Segundo noticia a Folha, em manchete, Dilma afirma que Guido Mantega não estará num 2º Governo. Na verdade, a
presidenta ficou a um passo de declará-lo explicitamente, mas para a imprensa
pareceu óbvio.
Disse a
candidata petista: ‘Eleição nova, governo
novo, equipe nova’. Tudo isso dá o embasamento para a ilação da mídia. Não
se pense, porém, que Dilma assim procede por elegância e respeito ao
colaborador.
Ao formular-se
tal qualificação, dá para imaginar o riso escarninho do poder petista, para
quem não cabem tais mesuras em hora de onça beber água.
É a própria
Dilma quem prega os pregos: “Eu não falo isso (nomes da equipe). Sabe por quê?
Por que dá azar falar de uma coisa que ainda não ocorreu. Mas é governo novo,
equipe nova. Não tenha dúvida nisso.”
A longevidade
política nem sempre depõe a favor do funcionário interessado. Mantega foi
guindado à Fazenda por Lula da Silva, por causa do
levantamento do sigilo bancário do caseiro Francenildo
Costa pelo Ministro Antonio Palocci. Este último fora demitido pelo
Presidente Lula a 27 de março de 2006. A decisão era politicamente inevitável,
por mais prejudicial que tenha sido para a economia.
Saindo
Palocci e a sua gestão firme, entrou Mantega, e não tardaram as capitalizações, tão do agrado de Lula.
Aconselhada
pelo chefe, Dilma manteve Guido Mantega na Fazenda. Os estilos dos dois
ministros são bastante diversos. Não vejo a novel presidenta cometendo tantos
erros de avaliação ao abrir o vaso das bondades inflacionárias, se Palocci
houvesse continuado.
Por outro
lado, atendido o retrospecto da economista Dilma ao assumir as rédeas da
governança, das duas uma se a hipótese
Palocci permanecesse válida: ou
ele a teria dobrado, mostrando-lhe o contrassenso de redespertar o dragão, ou a
fogosa mandatária o teria substituído por alguém mais manipulável.
De qualquer
forma, como Mantega foi confirmado, não há dúvida de que a situação veio a
calhar para Dilma. Pois há apenas uma precisão a fazer: reconfirmando Guido
Mantega, a presidenta na verdade assegurou a própria permanência à testa da
Fazenda. Além disso, Mantega seria apenas um primus inter pares, eis que outros altos funcionários como Arno Augustin,
do Tesouro, tem acesso direto à Chefa.
Tudo o
que ocorreu neste quadriênio foi consequência, em boa parte, da
imprevisibilidade presidencial que semeou a confusão na economia e a incerteza nos
empresários, a fortiori por ignorarem
onde cairiam as desonerações fiscais et al.
Dessarte,
quando Dilma sinaliza que em governo novo, Mantega salta, o mercado pode
deduzir das duas, uma: ou tudo isso são assertivas veleitárias, que os fados
políticos disporão de outra forma (com a eleição de Marina), ou a nomeação de
substituto para Mantega não mudará a realidade preexistente, que é a economia
perdurar nas mãos de Dilma Rousseff.
Não é comovente a maneira atenciosa e
respeitosa de Dilma para com seus auxiliares diretos? Até me pergunto por que Nelson Jobim saíu
batendo a porta nas primícias do dílmico poder...
( Fonte: Folha de S. Paulo )
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