sábado, 31 de janeiro de 2015

Rescaldo da Semana

                               

O incrível déficit fiscal

 
        É difícil imaginar que, em outro país democrático, um governo como o de Dilma Rousseff tenha conseguido reeleger-se, apesar de sua calamitosa atuação econômico-financeira.

        Ela trouxe, a despeito de não poucas advertências, a inflação de volta. Fragilizou o Plano Real – que jamais considerara fosse outra coisa que plano do PSDB, e não conquista da cidadania, ao lograr vencer a inflação  - e, como se tal não bastasse, quebrou repetidamente o teto das metas anti-inflacionárias do Banco Central.

        Além da inação nas obras anti-apagão – de que já sentimos os reflexos, afinal estourou a verdade do déficit fiscal de 32,5 bilhões. Ao invés de o que propalara, para fins eleitoreiros, Governo federal, estados e municípios voltaram aos velhos tempos, a sublinhar que a faina de enfraquecimento da Lei de Responsabilidade Fiscal também prosseguiu em 2014.

          É grave o simbolismo deste primeiro déficit fiscal desde 2002.  Por conseguinte, a dívida pública aumenta, e passa de 33,8% para 36,7 %  do  PIB. Joaquim Levy – se Dilma e o PT o deixarem trabalhar – tem tarefa mais difícil agora de obter superávit fiscal de 1,2% do PIB.

          Sabia-se que as coisas não andavam bem, mas os números do Banco Central conseguiram surpreender o mercado, que não esperava resultado tão ruim.  Por que Miriam Leitão  considera a condução da política fiscal um desastre no primeiro mandato de Dilma? Se o déficit nominal de 6,7% do PIB é péssimo resultado, tal má notícia se compõe com uma alta na dívida bruta em 6,6%, o que também é preocupante.

 
O  descalabro na Petrobrás

 

          O mercado e os analistas haviam acreditado que Maria das Graças Foster seria levada na mega-crise da Petrobrás, mas Dilma Rousseff preferiu respaldá-la e fazer ouvidos de mercador para o que mercado e política recomendavam.

          Considerou-se insustentável a posição de Maria das Graças, mas esqueceram de consultar a Presidenta. A negação da realidade, sobretudo em crises do porte da Petróleo Brasileiro S.A., em geral não dá bons resultados. Pois sem qualquer desdouro da Presidente da Petrobrás, dado o tamanho do escândalo e a enorme quantia que está sob suspeita, fica difícil entender que se mantenha alguém na direção da maior empresa nacional, que não deu tento às advertências de funcionária isolada da empresa, nem tampouco se teria apercebido de  que algo de muito errado grassava na Petrobrás.

          É voz corrente e inegável o aparelhamento partidário da Petróleo Brasileiro. Se o escândalo cresce a ponto de que se possa chamar a empresa de PTTROBRÁS, é outra estória. Nesse contexto, por ora, a participação de Lula da Silva no mega-escândalo se tem circunscrito às memoráveis produções cartunísticas de Chico Caruso.

 

Nota Citadina sobre descaso do Prefeito E. Paes

 

        Desde algum tempo se vê crescer o número de usuários de crack que aparecem nas calçadas de Ipanema. Pela desatenção de certas agências, como a da Caixa Econômica Federal na Visconde de Pirajá, entre Farme de Amoedo e  Teixeira de Melo, muitos  craqueiros  se abrigam na calçada fronteiriça, principiando a incomodar pelo número os transeuntes.

        Agora, a notícia de que esses bandos estejam migrando das cracolândias na zona Norte para áreas como as Praças General Osório e a de Nossa Senhora da Paz – não obstante esta última se ache cercada de tapumes pela interminável obra do Metrô – traz mais um elemento de grave ameaça às características desses dois logradouros.

        Pela indiferença do Prefeito Eduardo Paes – que nada fez para preservar a memória de Ipanema, conforme tenho denunciado por este blog e mais de uma vez – ora Ipanema pode ser considerada da Francisco Sá até a Farme de Amoedo como descaracterizada, com a invasão da tríade farmácias-bancos-e comércio de quinquilharias, como se fora continuação da Copacabana, que hoje não mais relembra a Princesinha do Mar e o decantado bairro de antanho.

         Nessa toada, o comércio de qualidade, e suas calçadas, vão batendo em retirada, tangidos seja por aluguéis absurdos, seja pela displicência municipal. A memória perdida de Ipanema, que um bom Prefeito timbrara em marcar em cerca de quarenta plaquetas de bronze nas calçadas fronteiriças foi toda meticulosamente arrancada, em operação decerto mágica, eis que nenhuma autoridade semelha haver-se dela  apercebido.

 

( Fontes:  O  Globo; coluna de Míriam Leitão )                   

sexta-feira, 30 de janeiro de 2015

PTTROBRÁS & CIA.

                                         

         Se a expressão latina in vino veritas (no vinho, a verdade) reflete o desatar da língua pela bebida, a charge de hoje de Chico Caruso, de longe o nosso maior cartunista político, mostra com as digitais de um ex-torneiro mecânico o triste segredo de polichinelo que voeja por todas as mentes, excluídas talvez aqueles companheiros mais próximos e que seguem o grande líder. Assim, a figura de Maria das Graças Foster com os seus cabelos compridos, monta o quadro do in risu veritas.

