sábado, 27 de setembro de 2014

Um Combate Desigual

                          

                                          
       A última pesquisa Datafolha veio apontar a crescente possibilidade de um desastre na próxima eleição. Depois de espetacular crescimento (34% em 29 de agosto), a candidatura de Marina (PSB), começou a despencar em 9 de setembro (33%), para chegar hoje, 27 de setembro, a patéticos 27% ! Essa é sua votação ora prevista  para o primeiro turno, depois da saraivada impiedosa da propaganda eleitoral negativa da adversária Dilma Rousseff (e subsidiariamente de Aécio Neves, que também dispõe de gorda parcela no tempo da dita publicidade).

        Entrementes, Dilma Rousseff (PT), por força dessa mesma propaganda desigual, e de cunho acentuadamente negativo – muitas mentiras na descrição de Marina – logrou enfraquecer a sua principal antagonista, e passou de 36% (15 de agosto) a 40% (27 de setembro), com um viés que não elimina a possibilidade de vitória ainda no primeiro turno!

       Por sua vez, o tertius Aécio Neves (PSDB) de 20% em 15 de agosto está hoje com 18% (27 de setembro), o que no seu caso indica retomado crescimento, eis que baixara a 14% em 3 de setembro.

       A queda de Marina se deve, no meu entender, a dois fatores: à torrente de propaganda negativa do PT, orquestrada pelo marqueteiro João Santana, e à sua postura passiva diante dessa artilharia pesada, que tende a reverter conceitos a ela favoráveis sobretudo em regiões, como o Nordeste e o Norte, em que o nível cultural do eleitorado tem menos defesas e, por conseguinte, está mais exposto a esse tipo de investida.

      Entrementes, as matérias sobre economia e política externa – sem esquecer as revelações dos delatores do esquema Petrobrás – parecem não ter efeito sobre a candidata do PT, a Presidenta Dilma Rousseff, malgrado indicações assaz negativas, sem falar da desastrada performance nas Nações Unidas.

      Quanto aos dois fatores acima – propaganda negativa e postura passiva da candidata – se o primeiro é um componente tristemente orgânico de uma distribuição iniqua da propaganda eleitoral (além da negativa do TSE de conceder direito de resposta a filmetes como o do Banco Central, com uma visão deformada da realidade) – já a postura da candidata e de seu núcleo de campanha exagerou na total falta de qualquer espírito de reação.

       Colocada diante do absurdo dos dois minutos de alocação (contra os dezesseis dados à publicidade do esquema governamental pró-Dilma), a reação da campanha de Marina Silva não poderia ter sido mais anêmica e ineficaz.

       Este desastre anunciado no despencar dos fortes totais iniciais do apoio à candidata do Movimento do Passe Livre e da Mudança pecou, sobretudo, pela falta seja de imaginação, seja de disposição e empenho em procurar, dentro de um quadro notoriamente desfavorável e desequilibrado, meios e modos dentro do processo eleitoral de fazer soar a voz alternativa do Povo brasileiro. 

         Os desafios existem para serem afrontados e, se possível, confrontados, dentro de postura pró-ativa e não do passivismo oriental que parece ter pesado como um íncubo sobre o campo de Marina.

           Os números das pesquisas Datafolha e IBOPE não apontam para frações de relevância desprezível no contexto do primeiro turno dessa eleição. Se já se deixou passar demasiado tempo, sob o incompreensível manto de uma resignação fora de lugar e que só aproveita à propaganda adversária, com a sua visão caricata e deformada da plataforma e da própria figura da candidata Marina Silva, nunca é tarde para reorganizar as próprias forças e buscar estancar um jorro de mentiras (como o aludiu Marina) e fazer chegar ao eleitorado, em especial naquelas áreas mais vulneráveis, a real posição da Candidata da Esperança do Povo Brasileiro.

          O que não se pode é continuar nessa posição derrotista, em que a própria voz se mantém calada, sem qualquer reação, enquanto continua a liquefazer-se o respectivo apoio do Povo brasileiro.  Importa reagir, antes tarde do que nunca, na defesa dos ideais e propósitos que motivam a recepção entusiasta dada à candidatura de Marina.  Não se pode permitir que a reação do Governo que está aí, e que é a negativa dos ideais de toda a vasta coalizão que apoia Marina, continue a carregar, como se fosse inelutável  torrente, todo o bem a que ela se propõe.    

 

( Fontes:  O Globo, Folha de S. Paulo )

Nenhum comentário: