segunda-feira, 19 de janeiro de 2015

Rescaldo da Festa

                                            

   Papa Francisco nas Filipinas

 
                 Com o seu carisma, coragem e convicção, Papa Francisco celebrou missa nas Filipinas,para        seis milhões de fiéis.
                 A atenção prestada pelo Pontífice às dificuldades locais foi registrada pela população de um país em que 25 milhões (um quarto do total) vivem na pobreza. Os baixos salários forçam muitos filipinos às incertezas da imigração, em que a promessa de salários dignos muita vez é escarnecida por esquemas em que os estrangeiros são defraudados, experimentando servidões em que até os passaportes lhe são retirados.

                 O Papa Francisco, assim como o seu distante exemplo, S. João XXIII, tem sido uma dádiva para uma Igreja, que antes mais privilegiava os ricos e semelhava afastar-se do povo.

                 Assim como o Brasil, as Filipinas são investidas por evangélicos, em que o zelo dos missionários,  quando  se  aproxima  dos mais carentes, será muita vez com a perda da mensagem de Igreja que se confunde com a nacionalidade, e que não é patrimônio de poucos.

                 Glyzelle Palomar, menina de doze, levada ao Pontífice, questionou a razão de Deus permitir tantos e diversos males aos menores de idade: “Por que Deus permite que miséria, prostituição e drogas aconteçam até mesmo para crianças inocentes? E por que há tão poucos nos ajudando?”

                 Emocionado, e em lágrimas, Papa Francisco disse não ter resposta para a pergunta.

                  “Só quando somos capazes de chorar nos tornamos capazes de chegar perto de uma resposta à sua pergunta.”

                  Papa Francisco se disse surpreso com a seleção de pessoas para lhe colocar perguntas. Das quatro escolhidas, só uma era do sexo feminino.

                  “Há apenas uma pequena representação feminina aqui, muito pequena. As mulheres têm muito a nos dizer na sociedade atual. Às vezes, nós os homens, somos muito machistas. Não damos espaço às mulheres, mas elas são capazes de ver as coisas por um ângulo diferente do nosso. (...) As mulheres são capazes de fazer perguntas que nós, os homens, não conseguimos entender.”

                   Papa Francisco reiterou ser definitiva a proibição da Igreja Católica à ordenação de mulheres.

                  A Igreja de Cristo, que é mais do que bimilenar, já teve muitas interdições e muitos anátemas de que o tempo e a maior compreensão ajudaram a afastar. Papa João Paulo I, no seu pontificado de pouco mais de trinta dias, já nos dissera em homilia que Deus também é mulher. A sua mensagem do sorriso e da bondade, se efêmera na aparência, lançou muitos dons joaninos que um dia hão de frutificar.

                  Por isso – e o próprio Papa Bom, João XXIII, hoje santificado, no seu discurso ‘Gaudet Mater Ecclesia’ [1] que é a solene oração de 11 de outubro de 1962, de abertura do Concílio Vaticano II –  dissera  que a Santa Madre Igreja já lançara muitas severas condenações, sobre as quais depois calaria, como o prenuncia o seu pressago sermão.  

                  Não há limites para a misericórdia de Deus. Os próprios conclaves, com a sua fumaça branca podem trazer boas novas para o imenso rebanho de Cristo. A expressão o inverno na Igreja fora cunhada por grande teólogo, Karl Rahner S.J., surgido no pontificado joanino, e depois entristecido por papas que não correspondiam aos aparentes reclamos do catolicismo. Quem poderia, no entanto, esperar que do último conclave sairia um Pontífice de que um dos primeiros pedidos fosse que a comunidade de fiéis por ele rezasse?  E que assim como Rahner, pertenceria à ordem dos jesuítas, sendo o primeiro deles a integrar a série iniciada por São Pedro? 


