O Ministério Público, segundo estampa O Globo, afirma haver indício de que a
corrupção não foi estancada. O ex-diretor da área internacional, Nestor Cerveró, em manobra ousada,
tentou ocultar bens. De volta da viagem a Londres – que decerto não foi
turística – ele teve a prisão preventiva decretada, sendo levado para a carceragem da Polícia
Federal em Curitiba, onde as investigações da Lava-Jato estão centralizadas.
Em 16 de dezembro, tentou resgatar R$ 463 mil de fundo de previdência e
repassar o dinheiro para a conta da filha, Raquel Cunat Cerveró. Por conta disso, Cerveró passou a ser
igualmente investigado por evasão de divisas e ocultação de bens.
Cerveró teria recebido, igualmente,
propinas no montante de US$ 55 milhões em contratos de aquisição de
navios-sonda para a Petrobrás, assim como estaria fundamente envolvido no
escândalo da refinaria de Pasadena,
adquirida quando Dilma Rousseff era
a Diretora do Conselho de Administração da Petrobrás, e na presidência de Sérgio Gabrielli (que sempre frisa a conjunta
responsabilidade de Dilma).
Nesse sentido, a Justiça e a PF avaliam
que Cerveró, ao ensejo do recesso do Judiciário, tentou dilapidar e ocultar seu
patrimônio, criando uma ‘blindagem’ para mantê-lo a salvo de arresto de bens ou
com vista a utilizá-los para eventual fuga (em agosto de 2014, já investigado,
Cerveró repassou imóveis para os filhos). O valor declarado das transações foi
de R$ 560 mil, mas segundo a Justiça o valor real somado dos imóveis atinge R$
7 milhões.
Por sua vez, Merval Pereira, em sua coluna diária, assinala que faltaria ser
preso Renato Duque, que fora
indicado pelo ex-Ministro José Dirceu
para a Diretoria de Serviços da Petrobrás. O senhor Duque, umbilicalmente
ligado ao PT, gozou de tratamento que
pode ser interpretado como diferenciado ao
ser o único dentre os acusados a receber habeas
corpus do Ministro-relator Teori
Zavascki.
Por outro lado, Merval também assinala a
peculiaridade de que dos três negociadores partidários na corrupção da
Petrobrás, dois estão presos - Fernando
Baiano (PMDB) e Adarico Negromonte
(PP) - enquanto o representante do PT, João
Vaccari, tesoureiro do partido, continua em liberdade. Causa espécie, outrossim,
o tratamento ‘especial’ dado à Odebrecht.
Nesse sentido, é estranhável, segundo Merval Pereira, a ausência da Odebrecht,
de todas as empreiteiras a mais ligada ao ex-presidente Lula da Silva, e uma das
maiores do país, na relação das que têm seus diretores presos no Paraná.
Contudo, estaria sendo feita investigação especial sobre a referida Odebrecht.
Ainda com relação aos diferentes
critérios que seriam discerníveis no que
tange à Operação Lava-Jato, o advogado de Cerveró, Edson Ribeiro, perguntou, ao
inquinar de ‘arbitrária’ a prisão de seu cliente: “Por que não prender a
presidente da Petrobrás, Graça Foster, que também transferiu
imóveis para familiares?”
Talvez, neste caso, George Orwell diria que há pessoas mais
iguais do que outras, e nisso se
inseriria a blindagem pela Presidenta
da amiga Graça Foster. A proteção presidencial valeria para preservar Graça na
Petrobrás, malgrado no meio político a respectiva posição haja sido considerada
‘insustentável’.
Toda a investigação, no entanto, tem a
sua própria força inercial, e como a história o demonstra, o poder, mesmo
absoluto, pode não ser bastante para tais salvamentos in extremis.
( Fontes: O
Globo, Merval Pereira, George Orwell (Animal Farm) )
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