         Infelizmente, a corrupção parece haver tomado conta de nosso país. O rei está nu, mas quando surgirá a criança que gritará a plenos pulmões que Sua Alteza está pelada, e não veste nenhum manto transparente e inconsútil, como lhe impingiram os cortesãos?

         A presidenta que ele nos impingiu, e que acaba de ser reconfirmada por uma votação apertada, e só desvelada pelo T.S.E. nos seus finalmente, entrou em negação.

         Ela reúne o seu patético ministério dos trinta e nove ministros, para na crítica de Miriam Leitão combater as versões quando deveria lidar com os fatos.

         Diz o povo que é o pior cego é aquele que não quer ver.

         Dilma se vira de costas para o seu passado mandato. Há o limite que a verdade estabelece. Assim, como se atreve a falar ‘estamos diante da necessidade de promover um reequilíbrio fiscal’, cabendo-nos agora “medidas de caráter corretivo” ?

         Não se dá conta, por acaso, que está tapando o sol com a peneira? Todo brasileiro sabe que foi ela que, por sua imprudência e inépcia, trouxe a inflação de volta. E o mercado não desconhece que ela também trouxe a desordem para o Erário público, como agora o confirmam as contas do Governo Federal, com  rombo de dezessete bilhões que é o quanto a despesa superou a receita. O desastroso e destrambelhado Dilma I marcam o primeiro déficit fiscal depois de 1997, quando começa a série estatística e se afirma a conquista do Plano Real, que o seu improvidente governo tudo fez para desbaratar, como se estivesse correta a cega oposição do Partido dos Trabalhadores ao Real, chegando a contestar-lhe a chave da abóbada  - a Lei de Responsabilidade Fiscal – na barra do Supremo.

           Dilma, como o seu criador – que com ela criou o seu primeiro poste – quis sempre ver o Plano Real como uma realização partidária, e não como projeto abraçado por Nação cansada da carestia e  hiperinflação.

           No seu pouco responsável primeiro mandato, Dilma Rousseff e seus partidários tudo – ou quase tudo – fizeram para desestruturar o Plano Real. Faltou ao PT e a seus líderes a grandeza e a inteligência de reconhecer que, pelo seu êxito e  magna conquista de vencer a inflação – que entorpecera o Brasil e seu desenvolvimento desde a década dos sessenta – o plano real se tornara um acervo do Povo brasileiro, e não mais projeto carimbado por partido político.

           Quando os líderes ignoram o bom senso e julgam-se em condição de negar a verdade que está na boca do povo, como no passado havia cartórios demasiado liberais na validação das firmas, e colocam a esquizofrenia não como estado mórbido da mente, mas como instrumento de ação governamental, não carece abrir vísceras de pássaros inocentes, nem buscar no terreiro das quartas-feiras indicações que o dia-a-dia já não desvelou.

           Os microcéfalos avestruzes enterram a cabeça na areia como forma de negar a realidade.

            Desde o mítico festim de Baltazar[1] que os purpurados têm dificuldade de lidar com a realidade, se porventura madrasta. 

 

( Fontes: O  Globo,  Folha de S. Paulo )

           

(a continuar)            



[1] No festim de Baltasar, rei da Babilônia, neto do Nabuconosor, aparecem na parede palavras em língua que ignora. Chamado o profeta Daniel, este decifra a mensagem que avisa da partilha do Reino e sua próxima queda.

quinta-feira, 29 de janeiro de 2015

Corrupção e Verdade

                                          

         Em duas  colunas sucessivas, Míriam Leitão nos dá  visão de uma batalha que já está perdida.  Em  sua húbris, a Presidenta se nega a ler o que está escrito nas paredes de seus palácios.

        Assim, ela convoca reunião de seu farsesco ministério para combater  a realidade. Nesse sentido, pede o empenho da amorfa tropa para uma batalha que já se sabe perdida.

         Para a crise de energia, reservou apenas uma frase: “todas as ações cabíveis para assegurar o fornecimento de energia”.

         Há dois anos o Brasil vive tremenda seca. No entanto, as palavras foram usadas para dissociar o governo federal de ações concretas para a solução da questão, eis que o suprimento é atribuição dos estados, mas o Governo Federal está ajudando todos os governadores, principalmente os do Sudeste, pela gravidade do problema que enfrentam.

          Há um ano, quando os reservatórios das hidrelétricas estavam em 40%, especialistas e empresas do setor pediam a racionalização do uso de energia, que permitisse poupar água nos reservatórios e o desligamento das térmicas mais caras. Hoje,as térmicas permanecem ligadas e os reservatórios estão em 17%.

          Como se vê, não se trata de agir e fazer. É como se o processo eleitoral continuasse, e o que importa, numa hipotética batalha pela opinião do Povo, será a retórica do discurso.

         Dir-se-ía que a Presidenta no seu combate assumiu apenas a negação, dentre as atitudes psicológicas, ou estágios do luto, elencados pela Kübler-Ross.[1]  A essa díspare companhia que é o seu gabinete, Dilma preconiza: reajam aos boatos, travem a batalha da comunicação. Diante da realidade, ela recomenda o discurso da retórica.

         Em outro aspecto, a presidente afirmou “estamos diante da necessidade de promover um reequilíbrio fiscal” e tomar “medidas de caráter corretivo”. A esquizofrenia política a leva, no entanto, a esquecer que as escolhas de Dilma I “são parte integrante do desequilíbrio fiscal em que o país está agora. E isso não é boato, nem versão; são os fatos.”

