O problema com o governo Dilma Rousseff está bem
refletido na sua atual manobra para contornar a falta de fundos.
O baixo crescimento da economia força
um redimensionamento da previsão de receitas para 2014. Dessarte, a Fazenda reduziu em R$ 10,5
bilhões a sua previsão de receitas para o ano corrente. No entanto, e aí entra
a dílmica gastança, ao invés de adequar-se à realidade da economia – a projeção
de crescimento do PIB seria na versão oficial
0,9%, mas o mercado financeiro
prevê apenas uma alça de 0,3% - o governo vai sacar R$ 3,5 bilhões do Fundo
Soberano.
Temos de volta, por conseguinte, as velhas manobras na
contabilidade fiscal, para fechar as contas públicas em 2014, sem corte efetivo
nas despesas discricionárias (custeio e investimentos).
Para compensar a perda na
arrecadação, o Tesouro vai sacar R$ 3,5 bilhões do Fundo Soberano. Esse Fundo
foi criado em 2008 (governo Lula), com recursos do superávit primário (que, em
princípio, deve ser utilizado para amortizar os juros da dívida). O Fundo Soberano é, portanto, uma reserva de
emergência para ser empregada em momentos de crise. Já em 2012 – e portanto,
sob a administração de Dilma Rousseff – o Erário sacou R$ 12,4 bilhões do Fundo
para fechar o caixa do ano... (quando criada, a poupança tinha R$14 bilhões).
Como se poderia esperar, a previsão dos especialistas no assunto
é de que o Governo Dilma Rousseff ,
mesmo com as notícias ontem anunciadas, não
vai cumprir a meta de superávit primário prevista para 2014.
Tanto Margarida
Gutierrez, da Coppe/UFRJ, quanto Raul Velloso (experto em contas
públicas) dão opiniões assaz negativas sobre os procedimentos fiscais do
Governo Dilma. Assim, a professora
Gutierrez aponta para o ceticismo que cercou a criação do Fundo Soberano: “é
mais uma medida que só mostra a indisciplina fiscal que reina no país desde
2012”. E Velloso aduz: “O que eles estão fazendo e refazendo são
estimativas, sem nenhum corte.”
Na verdade, esse fim de festa da Administração
Rousseff corre o risco de tão só repetir o jogo de cena do ano anterior. Então,
como se recorda, o Ministro Guido Mantega, em jogada de mágico, tirou da cartola o coelho de um surpreendente
superávit primário.
O efeito de prestidigitador duraria
muito pouco. Na verdade era outro truque fiscal com o emprego de Restos
a Pagar, para a suposta salvação da lavoura. Daí há uma
forte possibilidade – que o comportamento fiscal antecedente aponta com fortes
indícios de probabilidade – de reincidência da Fazenda em manobras do gênero.
Intui-se, portanto, o ceticismo
dos especialistas acima citados no que tange às perspectivas (fiscais) para o
corrente fim de Governo. No ar, além dos aviões de carreira, na frase
famosa de Aporelli, paira o ceticismo
acerca de mais essa mágica manobra que também teria prazo de validade bastante
reduzido, haja visto o descrédito colhido pelas lambanças fiscais anteriores.
( Fonte: O Globo
)
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