Então, ficamos entendidos
assim. O Governo de dona Dilma Rousseff,
e por seu alto intermédio declara que o depoimento de Paulo Roberto Costa,
ex-diretor da Petrobrás “não lança suspeita nenhuma (sic) sobre o governo”. E
adiante vai, acrescentando a sua interpretação restritiva das revelações do
delator, eis que, até agora, “ninguém
foi oficialmente acusado”.
Como
estampa a reportagem da VEJA deste fim de semana, “segundo Paulo Roberto Costa,
o esquema da Petrobrás funcionou ao
longo dos dois governos Lula e adentrou no governo Dilma Rousseff”. E
mais diante,é afirmado: “Paulo Roberto diz que, por várias vezes, despachou
diretamente com Lula”. Por outro lado, o
ex-diretor da Petrobrás, indicado inicialmente pelo PP, continuou no cargo nos
dois primeiros anos do governo de Dilma Rousseff”.
Em meu
primeiro blog sobre o tema – o de 6 de setembro corrente Mar de Lama na
Petrobrás - me referi a esse mar de lama
também na Petrobrás (a expressão foi talvez o desabafo derradeiro do grande
Presidente Getúlio Vargas, ao dar-se conta da corrupção que grassava na guarda
presidencial de Gregório Fortunato)[1].
Hoje, Ricardo Noblat se reporta à circunstância de que a Petrobrás está sob a
ameaça de um mar de lama”.
Data
vênia, não há ameaça de mar de lama, pois ele aí está, submetendo essa grande
criação de Getúlio Vargas a uma condição iniqua e vergonhosa, que esse nosso
patrimônio nacional decerto nunca fez por merecer.
Na
cerimônia do Sete de Setembro houve ausências significativas, ligadas às
denúncias de Paulo Roberto: Renan Calheiros, presidente do Senado (PMDB), e
Henrique Alves (PMDB) Presidente da Câmara dos Deputados.
No intento
– consoante a nota de primeira página de O Globo – de reduzir a influência do
presidente do PT, Rui Falcão, a Presidenta
o substituíu na coordenação da campanha por Miguel
Rossetto (que não pertence à corrente majoritária do Partido). Rossetto
– o Ministro do Desenvolvimento Agrário e que tem bom trânsito com o MST - não é
próximo (como Falcão) de João Vaccari Neto, secretário
nacional de finanças do Partido dos Trabalhadores (sucessor do condenado pelo
mensalão Delúbio Soares).
Marina
tem mantido a respeito atitude discreta, o que se explica pela indicação de
Eduardo Campos pelo delator Paulo Roberto Costa, ex-diretor da Petrobrás, como
um dos políticos que teria recebido a propina. Campos, do PSB, tinha em comum
com Sérgio Cabral e Roseana Sarney o fato de seus estados abrigarem grandes
obras da Petrobrás. Marina afirmou a respeito “ser leviano ligar Eduardo Campos
às denúncias”.
De qualquer
forma, isso pesa e constrange, em consequência, a sua reação a mais este
escândalo.
O
único que nada tem a ver com o escândalo – embora o seu partido, o PSDB,
enfrente outro, o chamado Mensalão
Mineiro - é Aécio Neves. Por isso, dirigindo-se à
Presidenta, o candidato tucano afirmou que Dilma “não poderá dizer que
não sabia de nada”. Trata-se de
diretíssima indireta, com a referência à postura de Lula na época da explosão
do escândalo quando, depois de pedir desculpas aos eleitores, declarava alto e
bom som “que não sabia de nada”.
( Fontes: O
Globo, Lira Neto (Getúlio 1945-1954) Cia das Letras, VEJA )
[1] Mar de lama: a referência
está no livro de Lira Neto, Getúlio
1945-1954, a pp. 327: “Osvaldo, está
confirmado. Debaixo do Catete há um mar
de lama”. A frase de Getúlio Vargas,
pronunciada na sua última semana de vida, se dirigia ao Ministro da Fazenda,
Oswaldo Aranha, um dos poucos amigos fiéis que lhe restavam.
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