terça-feira, 16 de setembro de 2014

O Patriarca ataca a discípula


   

       O evento no  centro  do  Rio, organizado em torno do velho capitão, o ex-presidente Lula, mostrou duas características paradoxalmente paralelas.

       Acorreram ao chamado sindical e de lideranças extraparlamentares, um milheiro de ativistas e simpatizantes da causa.

        No caso, as fotos podem ser  cruéis,  por redimensionarem o excesso nas palavras e a patética tentativa de dar contexto a acusação vazia e oportunista.

        A instrumentalização tem limites e o próprio experiente e tarimbado ex-sindicalista terá com o seu olhar medido o quanto a retórica vazia das investidas contra os moinhos de vento morde na praça pública as próprias inelutáveis limitações.

        Não há negar que o velho patriarca se empenhe a fundo nesta campanha. Se a tanto se esgrimissem dúvidas, basta ver-lhe o aspecto e a voz.

        De repente, mudam os ventos. O que antes era feito quase que com um peteleco – lembram-se da promoção exitosa do ‘poste’ Fernando Haddad, com o descarado apoio de Paulo Maluf ? – hoje, não mais?  Terá sido ele que mudou, ou terá mudado a opinião pública, cansada de ser tratada como se eternamente dependente de suas indicações ? 

        O antigo gerarca precisa urgentemente dar-se conta que o relógio do PT não marca mais um futuro radioso nos dias por vir. E não é só 2014 que se aproxima do fim.

        Amealhado pela perniciosa reeleição – que, no Brasil, traz tanto mal federal, estadual e municipal – o Partido dos Trabalhadores, depois de longa espera na planície, logrou alcançar o poder, expandi-lo por todos esses anos, e numa reação que é a um tempo humana e vã, não consegue distinguir limites na sua gestão, como se querer trazer outra visão e sangue novo ao Palácio fosse crime de lesa-majestade.

        Esse ato, a que Lula resolvera emprestar a sua palavra e o seu empenho, constitui palco melancólico, que relembra outras magras manifestações da CUT ou da Força Sindical, em que sindicalismo e oportunismo se dão as mãos – nada a lembrar aquelas concentrações dos tempos antigos, do jovem líder sindical, que tinha um projeto que não era só dele e que fazia tremer as estruturas do regime militar.

       Hoje a voz roufenha nos evoca uma outra realidade, também perto de nós. Se ele escolheu Dilma Rousseff por seu mérito, o supremo Líder do PT errou. E o Povo, que lhe deu tantas provas  de respeito e apoio, não vê nesta realidade diuturna provas bastantes de que Lula deva continuar a bater pé, e a repetir-nos que não tem ninguém melhor do que ela !

        E o Brasil, Lula? Acaso não merece melhor sorte?

        Marina não é só uma fantasia e um projeto de novo futuro para o Brasil. Vocês não conseguirão destruí-la lançando contra ela os mastins de uma propaganda mentirosa. Tampouco o grande Chefe logrará com o fabrico de factoides ou de eventos como esse último no Rio de Janeiro tapar as vistas dos brasileiros para o que Marina representa.       
 
 
( Fonte subsidiária:  O  Globo)
 

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