Esse mar infelizmente não tem nada
a ver com as sondas da Petrobrás na exploração do pré-sal. Embora seja em dimensões muito maiores, a sua conexão
é com o mar de lama que o Presidente Getúlio
Vargas, às vésperas de seu suicídio, reconheceu existir na guarda
presidencial chefiada por Gregório
Fortunato.
Duas precisões,
no entanto, são necessárias. Em primeiro lugar, o presidente até então nada
sabia acerca da existência de um ‘mar de lama’ no Palácio do Catete[1],
contra que invectivava o demagogo Carlos Lacerda pelo seu jornal Tribuna da Imprensa. E ao assumir a
existência de tal mar, Vargas o fazia com o desalento do inocente que se
descobre traído pela sua própria gente de palácio.
A corrupção
hoje descoberta na maior empresa nacional constitui melancólica confirmação da
máxima de Lord Acton, de quanto o
poder corrompe.
Em boa hora,
a Polícia Federal fez acordo de delação premiada com o ex-diretor da Petrobrás Paulo Roberto Costa. Segundo refere a Folha de S.Paulo, ‘Costa foi indicado ao cargo pelo PP,
mas depois ganhou o respaldo do PT e do PMDB’.
Mais do que acabrunhantes,
os dados fornecidos por Costa – que está detido, espera-se, em lugar seguro –
são devastadores.
Dessarte,
pelo depoimento de Costa, até agora, doze senadores, quarenta e nove deputados federais,
e pelo menos um governador, receberam dinheiro desviado da estatal. Os
denunciados pelo ex-diretor seriam do PT,
PMDB e PP.
Ainda
consoante o relato do ex-diretor da Petrobrás, feito a procuradores e
policiais, políticos ficavam com 3% do valor dos contratos firmados pela estatal na época em que ele
era diretor (2004 a 2012).
Segundo se
assinala, a “decisão de (Costa) de colaborar com as autoridades espalhou o
pânico entre políticos e dirigentes de empreiteiras”.
Ainda de
acordo com a Folha, “o depoimento de
Costa chegou no começo desta semana ao Supremo Tribunal Federal para que o
Ministro Teori Zavascki homologue o acordo de delação premiada feito pelo
executivo com os procuradores. Os políticos citados por Costa só poderão ser
investigados com autorização do STF, onde parlamentares têm foro privilegiado.”
Como se
recorda, o Ministro do Supremo Teori Zavascki, a dezenove de maio,
concedera liberdade provisória a Paulo Roberto Costa ao ensejo de sua primeira
prisão, feita a 20 de março, por sentença do juiz federal Sérgio Moro.
Este
mesmo juiz, cuja competência é conhecida, decretou a onze de junho, por segunda
vez, a prisão do ex-diretor da Petrobrás. O Ministro Zavascki concordou com a
ponderação do Juiz Moro, por haver perigo de fuga de Costa, pela existência de
contas do ex-diretor no exterior.
Quanto a
possíveis repercussões na campanha eleitoral em curso, a critério de assessores
da presidenta, “as consequências das revelações de Costa para a campanha eleitoral são
imprevisíveis.” Esses assessores “temem
estragos na imagem da Petrobrás e do governo”.
É natural
que esses assessores – cuja identidade não foi revelada – achem que Dilma não
será pessoalmente atingida. Não é, entretanto, o que ocorreu no passado
recente, ao ensejo das CPIs da
Petrobrás, a eventual revelação de “irregularidades na estatal causa desgaste para
Dilma, corroendo a imagem de gestora competente que muitos eleitores associam a
ela”. Tais são indicações de pesquisas encomendadas pelo PT.
Semelha,
a propósito, sublinhar que Dilma
Rousseff foi ministra da Minas e Energia, e da Casa Civil, além de presidir
o conselho de administração da Petrobrás.
( Fontes: Folha de S. Paulo; “Getúlio 1945-‘954” , de Lira Neto, Cia. das
Letras, 3° volume )
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