sexta-feira, 3 de janeiro de 2014

A Ilha da Fantasia

                                        

         Apesar dos malabarismos fiscais, a balança comercial brasileira registra o pior resultado em 13 anos. Em 2000, houve um saldo negativo de 731 milhões, e agora, no papel, houve superávit de US$ 2,5 bilhões.
          A maior parte do déficit foi decorrente da conta petróleo, em que houve saldo parcial negativo recorde de US$ 20,3 bilhões. Há dois artifícios na contabilidade desta conta: cerca de US$ 5 bilhões deveriam ter entrado nas estatísticas de 2012, mas foram jogados para 2013, porque as autoridades então acreditaram no incremento das exportações e na consequente diluição desta entrada.

          Não foi, contudo, o que aconteceu: as exportações de petróleo despencaram, como se viu acima.
          E os malabarismos fiscais não ficaram nisso. O saldo positivo na balança comercial se deve a uma exportação fictícia: foram incluídas na conta das exportações, que somaram US$ 242,178 bilhões, as vendas de sete plataformas de petróleo (US$ 7,736 bilhões). Construídas no Brasil, foram vendidas a empresas estrangeiras (algumas subsidiárias da Petrobrás) e depois alugadas pela própria estatal. E mesmo não envolvendo saída efetiva das mercadorias do Brasil, as operações foram contabilizadas como exportação...

          Tradicionalmente, a balança comercial constitui o forte de nossas transações com o exterior. Quando elas vão mal, ou quando o saldo é pouco significativo (além de ser produto da conhecida contabilidade criativa), as perspectivas para o balanço de pagamentos não se afiguram como favoráveis.

         No final do exercício de 2013, as contas carecem de ser zeradas. Se o balanço de contas correntes – que inclui, além da balança de mercadorias, invisíveis, turismo, transações financeiras, etc. – em que a nossa posição costuma ser deficitária,  o resultante saldo negativo precisa ser compensado ou pelo excedente na balança comercial, ou pelo saldo positivo geral com o exterior.
        Malgrado todas as lorotas dos gerarcas do PT – com Lula à frente – de nossa condição de credor  do  Fundo Monetário Internacional, na realidade as nossas reservas internacionais (em torno a trezentos e setenta  bilhões de dólares em agosto de 2013) eram superiores nessa data à divida externa, no montante respeitável de 325 bilhões de dólares. Nessas condições, haveria um saldo ativo de 45 bilhões de dólares.

        Se o déficit no balanço de contas correntes fôr muito grande – como o indicaria, entre outras, a gastança dos turistas brasileiros no exterior -  o colchão de divisas para absorver o eventual déficit pode acabar com um crédito assaz frágil, ou até mesmo um déficit. De qualquer forma, com o endividamento de estados – a que o Senado Federal em geral não aplica o necessário controle – esses 45 bilhões, legados por Lula, podem esfarelar-se mais prontamente do que contam as autoridades. Se as coisas forem por água abaixo, dentro do retrospecto da presente administração, a tal condição que a permite jactar-se de ser credora do velho algoz de nossos Ministros da Fazenda – quantos compromissos firmou Delfim Neto com o FMI ? – pode durar tanto quanto as miragens no deserto...

 
 
(Fontes: O Globo, Folha de S. Paulo, VEJA)

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