        Por outro lado, o problema da corrupção do governo do PT tampouco é intriga da oposição. A patética espera do Governo por um balanço aceitável da Petrobrás não encontra uma saída na publicação pela metade do balanço da corrupção,

       Diante do assalto sofrido pela Petrobrás a PricewaterhouseCoopers (PwC) não tem ainda condições de auditar o balanço da Estatal. Depois do aparelhamento da Petróleo Brasileiro S.A. pelo Partido dos Trabalhadores, a formação de cartéis voluntários ou não pelas grandes empreiteiras, e a implantação da propina como norma, dá para entender porque a empresa tenha posto R$ 88 bilhões sob suspeita. Tais estimativas são, no entanto, suposições, que não podem ser colocadas no resultado financeiro, malgrado os dois meses de atraso e a impossibilidade de uma auditoria técnica, conforme aos padrões das grandes firmas de auditoria.

          Neste vexame nacional e internacional – porque não há só o perigo de  multa da SEC (Securities and Exchange Commission) e elas não costumam ser pro-forma, mas há também o risco de o Brasil cair sob as garras dos Fundos Abutre, as nêmesis de Cristina Kirchner. Assim, a corrupção na Petrobrás se alevanta imponente como um programa de governo, o famigerado Petrolão, que substituíu faz muito o Mensalão como fonte de financiamento de partidos da base.

            Como o processo da Petrobrás o mostra com crescente clareza, a cupidez político-partidária e a corrupção como sistema de governo trazem dentro de si  sua própria perda, que vem pela própria cobiça dos interessados, a ilusão de sistema à prova da eventual denúncia que surgirá pela própria exponencial dinâmica do processo e a consequente impossibilidade da manutenção do sigilo.

            É o que estamos ora deparando. Como diria Aporelly, há muitas coisas no ar,   além dos aviões de carreira.

           Mais uma vez pode configurar-se processo de nome inglês, o chamado impeachment. Ele tem força inercial específica, como o único exemplo pregresso o demonstra. E por mais corrupto que seja o meio que deva avaliá-lo, a pressão da opinião pública seguirá normas diversas que, como Anteu, encontram a força necessária no terreno lodoso em que tais criaturas costumam grassar.

 

( Fontes: Coluna de Miriam Leitão;  O Globo )



[1] Elisabeth Kubler-Ross, no seu livro sobre a morte, aponta cinco estágios: negação, raiva, negociação, depressão, aceitação.

O Começo do Fim ?

                                      

         Há várias questões pendentes no balanço  da Petrobrás.  Primo, a Petrobrás ainda não sabe o montante exato do rombo causado pelos casos de corrupção investigados pela Operação Lava-Jato; Secondo, não obstante,  publicar, aos trancos e barrancos, o balanço não-auditado relativo ao terceiro trimestre de 2014 – com dois meses de atraso – a empresa apresentou os primeiros dados que podem servir de referência aos investidores: R$ 88,6 bilhões de 31 ativos foram superavaliados, com indícios de sobrepreço, consoante especialistas.

         Sem embargo, a estatal frisou que o chamado “ajuste” não inclui apenas o pagamento da propina, mas envolveria outros fatores, v.g., câmbio, custo de capital, preço do petróleo e deficiências no planejamento de projetos. E, alegadamente, por não lograr quantificar qual era o valor exato da corrupção, a Petróleo Brasileiro S.A. houve por bem não dar baixa por ora em seus ativos.

         Fiada no mesmo critério, tampouco a empresa lançou em seus resultados o efeito potencial de uma perda de R$ 4,06 bilhões baseada na aplicação do percentual de 3% de pagamento de propina informado pelo ex-diretor de Abastecimento Paulo Roberto Costa à Justiça Federal.

         Nesse contexto, a companhia tenta justificar o atraso por não haver “detalhes suficientes” em relação aos pagamentos, feitos por fornecedores e não pela própria estatal.

         Assim se pronunciou a presidente da empresa, Maria das Graças Foster, em carta a acionistas: ‘Concluímos ser impraticável a exata quantificação desses valores”. A assertiva em tela se refere à dificuldade de medir o impacto da Lava-Jato.

         Os analistas receberam com ceticismo a falta de informações precisas. Nesse contexto, eles classificaram como ‘desapontador’ o balanço. A queda na bolsa foi a maior desde 27 de outubro de 2014. As ações preferenciais, sem direito a voto, despencaram 11,21% para R$ 9,03. Já os papéis ordinários (ON, com direito a voto) caíram 10,48% (a R$ 8,63). Desde 27 de outubro passado – quando estourou o escândalo – foi o maior tombo diário.

         Em consequência, encolheu o valor de mercado de nossa maior empresa em R$ 13,9 bilhões. Já em New York, os recibos de ações (ADRs) caíram 11,95%, a US$ 6.56. O lucro líquido informado pela empresa de R$ 3,087 bilhões no terceiro trimestre de 2014 representou queda de 38% em relação ao mesmo período do ano anterior. Por fim,  no acumulado de janeiro a setembro de 2014, os ganhos montaram a R$ 13,439 bilhões, recuo de 22%.

         Conforme Fernando Zilveti, especialista em direito tributário e professor da FGV-SP: “O comunicado com os valores de ativos super-avaliados, em vez de explicar, gera mais dúvidas. Criou um novo problema.- a empresa não sabe dizer o tamanho do rombo da corrupção e tergiversa.”

