Os escândalos na Petrobrás se sucedem. Como se
verifica, não se tratam de operações isoladas na megaempresa.
Há uma sequência (pattern), que se
estende às grandes operações (Pasadena, refinaria Abreu e Lima). Dá para
entender agora as dificuldades da Petrobrás, a maior empresa nacional,
garroteada por preços inflados.
Infelizmente, a absurda diferença de
preço nas transações relativas à refinaria de Pasadena não pôde ser examinada
para valer, pela fraqueza numérica da oposição e o esmagador domínio da
maioria, dominada pelo PT.
O sonoro, estridente despacho de
Dilma Rousseff em resposta à pergunta de repórter, mereceu muito alarde, mas no final de contas
não correspondeu às expectativas levantadas.
No caso dessa velha refinaria, o que
choca é a brutal diferença nas cotações e o quanto a empresa teve de pagar a
maior. Por mais circunspectas e compostas que tenham sido as explicações dos
dirigentes implicados na operação, pairou sempre, teimosa, a estranha
discrepância nos valores. Assim, por mais técnicos que fossem os
esclarecimentos, persistia a sensação de que os dados não batiam, e por isso
devoravam – como nos enigmas – a credibilidade das autoridades.
Graças à Polícia Federal e à
Operação Lava-Jato, se pôde pilhar uma série de ilícitos ligados à Petrobrás,
como a transferência pelo doleiro Alberto Youssef de US$ 444,6 milhões, por meio de operações
fictícias de exportação e importação.
A atividade de Youssef se iniciou,
no que tange a ‘contratações de bens e serviços para a refinaria Abreu e Lima,
em Pernambuco’ que eram negociadas por Paulo Roberto Costa, diretor de
Abastecimento da estatal, que hoje também está preso.
Dessa teia de ilícitos que pesou
sobre a empresa, teriam participado mais dois diretores – apontados por Paulo
Roberto no esquema da delação premiada – Renato Duque (que teria sido indicado
por José Dirceu) e que seria próximo de João Vaccari Neto, tesoureiro do PT. O
outro diretor incriminado é Nestor Cerveró.
Todo esse escândalo parece ainda
mais grave, pela maneira com que se tentou justificar o injustificável. Ficou
no respeitável público – que somos todos nós, ainda mais porque a Petróleo
Brasileiro S.A. sempre foi considerada como a jóia da coroa, a maior empresa
nacional, fonte de orgulho para quem ainda se crê patriota – uma impressão de
que há muita coisa não respondida.
A Petrobrás não é propriedade do
partido do governo. A grita com a tentativa da Petrobrax era válida, e por isso foi apoiada pela opinião pública.
Mas essa do PT de se apossar dos órgãos públicos e loteá-los, tampouco deve ser
aceito.
A Petrobrás, cuja lei inicial foi
assinada pelo Presidente Getúlio Vargas, em seu último governo, é propriedade
do Povo brasileiro, e por isso os governos – como o do PT – devem tratá-la com
o respeito devido, e não com o que estão fazendo com ela agora, a exemplo de
tantas outras empresas públicas.
( Fonte: O
Globo )
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