Continuando na sua prescrição de tratamento intensivo,
o Charlie Hebdo surge na capa com
Maomé chorando, enquanto, sob o letreiro de que tudo é perdoado, declara que ‘eu sou Charlie’.
Após os ataques em Paris, a França
e mais três países europeus com substanciais comunidades islâmicas estudam a
tomada de medidas enérgicas.
As providências tomadas pelo
Ministério do Interior francês são bastante fortes: o sistema de escutas será
intensificado, se isolarão os islamitas
radicais nas prisões, dez mil militares são mobilizados para proteger locais
havidos como vulneráveis. Concentrarão metade de tal efetivo as sinagogas,
escolas e estabelecimentos comerciais judaicos (como a carniceira kosher que foi atacada em seguida ao
atentado contra o Charlie Hebdo).
Parte da comunidade judaica,
assustada diante das ameaças, estaria considerando emigrar para Israel, onde
supostamente estaria mais segura. A foto estampada na primeira página de O Globo mostra, de costas, um integrante
dessa comunidade, possivelmente um rabino. Vêem-se, apenas, o chapéu, o
sobretudo de ombreiras largas e as luvas, todos em negro. Está cercado por
policiais e militares armados, e alguns o encaram como que assombrados. Talvez
essa aparência que os distingue na crença, ressalte também a própria evidência
e os tornem alvos demasiado fáceis para os fanáticos islâmicos.
Provocou certo mal-estar a ausência
de autoridade de nível estadunidense, em meio ao grande número de chefes de
estado e governo que acorreram à caminhada de domingo em Paris. Terá sido mais
uma das hesitações de Barack Obama, ou se deverá à atitude
mais reservada da segurança americana. É difícil determinar.
Faltou decerto algum da primeira
plana, para a exemplo de François Hollande e Angela
Merkel, assim como outros líderes europeus e médio-orientais afrontaram
as praças e alamedas da Cidade-Luz, nas passeatas que encorpam o sentir da
opinião pública, e afrontam o silente, traiçoeiro desafio do terror.
Reforçando a sinalização da ameaça
comum, e em outra demonstração de que a segurança na internet mesmo governamental não é inexpugnável, hackers que se dizem do Estado Islâmico
invadiram os sites com os perfis na
redes sociais Twitter e You Tube do
Comando Central dos Estados Unidos (Centcom)
das Forças Armadas americanas.
Em mensagens postadas na rede, os hackers revelavam ainda supostos dados
sobre assuntos estratégicos do Pentágono, como localizações de instalações
nucleares da Coreia do Norte, o alcance de mísseis na costa chinesa e
informações pessoais de membros das Forças Armadas americanas.
Como não se pode descontar a
possibilidade de que tais hackers,
que se proclamam, repito, do Comando Islâmico, contem com apoio de estruturas
governamentais, a coordenação de esforços de parte do Ocidente não pode ser
negligenciada, nem atitudes de alegada neutralidade podem ser estimadas válidas
ou mesmo profícuas.
( Fonte: O Globo )
Nenhum comentário:
Postar um comentário