         Em comunicado enviado a Comissão de Valores Mobiliários (CVM), na madrugada de terça-feira, a Petrobrás disse que considerou em sua análise 52 empreendimentos em construção ou em operação que somam R$ 188,4 bilhões – cerca de um terço de seu total de ativos. A escolha dos projetos foi feita com base em contratos de fornecimento de bens e serviços firmados entre a Petrobrás e as empresas arroladas na Operação Lava-Jato entre 2004 e abril de 2012. Sempre segundo a estatal, esses projetos são passíveis de conter valores relacionados a atos ilícitos perpetrados por empresas fornecedoras, agentes políticos, funcionários da Petrobrás e outros.

        A  Petróleo Brasileiro S.A. contabilizou em  21 projetos uma subavaliação de R$ 27,2 bilhões.  Em fins de dezembro, foi proibida pela empresa a contratação de 23 empresas supostamente envolvidas num esquema de cartel para obtenção de contratos com a estatal (na lista, entre outras, há a Andrade Gutierrez, Odebrecht, OAS, Queiroz Galvão e Camargo Corrêa).

       A Estatal admite que existem erros nos valores de determinados ativos imobilizados. Tais ativos não puderam ser corrigidos pela empresa, estando em curso as investigações da Lava-Jato. Dentro desse raciocínio, assevera que tais “erros” não estão de acordo com as regras da International Accounting Standards Board (IASB), que é a junta que determina as normas internacionais de contabilidade.

       Na projeção externa – vale dizer em Wall Street – a coisa pode complicar-se para a Petrobrás. A Aurelius Capital Management – que é um Fundo Abutre (investe em empresas e governos em dificuldade)-  que é dona de títulos da Petrobrás nos Estados Unidos afirma que a companhia não está cumprindo as regras do citado IASB, que é exigência para a emissão de papéis nos Estados Unidos.  Mark Brodsky, presidente do dito Fundo,  diz: “Apesar das recentes garantias, a Petrobrás permanece em  calote de seus títulos que seguem a legislação de Nova York. Esses títulos requerem que a Petrobrás divulgue balanços financeiros que estejam de acordo com as regras do IASB.”

        Segundo analistas, a Estatal divulgou seu balanço sem as baixas para cumprir acordo celebrado em dezembro com alguns detentores de seus títulos. Eles aceitaram que a empresa divulgasse o documento sem o aval do auditor até o fim de janeiro.

        Se não cumprisse tal promessa, os credores poderiam pedir antecipação de pagamento, abrindo a cancela para que o restante dos detentores de títulos fizesse o mesmo,  o que muito  elevaria a própria dívida, que era de R$ 621,4 bilhões em fins de setembro p.p.

        Como se sabe, as dificuldades da Petrobrás aumentam para que cumpra com a obrigação de um balanço devidamente auditado pelo PricewaterhouseCoopers (PwC). Por razões compreensíveis essa empresa tem colocado dificuldades para dar o seu aval indispensável.

        O balanço auditado é exigido por maior quantidade de credores, segundo  cita Karina Freitas, analista da Concórdia. Uma parte importante desses credores – com US$ 50 bilhões em títulos – quer que o documento relativo a 2014 saia até o fim de maio. Note-se que essa data inclui o prazo de 120 dias após o fim do ano, determinado pela SEC (a Comissão americana de títulos e câmbio), e mais os trinta dias dispostos no contrato. 

        No horizonte, além de uma multa da SEC – em caso de inadimplência na obrigação contratual – pode sobrevir reação das agências de classificação de risco.  Nesse contexto, indica o Itaú BBA : “Tanto a Moody’s quanto a Fitch  esperavam que os ajustes, ou ao menos parte deles, estivessem no balanço do terceiro trimestre.”

          Sem embargo dos prazos e das multas que a respectiva inobservância possa implicar sobretudo na terra de Tio Sam, onde não há jeitinho,  a Petróleo Brasileiro não deu data para a publicação do balanço com o aval da PricewaterhouseCoopers (PwC). Por ora, só diz que isto será feito “no menor prazo possível”.

                                           *          *           *

          Em função de o que precede, a reação   de especialistas foi bastante negativa.  Os números informados ao mercado foram considerados pouco críveis, suscetíveis de serem comparados a “uma peça de ficção”.  Por isso, a péssima reação dos investidores e a queda dos papéis da Petrobrás na Bolsa de Valores  conforme acima descrita.

         Sem o aval de uma auditoria independente, os números informados ao mercado são pouco críveis e podem ser comparados a ‘uma peça de ficção’, segundo o relatório da Guide Investimentos.

        Consoante outro especialista, Guilherme Ferreira, da Jive Investments: “A direção da empresa passou dois sinais negativos ao mercado. Primeiro, não consegue dizer quanto valem seus ativos, o que mostra um total descontrole da companhia. E o segundo sinal é uma clara falta de vontade política de reconhecer qual é o estrago  causado pela corrupção na estatal e traduzi-lo em números.”

       A consequência lógica de tal situação é que, sem o parecer dos auditores independentes, os números divulgados pela Petrobrás não podem ser validados.

      Apesar de não conseguir concluir o impacto da corrupção em seu balanço, para Karina Freitas, da Concórdia, “com a queda do preço do petróleo e na economia brasileira, houve uma mudança considerável de cenário. Mas o valor de R$ 88,6 bilhões é muito elevado, sobretudo para um total de R$ 188,4 bilhões de ativos avaliados. É provável que a metodologia não tenha sido aplicada da forma correta”.

