sábado, 20 de setembro de 2014

Uma Estória Anunciada

                        

           O marqueteiro João Santana será mesmo um mágico, na verdade um taumaturgo? Segundo corre a lenda, ou a história – a presidente Dilma Rousseff o consulta em tudo que diga respeito à comunicação política, e a sua palavra tem peso determinante.

           Sendo um contratado permanente do PT, tanto Lula, quanto Dilma tendem a seguir-lhe à risca as indicações. Por uma questão de experiência – e diria até de personalidade – é de supor-se que com a discípula a palavra do marqueteiro pese ainda mais.

           Consoante a revista VEJA, o crescimento inicial da candidatura de Marina motivou reunião do alto comando petista, que decidiu por uma reação forte. Há muitas maneiras de formular campanha política de crítica a candidaturas adversárias.

            Experiente no mister, Santana sabe como deva proceder. E não há para ele melhor situação do que agora, diante da brutal diferença nos tempos respectivos para a propaganda da candidata do PT (onze  minutos) e para Marina, com risível espaço em torno de dois minutos.

            As condições do êxito desta publicidade agressiva e de ataque, além da habilidade do marqueteiro e da disforme distribuição de tempo (que suscitaria, de certo, em outros rincões contestações constitucionais) também pressupoem um firme dispositivo jurídico-institucional que preserve indenes e sem qualquer retificação os filmetes de Santana.

             Quais são os públicos-objetivo de Santana ?  Precipuamente as classes C, D e E, que são tidas como mais vulneráveis em termos de conhecimento político, a par do temor quanto a preservação de seus benefícios (bolsa família, etc.). Por isso o marqueteiro não pode ser sutil, e o enfoque  tem que ser grosso, tosco e primário. É tautológico, portanto, que tem de carregar nas tintas, abandonar qualquer sutileza, para transmitir a sua mensagem ao povão.

               Grita aos céus, portanto, que a declamada habilidade do mago João Santana pressupõe não só um espaço de tempo desproporcional àquele concedido à candidata Marina, senão e a fortiori um cenário político-jurídico  que não vê problemas com esse tipo de temática simplista, deformativa e mesmo fora da realidade constitucional brasileira. Se as condições fossem outras – e aqui não falo sequer do tempo alocado à candidata do esquemão do poder petista e aquela do PSB – a desenvoltura do senhor Santana tenderia a ser cerceada, com a poda de todos os eventuais acréscimos distorsivos nessa propaganda virulenta.

               É tão grande a investida do ‘magico’ Santana, que ele até se pode dar ao luxo de ver cortado aqui e ali algum contrapeso, pois na prática as cancelas estão todas abertas e de par em par.

               No entanto, esses avanços nas prévias, obtidos nas condições acima enunciadas, não impedirão a candidata do líder máximo de acabar morrendo na praia. Com toda a desigualdade imperante no primeiro turno, e a reação oficial arrancada a ferro e fogo, o curriculum-vitae do marqueteiro assinalaria assim em nota de pé de página a inegável habilidade e o denodo do profissional, posto que não tenha logrado a reeleição, que é o objetivo precípuo e primordial de toda essa campanha política...

 

( Fontes:  VEJA, Folha de S. Paulo,  O  Globo )   

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