Em duas colunas
sucessivas, Míriam Leitão nos dá visão de
uma batalha que já está perdida. Em sua húbris, a Presidenta se nega a ler o que
está escrito nas paredes de seus palácios.
Assim, ela convoca reunião de seu farsesco
ministério para combater a realidade.
Nesse sentido, pede o empenho da amorfa tropa para uma batalha que já se sabe
perdida.
Para a crise
de energia, reservou apenas uma frase: “todas as ações cabíveis para assegurar
o fornecimento de energia”.
Há dois anos
o Brasil vive tremenda seca. No entanto, as palavras foram usadas para
dissociar o governo federal de ações concretas para a solução da questão, eis
que o suprimento é atribuição dos estados, mas o Governo Federal está ajudando
todos os governadores, principalmente os do Sudeste, pela gravidade do problema
que enfrentam.
Há um ano,
quando os reservatórios das hidrelétricas estavam em 40%, especialistas e
empresas do setor pediam a racionalização do uso de energia, que permitisse
poupar água nos reservatórios e o desligamento das térmicas mais caras. Hoje,as
térmicas permanecem ligadas e os reservatórios estão em 17%.
Como se vê, não se trata de agir e fazer. É
como se o processo eleitoral continuasse, e o que importa, numa hipotética
batalha pela opinião do Povo, será a retórica do discurso.
Dir-se-ía que
a Presidenta no seu combate assumiu apenas a negação, dentre as atitudes psicológicas, ou estágios do luto,
elencados pela Kübler-Ross.[1] A essa díspare companhia que é o seu
gabinete, Dilma preconiza: reajam aos boatos, travem a batalha da comunicação.
Diante da realidade, ela recomenda o discurso da retórica.
Em outro
aspecto, a presidente afirmou “estamos diante da necessidade de promover um
reequilíbrio fiscal” e tomar “medidas de caráter corretivo”. A esquizofrenia
política a leva, no entanto, a esquecer que as escolhas de Dilma I “são parte
integrante do desequilíbrio fiscal em que o país está agora. E isso não é
boato, nem versão; são os fatos.”
Por outro
lado, o problema da corrupção do governo do PT tampouco é intriga da oposição.
A patética espera do Governo por um balanço aceitável da Petrobrás não encontra
uma saída na publicação pela metade do balanço da corrupção,
Diante do
assalto sofrido pela Petrobrás a PricewaterhouseCoopers (PwC) não tem ainda
condições de auditar o balanço da Estatal. Depois do aparelhamento da Petróleo
Brasileiro S.A. pelo Partido dos Trabalhadores, a formação de cartéis
voluntários ou não pelas grandes empreiteiras, e a implantação da propina como
norma, dá para entender porque a empresa tenha posto R$ 88 bilhões sob
suspeita. Tais estimativas são, no entanto, suposições, que não podem ser
colocadas no resultado financeiro, malgrado os dois meses de atraso e a
impossibilidade de uma auditoria técnica, conforme aos padrões das grandes
firmas de auditoria.
Neste vexame
nacional e internacional – porque não há só o perigo de multa da SEC (Securities and Exchange Commission) e elas não costumam ser pro-forma, mas há também o risco de o
Brasil cair sob as garras dos Fundos Abutre, as nêmesis de Cristina Kirchner.
Assim, a corrupção na Petrobrás se alevanta imponente como um programa de
governo, o famigerado Petrolão, que substituíu faz muito o Mensalão como fonte
de financiamento de partidos da base.
Como o processo da Petrobrás o mostra com
crescente clareza, a cupidez político-partidária e a corrupção como sistema de
governo trazem dentro de si sua própria
perda, que vem pela própria cobiça dos interessados, a ilusão de sistema à
prova da eventual denúncia que surgirá pela própria exponencial dinâmica do
processo e a consequente impossibilidade da manutenção do sigilo.
É o que estamos
ora deparando. Como diria Aporelly, há muitas coisas no ar, além
dos aviões de carreira.
Mais uma
vez pode configurar-se processo de nome inglês, o chamado impeachment. Ele tem força inercial específica, como o único
exemplo pregresso o demonstra. E por mais corrupto que seja o meio que deva
avaliá-lo, a pressão da opinião pública seguirá normas diversas que, como Anteu, encontram a força necessária no
terreno lodoso em que tais criaturas costumam grassar.
( Fontes: Coluna de
Miriam Leitão; O Globo )
[1] Elisabeth Kubler-Ross, no
seu livro sobre a morte, aponta cinco estágios: negação, raiva, negociação, depressão,
aceitação.
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