        Para outro analista de mercado,  não identificado na matéria de O Globo, disse: “sem as baixas contábeis, os ativos da estatal passaram de pouco mais de R$800 bilhões no fim de junho para R$ 825 bilhões em setembro. Os ativos superavaliados  representariam, portanto, quase 10% dos ativos totais da empresa:  ‘É um total muito alto e não deve ser tudo resultado de desvios. Mas um erro desse tamanho (na avaliação dos ativos) em princípio, sugere que tem algo de podre.”

(a seguir)

 

( Fonte:  O  Globo )

quarta-feira, 28 de janeiro de 2015

Sucursal do Inferno ?

                               

        O Rio de Janeiro nunca se caracterizou por verões amenos. Daí a fuga para Petrópolis, na vizinha Serra do Mar, que é uma característica desde os tempos do Segundo Reinado, com as cidades-veraneio de Petrópolis e Terezópolis, não por acaso designadas com os prenomes do Imperador Pedro II e de sua esposa.

        No entanto, a canícula se tem ora caracterizado por presença quase permanente, que de resto não timbra por ater-se às estações climáticas clássicas.

        Se em meados do século passado as estações ainda eram razoavelmente marcadas – tanto que no inverno e à noite seria aconselhável um sweater de cashmere – nos tempos atuais as quedas de temperatura na estação invernal são bastante raras. Assim, o uso de cobertor (ou até do modernoso edredon) virou raridade na estação fria.

        Por isso, o carioca, sobretudo aquele com orçamento mais apertado, costuma dispensar no vestuário as roupas mais pesadas. Fia-se no calor quase permanente. Por isso, as casas que vendiam artigos invernais, ou quebraram, ou mudaram de especialidade.

        A alternância climática não é capricho esotérico de Mãe-natureza. Além de controlar as espécies mais danosas ao homem, através do carrossel das sazões, mantém à distância os insetos e sobretudo aqueles que portam as enfermidades tropicais.

        Cresci em tempos no qual o chamado progresso não nos tinha ainda apresentado a dengue. Extinta nos tempos de JK, cedo voltaria pelo norte, atravessando a fronteira da Venezuela (esses mosquitos não carecem de passaporte), e com o abraço da pobreza, da falta de saneamento básico, e de prudências elementares, ei-lo de regresso e do Oiapoque ao Chuí. 

       Dizem as más línguas do circuito Elizabeth Arden que o excesso de calor é inimigo de civilização e progresso. Nos tempos do chamado fardo do homem branco, havia o dito que só cães raivosos e loucos ingleses eram vistos nas ruas das colônias nas horas do meridião.

        Pode ser preconceito, mas  é teoria prevalente entre geógrafos que os países da área temperada têm maior potencialidade de crescimento e, por conseguinte,  poder pela ajuda climática.

       Na época da canícula no Rio de Janeiro essas teorias perdem o seu ranço preconceituoso e ganham ulterior credibilidade. Graças ao aquecimento global, a alternância de temperaturas na terra carioca parece evaporar-se por força da elevação das temperaturas médias, que devemos agradecer ao menosprezo do bicho homem por tudo que ajude a controlar-lhes a elevação.

        O infernal mecanismo do aumento da temperatura média global funciona do seguinte modo. O fator principal é o egoísmo oportunista. Nesse sentido, cada um cuida de si e delega aos outros a incumbência de trabalhar  pelo estabelecimento de medidas responsáveis, que não contribuam para o incremento do gás carbônico na atmosfera. Essa atitude pode favorecer o infrator a curto prazo, mas seguramente voltará com juros e correção monetária para puni-lo mais tarde. É uma falácia burra – mas infelizmente muito generalizada – que o crime climático possa compensar. A curtíssimo prazo, pode dar essa impressão, mas a realidade conjunta tratará de logo corrigir essa esperteza que as coisas desse gênero tem as pernas bastante curtas.

        Seja culpa nossa ou não, a verdade é que o Rio de Janeiro já dispunha de fatores para dar u’a mãozinha no aquecimento climático. Basta ver a conformação do grande-Rio para que se vislumbre magnífica área de conservação da temperatura, imenso receptáculo oferto pela disposição da Serra do Mar, o que garante um verdadeiro caldeirão, com a consequente alça e, sobretudo, permanência das elevadas temperaturas ambientes.

        E a sensação do morador na metrópole carioca se vê corroborada pela medição comparativa das temperaturas das capitais brasileiras.  Este ano cabe ao Rio de Janeiro o dúbio galardão de ser a cidade mais quente entre essas capitais. Nem Boa Vista, nem Teresina chegam perto...

terça-feira, 27 de janeiro de 2015

São todas notícias do Brasil ?

                               

Executivos resistem a ir para Conselho da Petrobrás  (Folha, 1ª pág.)

 

Faltava treino a pilotos do vôo de Campos, diz FAB   (idem)

 

Em nove dias, Rio tem 16 vítimas de bala perdida (Folha, Cotidiano)

 

Na elite da natação, Brasil só fica atrás da China em doping  (Idem, Esporte)

 

Mais uma represa do Rio passa a usar o volume morto  ( Estadão, p. 11)

 

Emprego nas autopeças volta ao nível de 2009    (Estadão, 1ª pág.)

