Entrementes, Dilma
Rousseff (PT), por força
dessa mesma propaganda desigual, e de cunho acentuadamente negativo – muitas
mentiras na descrição de Marina – logrou enfraquecer a sua principal
antagonista, e passou de 36% (15 de agosto) a 40% (27 de setembro), com um viés que não elimina a possibilidade
de vitória ainda no primeiro turno!
Por sua vez, o
tertius Aécio Neves (PSDB) de
20% em 15 de agosto está hoje com 18%
(27 de setembro), o que no seu caso indica retomado crescimento, eis que
baixara a 14% em 3 de setembro.
A queda de
Marina se deve, no meu entender, a dois fatores: à torrente de propaganda
negativa do PT, orquestrada pelo marqueteiro João Santana, e à sua postura
passiva diante dessa artilharia pesada, que tende a reverter conceitos a ela
favoráveis sobretudo em regiões, como o Nordeste e o Norte, em que o nível
cultural do eleitorado tem menos defesas e, por conseguinte, está mais exposto
a esse tipo de investida.
Entrementes, as
matérias sobre economia e política externa – sem esquecer as revelações dos
delatores do esquema Petrobrás – parecem não ter efeito sobre a candidata do
PT, a Presidenta Dilma Rousseff, malgrado indicações assaz negativas, sem falar
da desastrada performance nas Nações Unidas.
Quanto aos dois
fatores acima – propaganda negativa e postura passiva da candidata – se o
primeiro é um componente tristemente orgânico de uma distribuição iniqua da
propaganda eleitoral (além da negativa do TSE de conceder direito de resposta a
filmetes como o do Banco Central, com uma visão deformada da realidade) – já a
postura da candidata e de seu núcleo de campanha exagerou na total falta de
qualquer espírito de reação.
Colocada diante
do absurdo dos dois minutos de alocação (contra os dezesseis dados à
publicidade do esquema governamental pró-Dilma), a reação da campanha de Marina
Silva não poderia ter sido mais anêmica e ineficaz.
Este desastre
anunciado no despencar dos fortes totais iniciais do apoio à candidata do
Movimento do Passe Livre e da Mudança pecou, sobretudo, pela falta seja de
imaginação, seja de disposição e empenho em procurar, dentro de um quadro
notoriamente desfavorável e desequilibrado, meios e modos dentro do processo
eleitoral de fazer soar a voz alternativa do Povo brasileiro.
Os desafios
existem para serem afrontados e, se possível, confrontados, dentro de
postura pró-ativa e não do passivismo oriental que parece ter pesado como um
íncubo sobre o campo de Marina.
Os números
das pesquisas Datafolha e IBOPE não apontam para frações de relevância
desprezível no contexto do primeiro turno dessa eleição. Se já se deixou passar
demasiado tempo, sob o incompreensível manto de uma resignação fora de lugar e
que só aproveita à propaganda adversária, com a sua visão caricata e deformada
da plataforma e da própria figura da candidata Marina Silva, nunca é tarde para
reorganizar as próprias forças e buscar estancar um jorro de mentiras (como o
aludiu Marina) e fazer chegar ao eleitorado, em especial naquelas áreas mais
vulneráveis, a real posição da Candidata da Esperança do Povo Brasileiro.
O que não se
pode é continuar nessa posição derrotista, em que a própria voz se mantém
calada, sem qualquer reação, enquanto continua a liquefazer-se o respectivo
apoio do Povo brasileiro. Importa
reagir, antes tarde do que nunca, na defesa dos ideais e propósitos que motivam
a recepção entusiasta dada à candidatura de Marina. Não se pode permitir que a reação do Governo
que está aí, e que é a negativa dos ideais de toda a vasta coalizão que apoia
Marina, continue a carregar, como se fosse inelutável torrente, todo o bem a que ela se propõe.
( Fontes: O Globo,
Folha de S. Paulo )
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