melhor é a
cigarra e nunca a formiga...