Colônia
britânica até 1997, Hong Kong é hoje região administrativa especial na
República Popular da China que, com 7,1 milhão de habitantes, goza de situação excepcional em relação à
RPC.
Na parte
continental, vige uma férrea ditadura. O
estado policial é enfatizado pela punição infligida a Liu Xiabo, Prêmio Nobel da Paz (2010),
condenado a onze anos de prisão no norte interiorano da China. Por isso, segundo um humorista sublinhou, a RPC é a única nação no
Universo que tem um Prêmio Nobel preso! Ao ver-se a chamada Carta 2008, com
as débeis e bem-comportadas reivindicações de direitos democráticos por Liu
Xiaobo verifica-se o grande temor do estamento dirigente chinês diante da democracia. A
sua esposa, Liu Xia se acha em virtual prisão domiciliar.
Corre no
‘império do meio’ o boato que foi engavetado, por ordem dos gerarcas do poder,
o resultado de pesquisa de opinião que assinalava a desejada meta da ‘democracia’ e
a sinalização do principal mal na China, i.e., a ‘corrupção’. Isso mostra que o povo chinês não é burro,
nem ignora os males da ditadura de partido a que está por infindas décadas submetido.
Como Hong Kong gozava
de ampla democracia quando foi devolvido à China, estabeleceu-se regime
especial para a antiga colônia britânica.
Apesar das
concessões feitas, Beijing tem procurado ao longo dos anos aumentar o
respectivo controle (através de prepostos), com a consequente redução das
franquias democráticas.
Por
conseguinte, a China Continental tem envidado esforços continuados no sentido
de cercear as liberdades em Hong Kong. Nesse sentido, o atual chefe do
executivo local – Leung Chun-ying – foi eleito em 2012 com 689 votos (em um
total de 1.200 eleitores)!
Dadas as
regalias democráticas que presidiram ao entendimento, esse estreitamento do
colégio eleitoral implica em
descumprimento de tais condições. Por força disso, o líder de Hong Kong seria
escolhido em 2017 por sufrágio universal. Essa disposição (de 2007) teve, no
entanto, o seu espírito democrático
desvirtuado, eis que em agosto último Beijing determinou que somente os
candidatos aprovados por um comitê eleitoral teriam os nomes nas cédulas de
votação.
Tal restrição
autoritária é inaceitável para os
ativistas (pois quem indicaria os membros do dito comitê seria o governo de
Beijing). As manifestações democráticas do ‘Occupy Central’ tem multitudinário
apoio na população da região administrativa.
Houve
diversos confrontos com a polícia (41 feridos) e 78 detidos. A Occupy Central, que é a organização
pró-democracia mais importante da ilha, teve o termo respectivo bloqueado no
Weibo (a versão chinesa do Twitter). Também o Instagram, que é usado pelos
manifestantes para compartilhar imagens dos protestos, sofreu igual
censura de Beijing.
No
momento, os protestos pró-democracia em Hong Kong continuam crescendo. Depois
de apelar para a repressão, o governo regional recuou, e retirou a polícia das
ruas. Em troca, o governo de Hong Kong
pediu aos manifestantes “que liberem as ruas ocupadas o mais rápido possível,
para dar passagem aos veículos emergenciais assim como restabelecer os serviços
de transporte público.” A solicitação,
no entanto, foi ignorada.
Existe a
convicção entre os líderes da manifestação que somente através da pressão do
número (em que está a força respectiva) se poderá obter a compreensão da
autoridade central.
Como não é
de surpreender, os protestos maciços da população de Hong Kong tem recebido
escassa atenção no resto da China. Com a respectiva aguda sensibilidade à
ameaça democrática, o Governo de Beijing só divulga as condenações rituais às
manifestações, pela autoridade regional (largamente superada pelos eventos).
Por sua vez,
a Casa Branca, através do porta-voz Josh Earnest, afirmou que os Estados Unidos
apoiam “o sufrágio universal e as
aspirações do povo de Hong Kong”.
( fonte: Folha de são Paulo)
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