Campanha eleitoral
Traindo o
apego ao status quo por pior que seja
o Governo, a Folha, em análise de Gustavo Patu, assinala no artigo de
referência: “Alvo preferencial de todos os adversários, Dilma recomendou pés no
chão: falou de limitações orçamentárias, da crise internacional e da
necessidade de barganhar apoios no Congresso.
Inédito em campanhas petistas ao Planalto, tamanho realismo nasceu da necessidade de improvisar um
contraponto à ascensão de Marina e seu programa de utopias e generalidades.”
(meu o grifo)
O que se
nota em boa parte da imprensa – que vê Marina crescendo nas pesquisas e
inviabilizando a oposição preferida (no caso de Merval Pereira, no que tange a Aécio), ou então no exemplo presente, em que se ataca
Marina por promover utopias e
generalidades.
O descalabro público do
Governo Dilma e o cinismo de seus defensores de alto bordo é havido como fato
existencial, como se fora pesada canga a que deveríamos submeter-nos. Parece
que tais senhores e senhoras passaram em branca nuvem os movimentos de junho de
2013, em que a demagogia petista se viu exposta a nu.
Combater
Dilma é combater quem trouxe a inflação de volta, pela sua política econômica
irresponsável, sustentada investida contra o Plano Real e a Lei de responsabilidade fiscal. Atribuem submissão a
bancos a providência anunciada de dar autonomia ao Banco Central. Como já foi
dito, não dispomos de muitas balas para combater a inflação. Atacar esse propósito de Marina ou é rematada
má-fé, ou ignorância crassa. Em todas as grandes economias, a autoridade
financeira é autônoma, dispondo para tanto de mandatos adequados. Isso evita o
caudatarismo a contingências políticas e ideológicas, preservando o equilíbrio da
moeda de investidas demagógicas, como foi o caso nos pródromos do governo
Dilma, em que a gastança prevaleceu sobre a cautela fiscal indispensável,
levando de roldão a chefia do Banco Central, por ser demissível ad nutum pela Presidenta.
No
segundo debate, realizado em horário vespertino, aos três candidatos – únicos com
chances de vitória – foram agregados os nanicos, v.g. o Pastor Everaldo (PSC), Eduardo Jorge (do Partido Verde). Levy Fidelis, do PRTB e Luciana Genro do PSOL.
O
excesso de partidos no Brasil, como se a possibilidade de crescimento das
ideologias fosse uma progressão ad
infinitum – situação que foi criada, de forma ,no mínimo, insensata, em
jurisprudência do STF – além de
restringir o tempo das verdadeiras opções democráticas, contribui para de certa
forma transformar esses partidos nanicos em massa de manobra.
A
extremamente concessiva jurisdição partidária – que permite um desperdício acintoso
de créditos a esses partidos (cem mil reais mensais para o PRTB de Levy Fidelix,
que perdeu a calma quando qualificado como legenda de aluguel pelo repórter Kennedy
Alencar). No entender de Kennedy, a sua
pergunta é legítima, uma vez que o Brasil possui 32 partidos (!), sendo que
muitas legendas utilizam o Fundo Partidário como “oportunidade de negócio”.
Enfurecido pela pergunta ‘se vivia de negociações partidárias para fazer
ataques terceirizados, já que se candidatou dez vezes sem conseguir se eleger’, Levy Fidelix replicou que o jornalista do SBT era representante da “mídia
vendida”.
A Guerra na Ucrânia
O Secretário-Geral da Organização do Tratado do
Atlântico Norte (OTAN), Fogh Rasmussen, tenciona formar uma força de emprego
rápido, para ações pontuais na sua área, com vistas a defender países atacados
por outras potências.
Diante da ineficácia das reações pontuais até agora contra as
intervenções da Federação Russa na vizinha Ucrânia, feitas com sempre maior
desenvoltura por determinação do Presidente Vladimir Putin, há o propósito de
criar um instrumento ad hoc que vise
a evitar o que a Rússia vem fazendo com a Ucrânia, intervindo na guerra civil,
com auxílios pontuais para as milícias separatistas pró-Rússia. Além da
derrubada, sem dúvida criminal, do vôo da Malaysian Airlines, com tantas
vítimas inocentes, Moscou vem desrespeitando sistematicamente as fronteiras
ucranianas, como se fossem terra de ninguém, e adentrando a Ucrânia oriental
para subverter a evolução dos combates, favorecendo sistemática e cinicamente
as milícias contra o exército ucraniano.
A audácia do Kremlin tem aumentado de forma consistente, e tal se deve à
fraqueza do adversário e das autoridades competentes, que se crêem manietadas
por formalidades diplomáticas diante de alguém que por elas só tem respeito
quando lhe convém.
Por isso, dada a disparidade de força militar e a timidez da própria liderança, o governo de Kiev tem sido até
agora presa fácil das armações de gospodin Putin.
Sem falar do despudorado desrespeito à norma do direito das
gentes, agindo como se tivéssemos voltado às funduras dos tempos hobbesianos[1] do
direito do mais forte e da impunidade dos Estados, as sucessivas e ilegais intervenções de Putin
na república da Ucrânia têm provocado muito sofrimento das populações atingidas
e grande prejuízo para as vítimas.
Uma Força de ação rápida da OTAN, com caráter defensivo, representaria,
nesse campo, um avanço de monta, pois tornaria muito mais onerosa – e não destituída de eventuais consequências –
a intervenção do forte sobre o fraco na área do Tratado.
É importante, no entanto, ter presente que a sugestão do
Secretário-Geral Rasmussen depende da concordância dos países-membros da
NATO. Dada a sua inação até o presente,
é de augurar-se que, com os cuidados indispensáveis, a medida seja aprovada.
Nesse sentido, há de aguardar-se o parecer do primus inter pares na Organização,
i.e. Barack Obama, a quem aproveitaria acolher a iniciativa, desde que com
parâmetros responsáveis.
( Fontes: Folha de S. Paulo, O
Globo, CNN )
[1] Thomas Hobbes (1588-1679)
filosófo político britânico, provavelmente o maior deles, famoso igualmente
pela sua paradigmática descrição da existência primitiva.
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