De início, um comentário genérico, mas indispensável.
Não entrevi em nenhum momento durante o longo interrogatório a que foi
submetida, que a candidata Marina Silva (PSB) aparentasse dificuldade ou
intentasse desviar a pergunta, como se nela houvesse algum aspecto que devesse
ser ocultado.
Questões tolas, artificiais e até
maldosas, não faltaram. Marina demonstrou, como sempre, o que os brasileiros se
estão conscientizando cada vez mais. Se alguém deseja colocá-la em dificuldade,
com desígnio de atraí-la a declarações que possam ser
instrumentalizadas posteriormente, não está dito que isso seja impossível, mas
pelo conhecimento demonstrado nas matérias debatidas, pode-se adiantar aos
candidatos a acusadores que as suas possibilidades são diminutas e na maior
parte dos casos tendem para zero. Tal foi verificado com a colaboração
involuntária de alguns medalhões da equipe global.
Para dar à sessão conotação positiva,
o espectador só pode reclamar das deficiências ocasionais de manutenção pelo site da Globo, no que tange à entrevista.
Por cerca de três vezes, a imagem caíu e o som desapareceu. Felizmente, mais
para o fim da entrevista isso não
mais ocorreu.
Marina pôde esclarecer o possível
quanto às diversas cascas de banana que alguns experientes repórteres tentaram
jogar-lhe. Ela manteve sempre a fleuma, respondeu à eventual pergunta de forma
ampla, sincera e, quando possível, exaustiva.
Com abrangente conhecimento do
programa de sua candidatura – frise-se que recebe perguntas quem submete esse
tipo de documento, o que não foi feito nem pelo PT de Dona Dilma, nem pelo PSDB
de Aécio – Marina respondeu de forma
ampla e satisfatória as diversas questões, a começar pelas inverdades relativas
ao pré-sal.
Ouvi-la falar, com a sua segurança e
domínio dos temas, já é experiência que impressiona e cativa. Não teve
dificuldade em responder ao que quer que fosse, mesmo em se tratando de
intentos à maneira dos antigos partas (que, de costas e em retirada, costumavam
lançar perigosas setas contra
adversários que pensavam estar em vitoriosa perseguição). Não gaguejou, não titubeou e sobre tudo tinha
um raciocínio coerente e estruturado. Não estava respondendo a questionário
que conhecesse de antemão, e, não obstante, enfrentava a questão de forma
aberta, clara e sem tergiversações.
Tampouco atacou os seus dois adversários. Somente lamentou que intentem
desconstrui-la com colocações não corroboradas pelos fatos, feitas em geral na
sua ausência.
Marina me impressionou pela
firmeza na argumentação, que se estendeu a temas delicados e mesmo difíceis,
como o reservado para o fim, relativo à situação do avião de Eduardo Campos.
Desarmou a questionante o fato de responde-lo sem evasivas, e limitando-se ao
que está em processo.
Outras intervenções lapidares foram
aquelas concernentes ao pré-sal (e às ilações fantasiosas), de religião (e da
conversão evangélica), de implicações da fé na política, do instituto da reeleição,
de projeto de novo Brasil, de tempo (ou falta de tempo) para a publicidade
eleitoral, da sua experiência política e
de todas as versões e ocasionais inverdades a que os adversários não se cansam
de recorrer.
Uma recomendação aplicada a
todos os telespectadores ou ouvintes, no caso de falta ocasional de imagem (por
culpa do site do jornalão): se
estiverem armados de boa fé, não esperem aí encontrar matéria para alavancar as
campanhas adversárias.
Por isso, recomendo: se V. é
adversário de Marina, mesmo sem conhecê-la, encareço vivamente que evite
assistir a suas entrevistas. Pois corre o grave risco de aí verificar que no
Brasil de hoje cresce formidável candidata, que tem caráter, conhecimento,
prática e experiência no mister para tornar-se uma grande presidente.
( Fonte: Site
de O Globo )
Nenhum comentário:
Postar um comentário