O tom
sensaborão do discurso de posse do segundo mandato de Dilma Rousseff já traía
na sua falta de convicção, implícita na elocução monocórdia e desprovida de qualquer
ênfase, o reconhecimento psicológico de que, assim como nos comunicados do OKW (O alto comando da Wehrmacht), quando começou a longa
retirada dos invasores alemães do solo russo, a encabulada verdade passou a
valer-se de todo tipo de artifício.
O problema com
esse tipo de discurso é que, ao afastar-se da realidade, pode ser aceito pelos
grupelhos de aliados e daqueles que só esperam a deixa para irromper em
aplausos, mas, à parte dos parágrafos a serem colacionados para revisões e
denúncias futuras, sua relevância será
tão fugaz quanto o orvalho matinal.
Nossa imprensa
– sobre quem paira a ameaça neo-chavista do controle da mídia, esse projeto de
Franklin Martins et al. que reluta
diante da geral repulsa em por fim descansar na velha lata de lixo trotskista –
não tardou em fazer o seu mister.
Esse nobre
encargo nada tem a ver com a crítica sistemática dos reflexos incontroláveis,
mas sim com a missão serena do exame abrangente, em que aplausos e censuras não
obedecem a palavras de ordem. O bom jornalista e a respectiva memória tem a
obsessão da verdade. Nas ditaduras – e há muitos ainda lobos com pele de
cordeiro por essas Américas e outros
continentes – pesa no articulista o mau
olhado do poder, que não está interessado na verdade, porém no assenso servil
às assertivas dos senhores (e senhoras) de turno.
Dona Dilma foi
um pouco sem-cerimoniosa com as
novidades a lançar para consumo do povo soberano. A começar pelo fato
embaraçoso de não mais serem novidades. Que sentido faz anunciar com pompa e
circunstância o novo slogan ‘Brasil, pátria educadora’ que já fora lançado pela
Presidenta a 1º de maio de 2013?
Se é assim tão
marcante, quanto anunciou ontem, porque deixá-lo hibernar por tanto tempo?
O capítulo
Petrobrás parece versão expurgada por algum censor de antanho, dos que
escarafunchavam o dito e o não-dito, na ânsia de agradar ao senhor de plantão –
não importa se ditador fardado ou não.
A tragédia da
Petrobrás merecia um melhor cronista. No sovado truque de transferir para o
solerte alienígena pecados e crimes de outrem bem mais entranhado na realidade
brasileira, a presidenta conjuminou para o petrolão predadores internos e inimigos
externos.
A incômoda presença do PT e de seus
fiéis (e bem-aquinhoados) operadores está mais bem refletida nas caricaturas de
Chico Caruso sobre os barris marcados pelas reveladoras impressões digitais
de Lula da Silva.
E por falar no
criador, a sua relampejante presença de poucos minutos, em meio à longa
ausência de todas as restantes cerimônias, o que significará, na linguagem dos
signos, desse regime?
O folclórico
conjunto de ministros de um autêntico gabinete terceiro-mundista, excluída a
solitária estrela de Joaquim Levy, o que receberá do povão e dos senhores
congressistas ?
George Hilton
(PRB) será o Ministro do Esporte, não obstante ter sido flagrado – em 2005 –
carregando malas de dinheiro vivo no aeroporto da Pampulha. O que fez (ou não
fez) o Ministro Manoel Dias, para ser
reconfirmado no Ministério do Trabalho? E como interpretar a nomeação de Cid
Gomes (PROS), para o Ministério da Educação, à luz de Brasil, pátria educadora?
Por fim, houve mal-estar na posse em silêncio, sem aplauso algum, de Kátia
Abreu, na Agricultura.
Fantasmas,
alguns mais vivos, outros rebaixados a assombração, percorriam os salões do
Planalto. Assim, Graça Foster, mantida na presidência da Petrobrás por vontade de
Dilma, e Erenice Guerra, personagem de crise passada, por lá repontaram. E não
é que mimosearam os fotógrafos com a ocasião rara de conversa de salão da crise
de hoje com o escândalo de ontem?
Dona
Falsidade deu igualmente o ar de sua graça. Dizer que a dívida líquida do
Governo Dilma 1.0 anda bem é nos chamar de tolos, pois quem entende sabe que,
após os malabarismos fiscais de Mantega & Cia. o único indicador fiável é a
dívida bruta. Também no mesmo diapasão declarar de cara limpa que a inflação
foi sempre mantida sob controle... Tudo isso, depois de tantos tetos rompidos,
não fica nada bem...
E, por fim,
não é que o ex-presidente da Petrobrás, Sérgio Gabrielli, pede agora vênia para
relembrar que Pasadena deve igualmente cair no colo da ex-diretora do
Conselho de Administração da Petrobrás, de nome Dilma Rousseff ?
( Fontes: O
Globo, Folha de S. Paulo )
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