Continua a tentativa de blindagem na Petrobrás. Como assinala
Merval Pereira na sua coluna, persiste o intento oficial de considerar as ‘sangrias’
na Petróleo Brasileiro S.A. como superadas. Ainda na campanha, em setembro
p.p., Dilma saíu-se com esta: “Se houve alguma coisa, e tudo indica que houve,
eu posso garantir que todas, vamos dizer assim, as sangrias que eventualmente
pudessem existir estão estancadas.”
Essa atitude de dizer que tudo ora
está bem, e que nada mais carece de ser feito para restabelecer a normalidade
naquela empresa, também se agrega a postura de manter contra vento e maré na
presidência a amiga Graça Foster. Em entrevista à Miriam Leitão, o novel
Ministro de Minas e Energia, Eduardo Braga, no que está decerto reiterando a
postura da Presidenta, garantiu que a executiva será mantida no cargo. E
acrescentou: “não há nenhuma prova que possa sequer insinuar qualquer tipo de
envolvimento da doutora Graça com os malfeitos”. Como se tal não bastasse, destacou ele: “ ela
é competente e conhece o sistema Petrobrás como poucos.”
Talvez o Ministro Eduardo Braga não se
haja dado conta de que ao enfatizar a tal ponto o conhecimento do sistema pela
presidente deixa pendurada no ar a indagação de como terá sido possível de
que não se tenha ela apercebido de
tantas irregularidades e tantos sobrepreços, que até mesmo funcionária de nível
médio – depois expedida para Singapura – disso se dera conta, tendo inclusive
procurado alertá-la a respeito ?
Além disso, ao afirmar que a Petrobrás “ficou blindada com relação à
indicação política”, Sua Excelência decerto não quer rivalizar com o Dr.
Pangloss em termos de credulidade. Como a matéria de O Globo oportunamente enfatiza “especialistas do setor e do mercado
financeiro (...) reagiram com ceticismo” às declarações ministeriais.
Quando se quer pôr a casa em ordem, o
bom senso preconiza que todos os postos de direção, sem qualquer exceção, sejam
objeto de geral mudança. Essa postura não é punitiva, e sim precaucional.
Graça Foster, como de resto entende a
Presidenta, não terá cometido nenhum malfeito. Mas presidindo a Petrobrás por
um período já longo, em que tantas irregularidades foram cometidas, cumpre não
só liberá-la, mas dar à empresa, sob
outra autoridade, a oportunidade de proceder
a uma ação abrangente e irrestrita, não circunscrita por outras considerações,
para fazer com que se passe a respeitar de forma integral as normas de direito
e administração condizentes com a boa gestão dessa grande empresa, normas essas
que por diversos motivos não foi possível à direção anterior da empresa fazer
valer na sua plenitude.
Esta norma, decerto consuetudinária em
qualquer administração, o será ainda mais em empresa da relevância da Petróleo
Brasileiro S.A.
É o que deveria ser implementado, e
quanto mais cedo, melhor.
( Fonte: O Globo )
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