A ameaça da crise energética
Recordam-se do tom de
menosprezo de dona Dilma acusando FHC e os tucanos de serem responsáveis pela
então crise energética? Da aparente
extrema segurança que as suas palavras destilavam?
Pois agora, com mais um apagão para
‘explicar’, o discurso é outro. O Ministro Eduardo Braga, das Minas e Energia,
admite que falhas levaram ao corte de energia, o que o ONS negara. É a reação típica do sistema: primeiro a negação, como reflexo automático;
mais tarde, o reconhecimento de falhas no sistema.
O jornal O Globo arrola sete erros na gestão do setor elétrico. De minha
parte, parece mais pertinente limitá-los a cinco: (a) demora nas obras de
transmissão; (b)não integração dos parques eólicos ao sistema; (c) falta de
incentivo à economia de energia; (d) o governo estabelece prazos irreais para
projetos; (e) termelétricas poluentes e pouco eficientes. Os outros dois
motivos - (f) atraso nas usinas de Belo Monte e do Rio Madeira e (g) estímulos
muito grandes à compra de eletrodomésticos – não parecem proceder. As duas
usinas são obras gigantescas – máxime Belo Monte - e completa-las não é tarefa fácil; quanto à
segunda, semelha sem propósito.
O que interessa é seriedade na
consecução dos objetivos, e não a reação automática e reflexa de prometer sem o
correspondente intuito de levar a cabo a providência, no que seria apenas
recurso para ganhar tempo. Senão, estamos na seara das fanfarronadas, muito
similares às críticas menosprezantes da gestão de FHC. feitas por Dilma já na
primeira campanha, em que venceu José Serra.
Papa Francisco sobre fecundidade
Em mais uma entrevista a bordo de avião, de regresso
da viagem às Filipinas, Papa Francisco fez interessante e surpreendente (mesmo
para ele) comentário sobre a fecundidade dos casais católicos.
Respondendo à pergunta sobre o
assunto, o Santo Padre fez uma observação: os católicos não devem pretender ter
filhos como os coelhos.
Esse comentário pode abrir uma nova
via para a Igreja. Paulo VI, nos anos sessenta, convocara Comissão para debater o tema. Quando
soube que a maioria da dita Comissão pendia para abrir as opções aos casais
católicos com relação à programação de filhos, Papa Montini efetuou inesperado
recuo e com apoio na minoria tradicionalista da dita Comissão publicou a
encíclica Humanae Vitae, que não
admite a aplicação por casais católicos de métodos contraceptivos.
A Igreja que parecia avançar nesse
campo registrou desde então marcado recuo, que até hoje persiste.
Se a observação de Papa Francisco –
como, implicitamente, traduz tal tendência – pende para certa flexibilização da
fecundidade dos casais, o novo Pontífice poderá estar anunciando em breve nova
abertura da Igreja, retomando o caminho da Sé de Pedro desde a súbita peripeteia de seu já longínquo predecessor Paulo VI.
Tal mudança conservadora no
pontificado de Papa Montini – que antes seguira linha progressista, como o fora
na fase joanina (de João XXIII) - abriu
o chamado inverno na Igreja[1],
que o curto intervalo de Papa João Paulo I (de pouco mais de trinta dias), por
sua extrema brevidade, não contribuíra para interromper.
( Fonte: O
Globo )
Nenhum comentário:
Postar um comentário