quinta-feira, 4 de setembro de 2014

Virou mano a mano ?

                                   

           A nova série de pesquisas mostra reação de Dilma, enquanto Marina para de crescer e Aécio volta a cair. O candidato do PSDB alude assim à possibilidade da derrota, o que em política é anátema. Por outro lado, segundo especialistas, a passividade de Aécio Neves seria prejudicial.

           A velha tática do ataque, mesmo descabelado, sempre funciona, sobretudo quando arrimada em uma distribuição de tempo, com  acintoso favorecimento. Oportunamente, cuidarei das graves falhas na ordenação política e eleitoral em Pindorama, mas por ora a multiplicação dos partidos (e não dos pães) me parece a bola da vez.

            Além de multiplicar as legendas nanicas – que malgrado palavras em contrário favorecem as chamadas legendas de aluguel – uma outra molesta consequência (que configura óbvio favorecimento ilegal) é o acintoso desequilíbrio nos tempos de propaganda política.

             O limite para tudo é a norma aristotélica do justo meio. E a distribuição desse tempo pelos TREs (e TSE) não se afigura conforme  qualquer incipiente forma de justiça na difusão da propaganda. É demasiado cômodo deixar apenas para o segundo turno a divisão paritária dessa publicidade. Nesse sentido, a legislação atual mais parece como uma apropriação indébita do tempo eleitoral. A norma constitucional que defende os direitos das minorias não está sendo, para dizer o mínimo, respeitada, pois qualquer legislação não se sustenta se produz o resultado disforme que aí está, que favorece o poderoso e aquele que costura alianças e contubérnios que só se explicam pela ‘construção’ de tais mostrengos.

             Faria bem à democracia brasileira e ao respeito à Constituição dita cidadã que o Supremo desse ouvidos a Ações Diretas de Inconstitucionalidade (ADI), porque só cegos não vêem o gritante desrespeito ao direito das minorias que deparamos ao ligar o aparelho de tevê no horário eleitoral.

             Mas voltemos à atual disputa entre Dilma e Marina. Aquela recorre à tática do medo para tentar recuperar-se.  Além disso, se reporta, se eleita, a mudanças no ministério.

             Eleitor não é bobo.  Atendida a realidade e a qualidade de seus ministros – tanto aqueles que logram manter-se (como o patético Guido Mantega), quanto os que escapam (como F. Haddad, aceitando – em má hora – ser mais um poste de Lula) – e não falo do ministro que foi despedido por  ser honesto – é do conhecimento geral que o que interessa é dar o bilhete azul à Presidenta. De que serve mantê-la, com todas as desgraças e incompetências de que tem dado comovente prova ?

              Por isso, excluído aquele núcleo duro e inamovível, que é do apoio incondicional (e que, com Dona Dilma, anda pelos 25%), o resto será sempre o resto, aberto ao debate e a consequente razão.

               Entramos em nova fase da campanha política. Depois que Marina rapou toda a gordura de outros candidatos (vejam, por exemplo, o Pastor Everaldo (PSC), feliz com os seus 3% e agora com 1%...) O eleitor pensa no voto útil e, por isso, privilegia  Marina.

                  O velho chefe do PT pode estar respingado por manobras que não deram certo. Mas malgrado a voz rouca, continua um político temível, apesar de que os seus truques na manga já sejam conhecidos.

                  Passado o primeiro turno e confirmada a expectativa do confronto direto entre Marina e Dilma, com o restabelecimento – que não deveria ser provisório – da équa medida na disponibilidade de propaganda eleitoral,  haverá mais tempo para avaliar melhor o governo de Dilma Rousseff e o longo, demasiado longo, predomínio do Partido que foi dos Trabalhadores.

                 Avaliar os destemperos de Dilma,  sua abertura de cancelas para o dragão, a situação na economia, os escândalos de corrupção (a começar, ironicamente, pela empresa que deveria ser o ícone do PT e a qual estão afundando em um mar – este verdadeiro – de lama) é a fórmula democrática de expulsar os demônios da propaganda mentirosa e abrir o caminho, com Marina, para uma nova refundação da democracia brasileira.

 

(Fontes:  O  Globo, Folha de S. Paulo)

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