 

Governo do Rio corta mais no orçamento da segurança (manchete Globo)

 

Carvalho, ex-Ministro, culpa cartel de empreiteiras por corrupção na Petrobrás

 

Kiss: 2 anos depois, réus em liberdade; para advogado, sentença em 5, 6 anos (O Globo)

 

Marina tentará registrar a Rede no TSE até março   (O Globo, p. 6)

 

Pais de Alex recebem diploma póstumo do filho (morto em assalto em Botafogo a 8.I)

 

Aberta há só 7 meses para Copa, Arena Pantanal fecha para obras (Esporte,Folha, 23.I)

 
( Fontes:  Folha de S.Paulo, Estado de S. Paulo, O Globo)             

Notícias direto do Front

                                   

Contradições da Presidenta

 
         Na república sindicalista, a equipe de Dilma semelha nervosa. Nessa dança e contradança de vantagens sindicais – sejam elas ultrapassadas ou não – preocupam o Planalto, em que as Centrais são vistas com nervosa atenção.

          Assim, tudo leva a crer que a regra que amplia de seis para dezoito meses o período mínimo de trabalho para concessão do benefício está com os dias contados.

          Os déficits do Tesouro inchados pela generosa concessão de apenas meio-ano para já qualificar-se para o seguro-desemprego só poderão ser compensados por outras fontes, eis que exacerbou-se a dílmica sensibilidade para os eternos reclamos dos companheiros sindicalistas.

           Com a súbita alta de peso da turma sindical – e a aparente rebeldia no Congresso, o regime parece com saudades das larguezas do passado. Joaquim Levy – se puder – terá de inventar novas saídas para exorcizar os déficits do anterior mandato.                

         

Cenário da Inflação
 

           Mais um recorde negativo amealhado por dona Dilma. Enquanto de má-vontade vai pondo areia na máquina recém-instalada na Fazenda para combater a carestia, as projeções para a inflação, para variar, não são nada boas.  A busca da verdade tarifária – ao invés dos preços administrados no Reino da Fantasia do Dilma I – não será indolor para o consumidor. Como pela razão acima é forte a expectativa de reajuste de tarifas e preços antes controlados pelo Governo, teremos de conviver com projeções de inflação para 2015 em níveis que não se deparavam desde o ano de 2003, quando Lula, com os atinentes temores do mercado, assumira.

            Nesses termos, uma vez mais a meta vai estourar. Há quatro semanas atrás, os economistas esperavam alta de 6,53%, praticamente no limite previsto de 6,50% para o IPCA. Agora, a previsão para o Índice de Preços ao Consumidor (IPCA) chega a 6,99%, segundo a pesquisa Focus do Banco Central. Estaremos, portanto, na prática nos 7,00% de inflação.

 

Processo contra Cerveró: Dilma entra e sai

 
          Edson Ribeiro, o advogado  defensor  do ex-diretor da Área Internacional da Petrobrás, Nestor Cerveró, relaciona Dilma Rousseff como testemunha de defesa no processo em curso na Justiça Federal do Paraná, mas volta atrás três horas depois.

          O pretexto para o recuo, segundo o advogado, terá partido do próprio acusado Cerveró. Há dúvidas, no entanto, quanto às causas que motivaram a saída da Presidenta.

          Segundo especialistas, Dilma Rousseff teria a obrigação de depor, o que poderia, inclusive, fazer por escrito, através de perguntas a serem submetidas pelo juiz Sergio Moro. As partes formulariam as questões a serem respondidas.

          Há quem interprete a renúncia da defesa a entendimento entre o Planalto e o advogado Edson Ribeiro.  As partes, no entanto, negam.

          O ex-presidente da Petrobrás, José Sérgio Gabrielli, também foi arrolado como testemunha no processo e foi mantido na lista.

          O advogado de Cerveró listou mais as seguintes testemunhas: o ex-presidente da Petrobrás José Carlos de Lucca e o atual presidente da Organização Nacional da Indústria do Petróleo (Onip), Eloy Fernandez y Fernandez, entre outros. No lugar de Dilma, entrou Ishiro Inagaki, um dos representantes das empresas de navios sonda.

 

( Fontes: Folha de S. Paulo, O Globo, Estado de S. Paulo )

segunda-feira, 26 de janeiro de 2015

Levy e Dilma

                            

            Pelo Brasil, por sua economia, e por seu futuro, o que deveria fazer  alguém que a fortuna colocou na presidência, e que escolheu, após desastroso primeiro mandato, um ministro jovem, mas singularmente preparado para desfazer todo o mafuá econômico que aprontou, entusiasticamente ajudada por sólidas mediocridades e cortesãos de primeira ordem ?

            De seu humor, ou talvez de sua falta, da peculiar maneira com que trata  subordinados, sejam de baixo, médio ou alto escalão, mais se vê na delicada grosseria com que acariciou repórter que ousara cumprir com a pauta plantada pela direção da tevê, com que parecia trazer de volta a brutal ternura  de político baiano que já dorme o sono profundo de Totônio Rodrigues, o que se pode dizer?

            Nos corredores dos palácios em que o seu benfeitor a colocou, e depois, quase um lustro depois, a deparamos sentada e empertigada, acreditando dar lições, enquanto a sua admirada cabeça segue rumo para uns tortuoso e errático, para outros maravilhoso. Compondo o quadro solene vêem-se lombadas e mais lombadas de livros encadernados, e me vem sorrateiro e insinuante o pensamento acerca dos muitos que por lá passaram, e jamais sequer se aventuraram a espiar por trás daquelas muitas páginas que lições poderia colher.

