O marqueteiro João Santana será mesmo um mágico,
na verdade um taumaturgo? Segundo corre a lenda, ou a história – a presidente Dilma
Rousseff o consulta em tudo que diga respeito à comunicação política, e
a sua palavra tem peso determinante.
Sendo um contratado permanente do
PT, tanto Lula, quanto Dilma tendem a seguir-lhe à risca as indicações. Por uma
questão de experiência – e diria até de personalidade – é de supor-se que com a
discípula a palavra do marqueteiro pese ainda mais.
Consoante a revista VEJA, o crescimento inicial da
candidatura de Marina motivou reunião do alto comando petista, que decidiu por
uma reação forte. Há muitas maneiras de formular campanha política de crítica a
candidaturas adversárias.
Experiente no mister, Santana sabe
como deva proceder. E não há para ele melhor situação do que agora, diante da
brutal diferença nos tempos respectivos para a propaganda da candidata do PT (onze minutos) e para Marina, com risível
espaço em torno de dois minutos.
As condições do êxito desta publicidade
agressiva e de ataque, além da habilidade do marqueteiro e da disforme
distribuição de tempo (que suscitaria, de certo, em outros rincões contestações
constitucionais) também pressupoem um firme dispositivo jurídico-institucional que
preserve indenes e sem qualquer retificação os filmetes de Santana.
Quais são os públicos-objetivo de
Santana ? Precipuamente as classes C, D
e E, que são tidas como mais vulneráveis em termos de conhecimento político, a
par do temor quanto a preservação de seus benefícios (bolsa família, etc.). Por
isso o marqueteiro não pode ser sutil, e o enfoque tem que ser grosso, tosco e primário. É
tautológico, portanto, que tem de carregar nas tintas, abandonar qualquer
sutileza, para transmitir a sua mensagem ao povão.
Grita aos céus, portanto, que a declamada
habilidade do mago João Santana pressupõe não só um espaço de tempo
desproporcional àquele concedido à candidata Marina, senão e a fortiori um cenário político-jurídico que não vê problemas com esse tipo de temática
simplista, deformativa e mesmo fora da realidade constitucional brasileira. Se
as condições fossem outras – e aqui não falo sequer do tempo alocado à
candidata do esquemão do poder petista e aquela do PSB – a desenvoltura do
senhor Santana tenderia a ser cerceada, com a poda de todos os eventuais
acréscimos distorsivos nessa propaganda virulenta.
É tão grande a investida do
‘magico’ Santana, que ele até se pode dar ao luxo de ver cortado aqui e ali
algum contrapeso, pois na prática as cancelas estão todas abertas e de par em
par.
No entanto, esses avanços nas
prévias, obtidos nas condições acima enunciadas, não impedirão a candidata do líder máximo de acabar morrendo na
praia. Com toda a desigualdade imperante no primeiro turno, e a reação oficial
arrancada a ferro e fogo, o curriculum-vitae
do marqueteiro assinalaria assim em nota de pé de página a inegável habilidade
e o denodo do profissional, posto que não tenha logrado a reeleição, que é o
objetivo precípuo e primordial de toda essa campanha política...
( Fontes: VEJA,
Folha de S. Paulo, O Globo )
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