O evento no centro do
Rio, organizado em torno do velho capitão, o ex-presidente Lula, mostrou
duas características paradoxalmente paralelas.
Acorreram ao chamado sindical e de
lideranças extraparlamentares, um milheiro de ativistas e simpatizantes da
causa.
No caso, as fotos podem ser cruéis,
por redimensionarem o excesso nas palavras e a patética tentativa de dar
contexto a acusação vazia e oportunista.
A instrumentalização tem limites e o
próprio experiente e tarimbado ex-sindicalista terá com o seu olhar medido o
quanto a retórica vazia das investidas contra os moinhos de vento morde na
praça pública as próprias inelutáveis limitações.
Não há negar que o velho patriarca se
empenhe a fundo nesta campanha. Se a tanto se esgrimissem dúvidas, basta
ver-lhe o aspecto e a voz.
De repente, mudam os ventos. O que
antes era feito quase que com um peteleco – lembram-se da promoção exitosa do ‘poste’
Fernando Haddad, com o descarado apoio de Paulo Maluf ? – hoje, não mais? Terá sido ele que mudou, ou terá mudado a
opinião pública, cansada de ser tratada como se eternamente dependente de suas
indicações ?
O antigo gerarca precisa urgentemente
dar-se conta que o relógio do PT não marca mais um futuro radioso nos dias por
vir. E não é só 2014 que se aproxima do fim.
Amealhado pela perniciosa reeleição –
que, no Brasil, traz tanto mal federal, estadual e municipal – o Partido dos
Trabalhadores, depois de longa espera na planície, logrou alcançar o poder,
expandi-lo por todos esses anos, e numa reação que é a um tempo humana e vã,
não consegue distinguir limites na sua gestão, como se querer trazer outra
visão e sangue novo ao Palácio fosse crime de lesa-majestade.
Esse ato, a que Lula resolvera
emprestar a sua palavra e o seu empenho, constitui palco melancólico, que
relembra outras magras manifestações da CUT ou da Força Sindical, em que
sindicalismo e oportunismo se dão as mãos – nada a lembrar aquelas
concentrações dos tempos antigos, do jovem líder sindical, que tinha um projeto
que não era só dele e que fazia tremer as estruturas do regime militar.
Hoje a voz roufenha nos evoca uma outra
realidade, também perto de nós. Se ele escolheu Dilma Rousseff por seu mérito,
o supremo Líder do PT errou. E o Povo, que lhe deu tantas provas de respeito e apoio, não vê nesta realidade
diuturna provas bastantes de que Lula deva continuar a bater pé, e a
repetir-nos que não tem ninguém melhor do que ela !
E o Brasil, Lula? Acaso não merece
melhor sorte?
Marina não é só uma fantasia e um
projeto de novo futuro para o Brasil. Vocês não conseguirão destruí-la lançando
contra ela os mastins de uma propaganda mentirosa. Tampouco o grande Chefe
logrará com o fabrico de factoides ou de eventos como esse último no Rio de
Janeiro tapar as vistas dos brasileiros para o que Marina representa.
( Fonte subsidiária: O Globo)
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