terça-feira, 30 de setembro de 2014

Diário da Mídia (XXIV)

                                 

Bolsa tem maior queda em três anos



       Ao ler nos cabeçalhos da Folha e O Globo que a Bolsa de Valores tem a maior queda em três anos, lembrei-me da funcionária do Santander que foi abjetamente despedida pela pressão de Lula & Cia. por haver informado corretamente os clientes do banco de o que aconteceria se Dilma Rousseff subisse nas pesquisas.

       Acaso vão chamá-la de volta, depois do triste espetáculo de curvar-se à suposta cólera do estamento petista acerca de o que ocorreria com as ações na Bolsa se tivesse confirmação nas pesquisas de opinião  a expectativa de que prevaleceria Dilma Rousseff, malgrado a sua gestão ruinosa tanto na economia, quanto nas finanças de Pindorama ?

 

Pergunta que fica no ar

 
        Será que a candidata do PSB, Marina Silva, continuará a ser a plácida e um tanto apática participante nos debates desta última semana antes dos comícios de outubro? Sem na prática reagir à campanha concertada - e pela própria Marina denominada de mentiras – da propaganda de Dilma Rousseff, como a candidata das esperanças do Movimento de Junho de 2013, pretende comportar-se no embate final pré-primeiro turno da Rede Globo?

        Continuará a ser a plácida Marina, que não reage, nem expõe a campanha insidiosa que vem sofrendo não só da Presidenta Dilma Rousseff, quanto do tertius Aécio Neves?

        As intimidações da campanha adversária – a que ajuda a distribuição iniqua no tempo de publicidade – continuarão a ecoar sem respostas incisivas e enérgicas, passivamente aceitando o derretimento da sua aprovação anterior, provocado pelas ‘mentiras’ do discurso antagônico (nas palavras da candidata Marina) e sobretudo pela carência de qualquer resposta que traga a verdade para as salas e as praças do Povo brasileiro ?

         Será que as bazófias de Lula da Silva & Cia. continuarão a prevalecer, forçando os fracos a recuarem e fazer a mentira aparecer como verdade?

 

Levy Fidelix e a homofobia

 
           Por quanto tempo perdurarão na memória coletiva as declarações homofóbicas desse candidato nanico? 

           O que significa inchar a participação nos debates presidenciais a candidatos que não pontuarão nem 1% do eleitorado brasileiro? O que representam esses senhores e senhoras que enchem a boca para falar de o que farão em seus governos, quando todos sabem que apenas três candidatos contam, e os demais, com os devidos respeito e atenções, não têm nenhuma relevância para o resultado final ?

          Há, decerto, representantes de partidos sérios como o PV e o PSol, mas infelizmente o seu percentual é mínimo e sem relevância para o resultado final.  Quando Fidelix foi definido por repórter como representante de legenda de aluguel,  esse senhor reagiu violentamente.  De aluguel ou não, não é problema do grande público. O que me parece não levado na devida conta é o emprego objetivo do tempo.

          Que me perdoem Luciana Genro (PSol)  e Eduardo Jorge (PV). Muita vez as suas intervenções têm enriquecido o debate. Mas forçoso se me afigura assinalar que não têm qualquer condição política de alcançar o seu suposto objetivo.

 

O  ‘Erro’  do  IBGE

 

           Estará começando o calvário do IBGE? Anuncia-se que o Instituto vai sofrer ampla auditoria do Tribunal de Contas da União.  O escopo seria avaliar a ‘estrutura de governança’  do Instituto.

           O ‘erro banal’  na Pnad – consoante definido pela candidata da coalizão  PT/PMDB e muitas outras siglas na sopa do oportunismo governista – irá motivar uma sazão no inferno da burocracia, para  Instituto cuja principal qualidade (ou defeito) não é ser governista ?

           O TCU pode ser visto como realizando auditorias respeitáveis – e há exemplos nesse sentido.  Nas obras da Copa do Mundo fez exame meritório, e que chamou a atenção para pontos débeis na atuação do Poder Executivo. 

           É de esperar-se que tal volte a ocorrer, pois o IBGE é uma das poucas ilhas não atingidas pela maré populista. Que eu saiba os erros do IPEA, pela sua orientação lulo-petista, não tiveram maiores consequências.

           Que o deslize da Pnad não vá provocar uma alçada de escudos nas ameias da fortaleza dilmo-petista – como se tentara faz alguns meses no ensaio de um corte na Pnad.

 

Zavascki dá liminar em favor dos militares

 

         É lamentável que os mais recentes ministros do STF continuem a apegar-se à velha doutrina que desconhece os progressos dos novos ventos do Direito Internacional Humanitário. O Senhor Teori Zavascki acolheu liminar impetrada por cinco militares, acusados de participação na morte do Deputado Rubens Paiva.

            Com exceção do Brasil, se difunde a nova doutrina em termos de Direitos Humanos, que assegura a sua imprescritibilidade à luz da Jurisprudência não só das Cortes Européias, assim como daquela da América Latina.  A velha senda que admitia a prescrição nos crimes contra a Humanidade (como são a tortura, seguida ou não de morte) vai-se tornando de resto um atraso jurídico. Exemplo disso é querer manter a validade da auto-anistia (proclamada pelo Governo Figueiredo), que isenta os militares e civis de responsabilidade penal, dos delitos cometidos durante o período do regime militar.

            É lamentável que, no Brasil, o progresso na jurisprudência humanitária se verifique na Justiça Comum e na de Segunda Instância.  Como baluarte de  visão retrógrada temos a última manifestação colegial do Supremo. É mais do que lamentável que juízes mais atentos aos progressos da jurisprudência humanitária não tenham sido guindados ao Supremo, na linha de Aires Brito e outros poucos.

            Esse tipo superado de viés judicial – por muitos visto como caudatário fora do tempo do poder castrense – continua infelizmente de pé, e o evidencia a justificativa de Zavascki para a sua decisão epimeteica:  “O STF já decidira pela confirmação da Lei da Anistia”.

            Que me releve Sua Excelência, mas o fato de o Supremo ter-se manifestado no passado pela confirmação da Lei da Anistia não basta para garantir-lhe ad aeternum a validade. Os novos ventos do Direito Internacional Humanitário recomendam enfaticamente, sobretudo diante  da nova jurisprudência tanto de Primeira Instância, quanto de instâncias superiores, atentas aos promissores avanços do  D.I.H..

            A fortiori, o direito no Brasil tem de seguir as lições de grandes Ministros como Ayres Brito.  Não é mais possível fazer de conta que as normas do Direito Humanitário não sejam universais. Não é mais aceitável que crimes como os cometidos  contra o Deputado Rubem Paiva, barbaramente torturado e morto sob a mais plúmbea sazão da ditadura militar, não venham afinal a receber o tratamento e a sanção que lhes é amplamente devida por força do novo Direito Internacional Humanitário.

             Por perempto e mais do que superado, abandone-se o guarda-chuva da Lei de auto-anistia.  Idealistas como Rubem Paiva e tantos outros tombados nesse campo de batalha, o fazem amplamente por merecer.

 

( Fontes:  O  Globo,  Folha de São Paulo )

Nenhum comentário: