O Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM), essa hiperestrutura em termos de aferição de conhecimento do
universo discente do ensino médio – que pretende equiparar-nos a países
europeus (França: bacalaureato) e aos Estados Unidos (SAT) – pode mostrar disparidades inquietantes entre avanços na
informática defronte de um corpo estudantil que pode refletir o atraso e lacunas no ensino público.
Dadas as dimensões do continente
Brasil e os conhecidos desníveis nos colégios e corpos didáticos deste ensino –
a baixa remuneração em muitos deles, as diferenças em termos de assiduidade de
professores, o grevismo (que não sói ser compensado adequadamente) – não é de
estranhar que haja variações de monta nos cômputos regionais.
Partindo da redação, que representa
integração do conhecimento discursivo, e a capacidade de expressar-se sobre um
tema produzido a esmo, os resultados da composição espelham o baixíssimo nível
de tal capacidade. Assim, só 250 candidatos dentre 5,9 milhões alcançou a nota máxima
(1000). Por outro lado, 529 mil
tiveram nota zero!
A queda de 9,7% na nota média da
redação do Enem em relação à edição anterior se acende os avisos no governo e
especialistas, é de atribuir-se à
progressiva queda em um índice já baixo de leitura, mas também à pouca
familiaridade com o tópico selecionado – publicidade infantil.
Houve também queda (7,3%) na
avaliação da matemática. Esses dois
resultados ruins produziram diminuição de 1% na nota geral.
Em relação a 2013 houve baixa em redação e matemática, e alça em ciências humanas e linguagens e suas
ciências. Por sua vez, o tópico ciências
da natureza se manteve praticamente na média, com ligeiro acréscimo.
Por isso, a despeito das fortes
quedas em redação e matemática, as autoridades tentaram minimizar a queda, dada
a circunstância da média achar-se praticamente estável, com 1% na margem de
erro.
Refletindo as disparidades
econômicas na Federação, o Sudeste apresenta os mais altos níveis nas cinco
matérias, e o Norte, seguido do Nordeste, o mais baixo desempenho. Como tal
reflete o nível de renda e desenvolvimento econômico no Brasil, o Conselheiro
Acácio já diria que, não obstante o ensino mereça cuidados em todas as regiões,
aquelas de menor desenvolvimento carecem de maiores.
O mais relevante no capítulo é que
avanços na informática não nos façam esquecer
as enormes lacunas existentes, como o exame síntese do Enem – que é a redação – o exibiu
sem piedade. O único aspecto a ser relevado, contudo, foi a seleção do tema,
que se afigura um tanto esotérico para o projeto, e pode por isso haver contribuído
residualmente para imagem mais distorcida.
( Fonte: O Globo )
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