Massacre de Marina?
Como já referido nesta
coluna, os ataques do PT à candidata Marina Silva continuarão. A campanha de Dilma segue as determinações do
marqueteiro João Santana: a ênfase continuará a ser negativa. A objetividade
fica em segundo plano. A prioridade está no ataque, com máxima atenção a tudo
que gere dúvidas sobre a confiabilidade da ex-petista. Por isso, não há interesse maior do estamento petista em
delinear, em termos conceituais, programas para valer. O objetivo é o ataque à
ameaça Marina, destruí-la em termos de apoio na opinião pública, por meio de
dúvidas, imprecisões, mentiras mesmo.
Não é uma campanha que tenha por
escopo desenhar uma perspectiva de atuação de Dilma em relação ao Povo
brasileiro. As limitações da Presidenta são demasiado conhecidas. A sua
responsabilidade em trazer de volta a inflação, a sua leniência com a corrupção
(depois do curto interregno da faxina)
e as características da administração da discípula são de molde a desencorajar
quaisquer ilusões sobre a possibilidade que o Dilma 2 venha a ser diverso do
Dilma 1. Um governo chocho, com mais escândalos, e a inchação do ministério que
tudo levaria a crer iria atingir o número mágico dos ‘quarenta’.
Em consequência, está fora de hipótese
uma campanha propositiva. A ênfase estará no negativismo anti-Marina, que visa
retirar a aura de novidade e de promessa da candidata do PSB. Para tanto
servirão a meia-verdade e até mesmo a mentira deslavada.
João Santana não há de esquecer a
máxima do Dr. Joseph Goebbels, corifeu da propaganda nazista, segundo a qual
mentira repetida vira verdade. Continuará a bater na tecla de campanha argumentos toscos e duvidosos, confiado na baixa cultura do meio a que se
dirige. Para que se veja o estilo, basta assistir o filmete sobre o Banco
Central, que a crer-se na falaciosa apresentação vai retirar a comida da mesa do
pobre. Que não se tenha dado direito de resposta à publicidade tão falsa e desonesta diz muito sobre as condições em que trabalha o mago da propaganda
petista.
Segundo ‘levantamentos internos’ – é pelo
menos o que consta da informação vazada pela campanha petista à reportagem da
Folha – a duas semanas da eleição, a cúpula dilmista “trabalha com o cenário,
baseado em levantamentos internos, que a petista superou Marina Silva nas
simulações de segundo turno e seguirá na estratégia de mostrar que a candidata
do PSB não estaria preparada para dirigir o país”.
Assim, no intervalo que aguarda as novas
pesquisas, se insere a perspectiva de que a estratégia dilmista navega em mar
de almirante, enquanto avança contra a canoa de Marina, que perderia a vantagem
não nos cenários do Datafolha, mas em uma projeção jogada para o público, a
quem se deseja influenciar no sentido do poder petista...
Dilma e Paulinho
Ricardo Noblat, na sua conhecida coluna das
segundas feiras de O Globo, que avulta pela importância das informações levadas
ao conhecimento público, nos refere que Dilma Rousseff, na sabatina de O Globo
com a candidata à reeleição, ‘repetiu várias vezes que era a principal
interessada na apuração de denúncias de corrupção dentro ou fora da Petrobrás.’
Quanto a Paulo Roberto Costa ela garantiu que ele jamais fora homem de sua
confiança. Não tinha com ele sequer a mais remota intimidade. Tanto que o
demitiu em 2012.’
Noblat vai adiante. Àquela altura da
sabatina – consoante declara – não sabia ainda que o homem sem afinidade com
Dilma havia sido um dos quatrocentos convidados
por ela para o casamento de sua filha em Porto Alegre (final de 2008).
Presentes Lula, dez ministros de Estado e onze governadores. Ela trajava um
vestido azul-petróleo. Lula confraternizou com Paulo Roberto, a quem chamava de
‘Paulinho’.
Como foi indicado alhures, Lula
manteve reuniões com o diretor Paulo Roberto.
Aproveitando a sabatina, Noblat
tentou por três vezes perguntar o seguinte a Dilma: “Se a senhora tanto se
empenha em investigar a corrupção, por que não deu ordens expressas ao seu
pessoal da CPI da Petrobrás para proceder assim”. Como a Presidenta
tergiversasse e não respondesse à pergunta, o repórter tornou por mais duas vezes
à carga. Debalde. Quando quer, Dilma
sabe fazer ouvidos de mercador.
Apesar de dizer expressamente –
como consta do final da coluna de Noblat – que ‘vou fazer a minha campanha.
Tenho muito que mostrar. Não posso ficar preocupada com qualquer pessoa.’ No entanto, desde que apareceu empatada no
Datafolha com Marina, ‘Dilma se ocupa em fabricar mentiras diárias contra Marina. Precisa que a
rejeição dela aumente para que possa tentar derrotá-la no segundo turno.’
O Erro do IBGE na pesquisa da PNAD
Um dos poucos órgãos públicos que não foram
aparelhados pelo PT, os dias de autonomia (e de consequente credibilidade) do
IBGE podem estar contados.
A primeira reação da Ministra Miriam
Belchior, do Planejamento – a que está subordinado o IBGE – não poderia ser
mais dura. Classificou a falha como gravíssima e acrescentou que Dilma Rousseff
ficou perplexa ao ser comunicada do problema.
A reação da Ministra deve ser vista
no contexto da derrota inicial no que tange à anterior publicação da Pnad, a
que se opuseram Gleisi Hoffman e Miriam Belchior. A abertura da sindicância já
está marcada.
Embora procure aparentar isenção, a
reação da Presidenta tampouco pressagia boas coisas para o IBGE. A sua resposta na entrevista é um tecido de
contradições. Assim, Dilma diz que o erro do IBGE é ‘banal’, o que entretanto não
a impede de asseverar que a titular do órgão, Wasmália Bivar, pode cair, se
houver ‘falta’. A Presidenta, com o seu
modo algo confuso, afirma: “Em princípio, não julgo ninguém antes das provas.
Agora, a decisão a respeito do conforto
(de ficar no cargo) é dela (i.e., a presidente do IBGE), é pessoal e não
é minha. Se se caracterizar qualquer falta, é óbvio que ela não pode ficar no
cargo. Mas, não tendo falta...”
Na prolixa linguagem da Presidenta,
não faltam estocadas para que Wasmália se exonere. Tentando bancar o bom guarda
(enquanto a Ministra Belchior seria o mau...), o viés presidencial é mais do
que óbvio. É a velha intenção petista de
subjugar a autonomia do órgão técnico, em que o PT sofrera o primeiro revés – até hoje
não perdoado – quando da tentativa de amaciamento da Pnad...
Será que o PT perderá essa
oportunidade de fazer sangrar (como os picadores na tourada) um pouco além da
conta o touro IBGE, culpado de ser
demasiado sério e autônomo?
Que
não haja dúvida de que a única salvação para o IBGE de não ter, por ora, cerceada a
autonomia está no altar da Santa Reeleição. Se Dilma e sobretudo o Líder
Máximo, Lula da Silva, têm juízo na cachola não cometeriam tal erro político...
(Fontes: Folha
de S. Paulo, O Globo )
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