segunda-feira, 22 de setembro de 2014

Rescaldo de Fim de Semana

                       

Massacre de Marina?

         Como já referido nesta coluna, os ataques do PT à candidata Marina Silva continuarão.  A campanha de Dilma segue as determinações do marqueteiro João Santana: a ênfase continuará a ser negativa. A objetividade fica em segundo plano. A prioridade está no ataque, com máxima atenção a tudo que gere dúvidas sobre a confiabilidade da ex-petista.  Por isso,  não há interesse maior do estamento petista em delinear, em termos conceituais,  programas para valer. O objetivo é o ataque à ameaça Marina, destruí-la em termos de apoio na opinião pública, por meio de dúvidas, imprecisões, mentiras mesmo.

         Não é uma campanha que tenha por escopo desenhar uma perspectiva de atuação de Dilma em relação ao Povo brasileiro. As limitações da Presidenta são demasiado conhecidas. A sua responsabilidade em trazer de volta a inflação, a sua leniência com a corrupção (depois do curto interregno da faxina) e as características da administração da discípula são de molde a desencorajar quaisquer ilusões sobre a possibilidade que o Dilma 2 venha a ser diverso do Dilma 1. Um governo chocho, com mais escândalos, e a inchação do ministério que tudo levaria a crer iria atingir o número mágico dos ‘quarenta’.

         Em consequência, está fora de hipótese uma campanha propositiva. A ênfase estará no negativismo anti-Marina, que visa retirar a aura de novidade e de promessa da candidata do PSB. Para tanto servirão a meia-verdade e até mesmo a mentira deslavada.

        João Santana não há de esquecer a máxima do Dr. Joseph Goebbels, corifeu da propaganda nazista, segundo a qual mentira repetida vira verdade. Continuará a bater na tecla de campanha argumentos toscos e duvidosos, confiado na baixa cultura do meio a que se dirige. Para que se veja o estilo, basta assistir o filmete sobre o Banco Central, que a crer-se na falaciosa apresentação vai retirar a comida da mesa do pobre. Que não se tenha dado direito de resposta à  publicidade tão  falsa e desonesta diz muito sobre as condições em que trabalha o mago da propaganda petista.

        Segundo ‘levantamentos internos’ – é pelo menos o que consta da informação vazada pela campanha petista à reportagem da Folha – a duas semanas da eleição, a cúpula dilmista “trabalha com o cenário, baseado em levantamentos internos, que a petista superou Marina Silva nas simulações de segundo turno e seguirá na estratégia de mostrar que a candidata do PSB não estaria preparada para dirigir o país”.

       Assim, no intervalo que aguarda as novas pesquisas, se insere a perspectiva de que a estratégia dilmista navega em mar de almirante, enquanto avança contra a canoa de Marina, que perderia a vantagem não nos cenários do Datafolha, mas em uma projeção jogada para o público, a quem se deseja influenciar no sentido do poder petista...

 

Dilma e Paulinho 

 

          Ricardo Noblat, na sua conhecida coluna das segundas feiras de O Globo, que avulta pela importância das informações levadas ao conhecimento público, nos refere que Dilma Rousseff, na sabatina de O Globo com a candidata à reeleição, ‘repetiu várias vezes que era a principal interessada na apuração de denúncias de corrupção dentro ou fora da Petrobrás.’ Quanto a Paulo Roberto Costa ela garantiu que ele jamais fora homem de sua confiança. Não tinha com ele sequer a mais remota intimidade. Tanto que o demitiu em 2012.’

          Noblat vai adiante. Àquela altura da sabatina – consoante declara – não sabia ainda que o homem sem afinidade com Dilma havia sido um dos quatrocentos convidados  por ela para o casamento de sua filha em Porto Alegre (final de 2008). Presentes Lula, dez ministros de Estado e onze governadores. Ela trajava um vestido azul-petróleo. Lula confraternizou com Paulo Roberto, a quem chamava de ‘Paulinho’.

          Como foi indicado alhures, Lula manteve reuniões com o diretor Paulo Roberto.

           Aproveitando a sabatina, Noblat tentou por três vezes perguntar o seguinte a Dilma: “Se a senhora tanto se empenha em investigar a corrupção, por que não deu ordens expressas ao seu pessoal da CPI da Petrobrás para proceder assim”. Como a Presidenta tergiversasse e não respondesse à pergunta, o repórter tornou por mais duas vezes à carga. Debalde.  Quando quer, Dilma sabe fazer ouvidos de mercador.

            Apesar de dizer expressamente – como consta do final da coluna de Noblat – que ‘vou fazer a minha campanha. Tenho muito que mostrar. Não posso ficar preocupada com qualquer pessoa.’  No entanto, desde que apareceu empatada no Datafolha com Marina, ‘Dilma se ocupa em fabricar  mentiras diárias contra Marina. Precisa que a rejeição dela aumente para que possa tentar derrotá-la no segundo turno.’

 

O Erro do IBGE na pesquisa da PNAD

 

           Um dos poucos órgãos públicos que não foram aparelhados pelo PT, os dias de autonomia (e de consequente credibilidade) do IBGE podem estar contados.

           A primeira reação da Ministra Miriam Belchior, do Planejamento – a que está subordinado o IBGE – não poderia ser mais dura. Classificou a falha como gravíssima e acrescentou que Dilma Rousseff ficou perplexa ao ser comunicada do problema.

           A reação da Ministra deve ser vista no contexto da derrota inicial no que tange à anterior publicação da Pnad, a que se opuseram Gleisi Hoffman e Miriam Belchior. A abertura da sindicância já está marcada.

            Embora procure aparentar isenção, a reação da Presidenta tampouco pressagia boas coisas para o IBGE.  A sua resposta na entrevista é um tecido de contradições. Assim, Dilma diz que o erro do IBGE é ‘banal’, o que entretanto não a impede de asseverar que a titular do órgão, Wasmália Bivar, pode cair, se houver ‘falta’.  A Presidenta, com o seu modo algo confuso, afirma: “Em princípio, não julgo ninguém antes das provas. Agora, a decisão a respeito do conforto  (de ficar no cargo) é dela (i.e., a presidente do IBGE), é pessoal e não é minha. Se se caracterizar qualquer falta, é óbvio que ela não pode ficar no cargo. Mas, não tendo falta...”

            Na prolixa linguagem da Presidenta, não faltam estocadas para que Wasmália se exonere. Tentando bancar o bom guarda (enquanto a Ministra Belchior seria o mau...), o viés presidencial é mais do que óbvio. É a velha intenção petista  de subjugar a autonomia do órgão técnico, em  que o PT sofrera o primeiro revés – até hoje não perdoado – quando da tentativa de amaciamento da Pnad...

            Será que o PT perderá essa oportunidade de fazer sangrar (como os picadores na tourada) um pouco além da conta o touro IBGE, culpado de ser demasiado sério e  autônomo?

            Que não haja dúvida de que a única salvação para o IBGE de não ter, por ora, cerceada a autonomia está no altar da Santa Reeleição. Se Dilma e sobretudo o Líder Máximo, Lula da Silva, têm juízo na cachola não cometeriam tal erro político...

 

(Fontes:  Folha de S. Paulo,  O Globo )

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