           Em cortes desse gênero, o poder será sempre delegado para os que estejam mais alto no círculo palaciano. Na verdade, quando a personalidade suprema se assinala por tais características, ela as transmitirá forçosamente aos mais próximos. Vicariamente tendem a ser alter-egos da chefa, e não desdenharão de oportunidades em que possam passar adiante toda a tensão, seja explícita, seja implícita, por que atravessam no seu dia a dia. Estão condenados, portanto, a reproduzir no seu entorno o que dela recebem.

            Noblat na sua crônica de hoje alinha com a exação conhecida as maneiras que a Presidenta encontra para corrigir o seu alto subordinado. Como exigente mestre-escola não resiste a corrigir o aluno mais dotado, se ele diz algo, seja no estrangeiro, seja por aqui mesmo, que não se case com as suas ideias. Talvez seja maneira de resgatar-se ou até de humilhar a quem ousa ajudá-la na limpeza das cavalariças...

           Por isso também se deveria compreender que nada diga ou faça – não mexe sequer uma palha – quando o ministro capaz que põe ordem na casa vire saco de pancadas dos aliados da presidenta? Freud, mesmo se algum cretino o acredite superado, explica isso tudo.

           Se o remédio é amargo, a paciente reclama, muito embora esteja fazendo efeito. Mas aí, a raiva aumenta, e a personalidade pode agir objetivamente contra o próprio interesse. Perde tempo em puxar orelhas, não porque sejam erros ou deslizes, mas pela oportunidade que lhe dão em acariciar o próprio ego, e a tentar convencê-lo que ela é soberana, e tudo pode, inclusive humilhar o seu ministro?

           Poder, pode... mas já imaginou se ele cansa, e sai batendo a porta, assim como o Jobim? No entanto, pense bem no que faz... A gente que tem à volta como todo cortesão, ri com a desgraça alheia, e gargalha com as do que se acham poderosos... Mas creia, eles estão sempre à mão, enquanto morar em tais alturas. E o outro, o jovem Ministro ? Na sua idade, o seu limite é bem outro. E se sair como o Jobim,  pesou bem a diferença entre os personagens? Aquele não faria muita falta... mas e este?

          Ou será que Guido Mantega e  Arno Augustin são os auxiliares que Sua Excelência precisa?

 

( Fontes: Coluna de Ricardo Noblat em O Globo; Profundamente, de Manuel Bandeira )

Tsipras vence na Grécia

                                  

           Conforme previsto, Alexis Tsipras, do Syriza, venceu na Grécia, alcançando 149 cadeiras (em trezentas). Negociou acordo com Panos Kamenos, líder do partido dos Gregos Independentes, de centro-direita, e que atingira 4,6% dos votos. Com isso terá maioria para formar governo.

           Resta verificar como o Syriza, que é considerado de extrema-esquerda se acertará com a centro-direita dos gregos independentes. Ambos são contrários à política de austeridade, o que já é um começo. A detenção do poder tende a facilitar de certa forma o modus faciendi, embora o desequilíbrio more na disparidade ideológica. Nesse tipo de aliança, os mais fracos crescem pela força oportunista das bancadas marginais, mas detentoras do acesso à maioria.

          Tsipras e aliados enfrentarão o desafio da União Européia e possivelmente de Angela Merkel. Passando dos slogans e comícios às reuniões em Bruxelas, esse novo repto à linha preponderante na C.E. será equação em que, além dos compromissos de campanha, serão computadas as importâncias relativas, a experiência comunitária e a possibilidade de aliados, tanto oportunistas, quanto de última hora.

           É cedo, portanto, para apontar os potenciais vencedores, embora não se possa esquecer o que está em jogo, e o peso relativo dos contendores. Nesse contexto, por maior que seja a ameaça retórica existem limites (e barreiras) muito claras que condicionam os resultados da eventual contenda.

          Entrementes, Tsipras hoje se reúne com o Presidente da República Helênica, Karolos Papoulias, que está no fim do seu segundo e último mandato. Deverá confirmá-lo como Primeiro Ministro, o que levará à votação pelo Parlamento Helênico do primeiro gabinete de esquerda radical no governo da Grécia.

         Não é certo que a esquerda nunca tenha governado a Grécia. O Pasok – socialista – se alternou no poder até o presente com a Nova Democracia (direita).

         Papandreou – e mais tarde seu filho – foram primeiros-ministros na Grécia, com o Pasok. E Karamanlis foi o principal nome da Nova Democracia, hoje representada por Samaras.

         O futuro determinará se a Grécia, através do Syriza de Alexis Tsipras, poderá influenciar a atual postura da C.E., em que predomina a austeridade alemã, representada pela Chanceler Angela Merkel.

 

( Fontes:  The New York Times, O Globo, Folha de S. |Paulo )          

domingo, 25 de janeiro de 2015

Colcha de Retalhos C 3

                              

 Dilma mudou? 


           Talvez seja cedo para emitir opinião, mas a impressão que se tem é de que, no essencial, a presidente pode adotar uma nova postura, embora no estilo e na atitude política geral, a  tendência é seguir a práxis do primeiro mandato.

           Assim a farra ministerial continua, e a sigla partidária tem precedência sobre a qualidade do encarregado. Dá-se precedência à quantidade sobre a qualidade, como se a inanidade do presente gabinete fosse preferível ao mérito.

