A nova série de pesquisas mostra
reação de Dilma, enquanto Marina para de crescer e Aécio volta a cair. O
candidato do PSDB alude assim à possibilidade da derrota, o que em política é
anátema. Por outro lado, segundo especialistas, a passividade de Aécio Neves
seria prejudicial.
A velha
tática do ataque, mesmo descabelado, sempre funciona, sobretudo quando arrimada
em uma distribuição de tempo, com acintoso favorecimento. Oportunamente,
cuidarei das graves falhas na ordenação política e eleitoral em Pindorama, mas
por ora a multiplicação dos partidos (e não dos pães) me parece a bola da vez.
Além de
multiplicar as legendas nanicas – que malgrado palavras em contrário favorecem
as chamadas legendas de aluguel – uma outra molesta consequência (que configura
óbvio favorecimento ilegal) é o acintoso desequilíbrio nos tempos de propaganda
política.
O limite
para tudo é a norma aristotélica do justo
meio. E a distribuição desse tempo pelos TREs (e TSE) não se afigura
conforme qualquer incipiente forma de
justiça na difusão da propaganda. É demasiado cômodo deixar apenas para o
segundo turno a divisão paritária dessa publicidade. Nesse sentido, a
legislação atual mais parece como uma apropriação indébita do tempo eleitoral. A
norma constitucional que defende os direitos das minorias não está sendo, para
dizer o mínimo, respeitada, pois qualquer legislação não se sustenta se produz
o resultado disforme que aí está, que favorece o poderoso e aquele que costura
alianças e contubérnios que só se explicam pela ‘construção’ de tais
mostrengos.
Faria bem
à democracia brasileira e ao respeito à Constituição dita cidadã que o Supremo
desse ouvidos a Ações Diretas de Inconstitucionalidade (ADI), porque só cegos não
vêem o gritante desrespeito ao direito das minorias que deparamos ao ligar o
aparelho de tevê no horário eleitoral.
Mas
voltemos à atual disputa entre Dilma e Marina. Aquela recorre à tática do medo
para tentar recuperar-se. Além disso, se
reporta, se eleita, a mudanças no ministério.
Eleitor
não é bobo. Atendida a realidade e a
qualidade de seus ministros – tanto aqueles que logram manter-se (como o
patético Guido Mantega), quanto os que escapam (como F. Haddad, aceitando – em má
hora – ser mais um poste de Lula) – e não falo do ministro que foi despedido
por ser honesto – é do conhecimento
geral que o que interessa é dar o bilhete azul à Presidenta. De que serve
mantê-la, com todas as desgraças e incompetências de que tem dado comovente
prova ?
Por
isso, excluído aquele núcleo duro e inamovível, que é do apoio incondicional (e
que, com Dona Dilma, anda pelos 25%), o resto será sempre o resto, aberto ao
debate e a consequente razão.
Entramos em nova fase da campanha política. Depois que Marina rapou toda
a gordura de outros candidatos (vejam, por exemplo, o Pastor Everaldo (PSC), feliz com
os seus 3% e agora com 1%...) O eleitor pensa no voto útil e, por isso,
privilegia Marina.
O
velho chefe do PT pode estar respingado por manobras que não deram certo. Mas
malgrado a voz rouca, continua um político temível, apesar de que os seus
truques na manga já sejam conhecidos.
Passado o primeiro turno e confirmada a expectativa do confronto
direto entre Marina e Dilma, com o restabelecimento – que não deveria ser
provisório – da équa medida na disponibilidade de propaganda eleitoral, haverá mais tempo para avaliar melhor o
governo de Dilma Rousseff e o longo, demasiado longo, predomínio do Partido que
foi dos Trabalhadores.
Avaliar os destemperos de Dilma, sua abertura de cancelas para o dragão, a
situação na economia, os escândalos de corrupção (a começar, ironicamente, pela
empresa que deveria ser o ícone do PT e a qual estão afundando em um mar – este
verdadeiro – de lama) é a fórmula democrática de expulsar os demônios da
propaganda mentirosa e abrir o caminho, com Marina, para uma nova refundação da democracia
brasileira.
(Fontes: O
Globo, Folha de S. Paulo)
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