terça-feira, 23 de setembro de 2014

Diário da Mídia (XXIII)

 

Entrevista de João Paulo Capobianco

 

         Muito boa e positiva impressão no leitor das respostas do biólogo João Paulo Capobianco, principal interlocutor de Marina Silva com o agronegócio e setores econômicos, na série de Entrevistas à Folha da  Segunda Feira.

         Os jornalistas da Folha lhe fazem um elogio raro: “Ele não fala difícil, não inventa palavras como ‘desadaptação criativa’, não faz rodeios”. Com efeito, a leitura da entrevista confirma essa impressão.

         A manchete da matéria é: ‘Vamos acabar com a hipervalorização dos líderes dos partidos’.

          Quanto à linha de propaganda destrutiva de João Santana, marqueteiro de Dilma Rousseff, que tal a observação de Capobianco, no contexto da campanha do PT de que Marina acabará com o Bolsa Família: “ ‘O mais absurdo é que o PT acusa Marina de coisas que sabe que ela não fará. Uma forma irresponsável de simplificar a discussão, porque é mentirosa. Não é nem o PT, é o marqueteiro. Não duvido que o João Santana já não tenha preparado  um filme dizendo que Marina come criancinhas. É o que está faltando’, ironiza ele, sem sorrir.’”

            Perguntado se há projeto para emendas, disse: “ O fim da reeleição e a proposta de coligar programaticamente. Você se une em cima de uma proposta, não para juntar dinheiro, tempo de TV, esquema (grifo do Blog).Na reforma política você joga elementos para combater o ‘toma-lá-dá-cá’, que só vai deixar de existir  quando você não tiver o ‘dá-cá’. Nós não vamos dar.”

            E perguntado ‘como vai ser o perfil do eventual ministério da Marina ?’, Capobianco respondeu: “Não existe ministério no governo Dilma. Marina explorará o debate interno. Ministros serão ministros de verdade, com independência.”

 

Mais um Vice-Campeonato

            A derrota para a Polônia – depois de ter brilhado em passado distante, os poloneses, como time da casa, levantaram de novo a taça – assinala característica desagradável do vôlei brasileiro masculino: nos especializamos em vice-campeonatos.

               O vôlei brasileiro masculino deve muito ao técnico Bernardinho, mas nos últimos tempos (desde 2011, como mostra o quadro da Folha) sempre surge um rival que nos arrebata o título. Assim, perdemos na decisão para a Rússia na Liga Mundial 2011 e 2013, e nos Jogos Olímpicos, quando ficamos com a prata; para os Estados Unidos, na Liga Mundial, em 2014; e, por fim, a Polônia, na Campeonato Mundial.

               Já com as moças, temos vencido na final. Com o técnico José Roberto Guimarães, o vôlei feminino ganhou o ouro olímpico em Londres (2012) e em Pequim (2008), ouro no Pan-Americano de Guadalajara (2010), ouro no Sul-Americano de Lima (2011), e ouro no Grand-Prix de Tóquio (2009).

                 O técnico Bernardinho tem dado mostras de stress. Protestou contra a Federação internacional, que, segundo ele, empregou táticas para ‘desestabilizar’ sua equipe na decisão. Chega mesmo a declarar: “Vi tanta coisa feia. A Federação realmente age de uma maneira baixa demais”. Tem como desafetos a dupla de árbitros Milan Labasta (República Tcheca) e Frans Loderus (Holanda).

                   Nesse sentido, afirma estar preocupado com o futuro de nosso vôlei: “Acho que em termos de instituições estamos desprotegidos. A Federação está fazendo um pouco de gato e sapato de nós”.

                   São acusações graves. Cabe talvez perguntar se não se deveria  recorrer a  posturas mais diplomáticas.

 

A 'Democracia' Chavista   

                  

                     O tratamento dispensado a Ivan Simonovis, ex-chefe de polícia de Caracas, causa mais do que preocupação. Condenado a trinta anos de cadeia, e está metido na masmorra de ‘Ramo Verde’. Lá  se acha igualmente o líder da oposição Leopoldo López, preso em fevereiro último, sob a alegação de protestos violentos  nas ruas contra o atual Presidente Nicolás Maduro.

                       Simonovis, preso há nove anos em cela minúscula, sem qualquer luz solar, sofre de osteoporose (os próprios médicos da cadeia – que está em nível medieval – o alertaram que corre o risco de fraturar a coluna simplesmente ao agachar-se para calçar-se). As suas condições de saúde são tão graves que o regime concedeu-lhe prisão domiciliar temporária.

                           O regime chavista trata os opositores  como criminosos políticos do tempo de Joseph Djugashvili, mais conhecido como Stalin. Esse termo, obviamente, tem de ser entendido em contexto pior do que o tratamento dispensado aos delinquentes comuns nos presídios, v.g. do Maranhão e de Porto Alegre.

                           Pelo visto, não há perdão para as oposições e as condições carcerárias na Venezuela podem ser consideradas pré-Marquês de Beccaria, o grande nome do iluminismo italiano que tanto contribuíu com a sua obra ‘Dos delitos e das Penas’ para melhorar as condições nas prisões do século XVIII.

                                 

(Fontes:  Folha de S. Paulo,  O Globo )

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