E Clinton, saído do pequeno estado
de Arkansas, logrou derrubar George Bush (pai de George W. Bush). Por causa da
recessão, pareceu ao povo americano que Clinton, mais jovem do que Bush senior,
teria melhores condições de tirar a economia do vermelho.
No Brasil, a economia está em
recessão dita técnica (quando o PIB diminui em dois trimestres seguidos), mas a
crise existente não é julgada suficiente para determinar a não-renovação do
mandato de Dilma Rousseff.
Tal se deve sobretudo a que o
eventual apoio da Presidente para um segundo mandato independe da situação da
economia. Dilma, por força da política assistencialista de Lula e do petismo,
dispõe de um núcleo duro de sustentação. Ele é formado pelo imenso público da
bolsa-família (desvirtuada de sua função inicial, propugnada por Cristovão
Buarque, e que tinha como prazo a permanência dos filhos na escola). Outro
manancial – também estipendiado pelo erário público, mas atribuído ao PT, como
se a ele pertencesse – está na inchação dos gastos correntes, com o descomunal
incremento do funcionalismo, através de nomeações e até concursos. Mais este ‘benefício’, além de retirar fundos
preciosos para os investimentos em infraestrutura, cria ou incha uma série de
carreiras no empreguismo público, que estão na contramão da modernidade.
Além das carreiras de estado,
que são poucas e indispensáveis, o assistencialismo petista cria muitas outras,
que vão assegurar, às custas de um emprego mais produtivo do dinheiro público,
muitas e muitas repartições, com funcionários estáveis. É o sonho da burocracia
aliado ao neo-assistencialismo, que é dito esquerdista na munificência
empreguista, mas arcaico se se trata de visão de um Estado ágil e moderno. Em
outras palavras, é um astuto projeto de poder mas não necessariamente de
progresso e real desenvolvimento.
Se compararmos o Brasil ao grupo
de países sul-americanos a que a postura petista nos quer associar de qualquer
maneira – e em tal desvairado assistencialismo partimos dos aliados de feição
rudimentar (Bolívia e Equador), para os mais avançados nessa trilha (Venezuela
e Argentina). A democracia sofre – e mais na Venezuela chavista e no Equador do
aprendiz de ditador Rafael Correa). Quanto a Evo Morales, o Brasil se curva
(com Lula e até Dilma) por imperscrutáveis razões. Chega até a ignorar a norma
sagrada do asilo diplomático, mas isso talvez esteja na baixíssima atenção dada
à diplomacia do Itamaraty, que por ser de estado alicerçou os limites de nossa
nacionalidade. Agora, cortando
irresponsavelmente as verbas, o PT de Dilma – além de criar um ministrinho
paralelo – tenta afastar a Casa de Rio Branco (e Alexandre de Guzmão) de suas
bases doutrinais, para mergulhar no redemoinho da diplomacia de partido. A coisa chega a tal ponto que desperdiçamos
fundos para os nossos mal-aparelhados portos para jogá-los em portos caribenhos
do Estado Castrista. Não surpreende que na inauguração de Mariel – feita por D.
Dilma e Raul Castro – todo o cast do neoassistencialismo sindical de Latino-America houvesse
comparecido, quiçá a colocar-se na fila de ulteriores dádivas da munificência
dilmo-petista.
Mas voltemos dessa falsa
digressão – eis que a trilha do petismo nos tem levado a tal destino – para contemplarmos
a situação da economia do Brasil.
O Ministro da Fazenda Guido
Mantega – que, na verdade, na Fazenda apenas pagou pelos erros de Dilma Rousseff,
que sempre foi a responsável por esse ministério – tem crescido de forma humana
no dílmico infortúnio. Poderia sair – e há
muito – batendo a porta como Nelson Jobim, quase logo depois da emblemática
fotografia conjunta.
Dadas as características da
criatura de Lula da Silva, é pouco provável que a Presidenta encontre algum
nome de prestígio que aceite o encargo (na hipótese, que oscila entre o
possível e o provável da reeleição desta senhora). Assumindo essa penosa
alternativa, das duas uma – ou sai como Jobim, ou como Mantega, vale dizer se
dissocia prontamente de processo que nada de bom lhe promete (e à economia), ou se resigna às
externalidades do mando, e vai aos poucos se desfazendo como imagem executiva.
Basta ler os(as) colunistas e
as seções especializadas dos jornalões, para que tenhamos presente aquilo que
já antes temíamos. A coisa está ficando preta e a responsabilidade é clara.
Infelizmente, não entanto,
corremos o risco de imitar demasiado a sorte de nossos vizinhos, se continuarmos
nessa marcha batida. É dura e renhida
peleja: quisera não imitemos os lemingues e voltemos a ser o país do futuro,
que começa a abrir a porta do presente.
Mas com a cautela que cabe, é
bom espiar tal futuro, que deveria agradar a presidentes como Getúlio Vargas e
Juscelino Kubitschek, e não aos demagogos de ontem e de hoje, com as suas
variáveis penugens, que pensam acomodar-se camaleonicamente aos tempos
modernos.
( Fontes: O Globo, Folha de S. Paulo )
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