    A Refinaria Abreu Lima

 
                 Desde muito pairavam sobre a Refinaria Abreu Lima suspeitas de superfaturamento. Lá acontecia quase às claras o que posteriormente veio a ser sabido acerca do escândalo do Petrolão na Petrobrás como um todo. Mesmo alguém fora dos círculos dos conhecedores, dadas as muitas suspicácias vindas à tona na imprensa, teria já motivos para suspeitar do que ali se aprontava.

                   Diversos partidos se lançaram esfomeados sobre a presa daquela Refinaria, que, por artimanhas só suscetíveis de atribuir ao demo, passava por obra de Santa Engracia, , que não terminava nunca, tal o número de supostas melhorias e aperfeiçoamentos que os diligentes construtores haviam por bem encomendar. 

                    A ganância das empreiteiras se reflete no espelho da elevação dos supostos custos de US$ 2,4 bilhões para US$ 18,5 bilhões. Paulo Roberto Costa, o Paulinho de Lula, ex-diretor da Petrobrás, e hoje em prisão domiciliar, revelou na delação premiada que participou de esquema de corrupção com a participação de vários fornecedores da estatal.

                   Além de Costa, dois outros diretores foram presos: o ex-diretor de Engenharia Renato Duque, liberto por providencial liminar do Ministro Teori Zavascki, e o ex-diretor internacional (e põe internacional nisso) Nestor Cerveró, preso na semana passada, ao retornar de viagem ao Reino Unido, com supostos fins escusos.

                   A Folha de S. Paulo noticiou ontem que relatório de Comissão Interna da Petrobrás sobre a Abreu e Lima concluiu que a dita refinaria acarretara prejuízo de US$ 3,2bilhões. 

 
Caixa cria  empresa paralela

 
         Seguindo o ‘exemplo’ da Petrobrás, a Caixa Econômica Federal, a grande gestora da Bolsa-Família, constituíu uma SPE (sociedade de propósito específico), virou sócia da empresa criada e contratou sem licitação o empreendimento feito para a prestação de serviços de tecnologia de informação da ordem de R$ 1,2 bilhão, conforme processo que corre em sigilo no Tribunal de Contas da União.

            O contrato em apreço está suspenso há dois anos em razão de medida cautelar no âmbito do processo, que viu irregularidades no negócio.

            No final de contas, a Caixa estruturara um empreendimento privado que tem como sócia majoritária a IBM Brasil, que é detentora da tecnologia de processamento de crédito imobiliário. Pareceres do TCU apontaram ‘obscuridade’ dos critérios que levaram à escolha da IBM Brasil como “real e final prestadora dos serviços que a Caixa pretende contratar, em aparente ofensa ao princípio da impessoalidade”.

            A CEF driblou a obrigação legal da licitação. Ao escolher a subsidiária da IBM no Brasil, a empresa pública teria agido “em aparente ofensa ao princípio da impessoalidade”.

            Nesse sentido, Ministros do tribunal vão valer-se desse contrato da CEF – assim como a construção da rede de gasodutos Gasene, por meio de empresa paralela da Petrobrás, para colocar em votação a inconstitucionalidade do modelo de SPEs.

            O argumento básico a ser empregado é que as ditas SPEs permitem dispensas ilegais de licitação que não condizem com as regras estabelecidas para estatais e empresas públicas. Essas sociedades (as SPEs) ensejam contratos bilionários e muitas suspeitas de irregularidade. Elas não são exclusividade da Petrobrás.

            Veja-se, v.g., a notória Gasene. Ela foi construída por uma ‘empresa de papel’, presidida por um laranja. As obras foram superfaturadas em mais de 1.800%  em determinados trechos. O real controle do empreendimento coube à Petrobrás, que hoje paga os financiamentos contratados junto ao BNDES. Para sair do papel foram necessários repasses de R$ 4,5 bilhões.

 

( Fontes: O Globo; Enchiridion Vaticanum )

 

 

 

 

 



[1] Alegra-se a Santa Madre Igreja.

Nenhum comentário: