Se a expressão latina in vino veritas (no vinho, a verdade)
reflete o desatar da língua pela bebida, a charge de hoje de Chico Caruso, de
longe o nosso maior cartunista político, mostra com as digitais de um
ex-torneiro mecânico o triste segredo de polichinelo que voeja por todas as
mentes, excluídas talvez aqueles companheiros mais próximos e que seguem o
grande líder. Assim, a figura de Maria das Graças Foster com os seus cabelos
compridos, monta o quadro do in risu
veritas.
Infelizmente,
a corrupção parece haver tomado conta de nosso país. O rei está nu, mas quando
surgirá a criança que gritará a plenos pulmões que Sua Alteza está pelada, e
não veste nenhum manto transparente e inconsútil, como lhe impingiram os
cortesãos?
A presidenta
que ele nos impingiu, e que acaba de ser reconfirmada por uma votação apertada,
e só desvelada pelo T.S.E. nos seus finalmente, entrou em negação.
Ela reúne o seu patético ministério dos
trinta e nove ministros, para na crítica de Miriam Leitão combater as versões
quando deveria lidar com os fatos.
Diz o povo
que é o pior cego é aquele que não quer ver.
Dilma se vira
de costas para o seu passado mandato. Há o limite que a verdade estabelece.
Assim, como se atreve a falar ‘estamos diante da necessidade de promover um
reequilíbrio fiscal’, cabendo-nos agora “medidas de caráter corretivo” ?
Não se dá
conta, por acaso, que está tapando o sol com a peneira? Todo brasileiro sabe
que foi ela que, por sua imprudência e inépcia, trouxe a inflação de volta. E o
mercado não desconhece que ela também trouxe a desordem para o Erário público,
como agora o confirmam as contas do Governo Federal, com rombo de dezessete bilhões que é o quanto a
despesa superou a receita. O desastroso e destrambelhado Dilma I marcam o primeiro déficit fiscal depois de 1997,
quando começa a série estatística e se afirma a conquista do Plano Real, que o seu improvidente
governo tudo fez para desbaratar, como se estivesse correta a cega oposição do
Partido dos Trabalhadores ao Real, chegando a contestar-lhe a chave da
abóbada - a Lei de Responsabilidade
Fiscal – na barra do Supremo.
Dilma, como
o seu criador – que com ela criou o seu primeiro poste – quis sempre ver o
Plano Real como uma realização partidária, e não como projeto abraçado por
Nação cansada da carestia e hiperinflação.
No seu
pouco responsável primeiro mandato, Dilma Rousseff e seus partidários tudo – ou
quase tudo – fizeram para desestruturar o Plano
Real. Faltou ao PT e a seus líderes a grandeza e a inteligência de
reconhecer que, pelo seu êxito e magna conquista de vencer a inflação –
que entorpecera o Brasil e seu desenvolvimento desde a década dos sessenta – o
plano real se tornara um acervo do Povo brasileiro, e não mais projeto
carimbado por partido político.
Quando os
líderes ignoram o bom senso e julgam-se em condição de negar a verdade que está
na boca do povo, como no passado havia cartórios demasiado liberais na
validação das firmas, e colocam a esquizofrenia não como estado mórbido da
mente, mas como instrumento de ação governamental, não carece abrir vísceras de
pássaros inocentes, nem buscar no terreiro das quartas-feiras indicações que o
dia-a-dia já não desvelou.
Os
microcéfalos avestruzes enterram a cabeça na areia como forma de negar a
realidade.
Desde o
mítico festim de Baltazar[1]
que os purpurados têm dificuldade de lidar com a realidade, se porventura madrasta.
( Fontes: O Globo,
Folha de S. Paulo )
(a continuar)
[1] No festim de Baltasar, rei
da Babilônia, neto do Nabuconosor, aparecem na parede palavras em língua que
ignora. Chamado o profeta Daniel, este decifra a mensagem que avisa da partilha
do Reino e sua próxima queda.
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