           A desculpa está nos votos no Congresso. Mas o peso desse gabinete e o seu nível sobrecarregam a Nação e pouco prometem em termos de realizações. O provável é que tenhamos mais do mesmo, vale dizer, abuso na mediocridade e na política com p minúsculo. Dados os precedentes, quem se aventura excluir de plano ulteriores escândalos de corrupção?

           Por outro lado, o futuro do governo está no Ministério da Fazenda. Joaquim Levy tem o compromisso de resgatar as loucuras nas finanças e na senda fiscal do primeiro mandato.

           O Brasil sabe quem trouxe a inflação de volta. Levy tem a missão de pôr as coisas no lugar. Não há dúvida de  que a economia se arrasta e a carestia nos ronda. Se a presidenta tiver juízo, conterá o próprio temperamento – já houve recaída no Planejamento – e deixará a Fazenda por conta de quem entende do riscado. Senão...

 
Nomeações pétreas?  

 
         Interessante a coluna de Bernardo Mello Franco ‘Os intocáveis’, na Folha de 23 de janeiro. O Senador Renan Calheiros, cuja última eleição para a presidência do Senado, pelos seus antecedentes, despertara viva reação popular em Brasília, se hoje, graças ao rio do Letes atravessa período de tranquilidade – embora tenha caído na mira da Operação Lava Jato – mostra igualmente quão durável pode ser indicação sua.

        Como informa a coluna, em junho de 2003, primeiro ano de Lula, o Senador indicou o ex-senador cearense Sérgio Machado para o comando da Transpetro. Doze anos já passaram, Lula e os ministros mudaram, mas o afilhado de Renan, não. 

        Desde outubro passado, delator do esquema Petrolão, Paulo Roberto Costa, disse à Justiça Federal que recebeu R$ 500 mil das mãos dele. Informada, Dilma disse que o demitiria. Renan e os chefes do PMDB reagiram com fúria e Dilma, para variar, cedeu. Entrando em licença, até hoje Sérgio Machado não se dignou dizer se renuncia.

        Entrementes, Dilma nada faz. Espera acaso que o ‘intocável’ se digne renunciar?

 

A incrível farra municipal



         Se não são os movimentos populares, que, por acaso, acampem diante da Gaiola de Ouro (Câmara Municipal do Rio de Janeiro), ou a ação de um punhado de edis – que se contam, em geral, nos dedos de u’a mão – o prefeito Eduardo Paes parece movido por húbris olímpica. Não há outra explicação para o aumento em cargos na cúpula municipal.

         O Globo coteja o primeiro escalão da Prefeitura com o ministério de Dilma Rousseff. A Presidenta tem um gabinete inflado de 39 nomes, e Eduardo Paes nomeia por decreto municipal 64 cargos de primeiro escalão para o Rio de Janeiro. Ter mais de 25 postos de primeiro escalão do que o ministério de Dilma – que já é havido por inchado – pode até que  encontre justificação pelos leguleios de Sua Senhoria, mas não tem qualquer apoio no bom senso, que deveria ser a cartilha de todo bom político, seja federal, estadual ou municipal.

O Racionamento Anunciado

        Em política, manda a sensatez que se deva evitar, na medida do possível, imperativos categóricos negativos. Reporto-me, como é óbvio, àquele campo de atividade que, por maior que seja o poder da excelência, não se acha exatamente circunscrito à vontade do alto e poderoso senhor (ou senhora).

       Racionamento, como o segundo governo de Dilma Rousseff tem presente sempre mais, não é aquele espantalho que a então candidata ‘mulher do Lula’ afastara com sobranceira empáfia em debate televisivo contra o candidato José Serra.

       Eliane Cantanhêde, a ex-colunista da Folha e agora com janela mais ampla no Estadão, trata, com a propriedade habitual, da questão energética.

        Para resumir, o governo de Dilma Rousseff aboliu do dicionário da República os termos ‘apagão’ e ‘racionamento’. Os fatos, no entanto, brigam com isso. “Eduardo Braga botou vagamente a culpa numa tal ‘falha técnica ou humana’, e apelou para ‘ Deus é brasileiro, vai dar um jeito de mandar frio e chuvas e salvar a Pátria’. Por sua vez o técnico e diretor-geral do Operador Nacional do Sistema (ONS), Hermes Chip faz a equação calorão mais aparelhos elétricos domésticos e daí o pico de consumo que o sistema não suportou. E por faltar, tem de ser desligado preventivamente.

       Como sumariza a Cantanhêde: “houve um apagão para evitar o risco de um apagão”.

       Dormir em berço esplêndido é coisa de hino, mas não é aconselhável como política. No primeiro mandato de Dilma, a craque em energia, muitas obras deixaram de ser feitas em termos de conexão de sistema, como a ligação do parque eólico que talvez seja o fio pendente mais embaraçante. Mas há otras cositas más, que não atendidas forçam o apelo in extremis a Cristina de Kirchner.

 

( Fontes:  O  Globo; Folha de S.Paulo; Estado de S. Paulo )  

sábado, 24 de janeiro de 2015

Putin volta a atacar

                                        

        Só um tolo poderia confiar na promessa de Vladimir Putin, como garante do cessar-fogo de setembro de 2014, firmado em Minsk, na Bielo-Rússia. Mas poucos poderiam imaginar que a luz verde seria dada em pleno inverno ucraniano, que não tem a clemência como norma.

         Aleksandr Zakharchenko, o quisling que se intitula líder da chamada República Popular de Donetsk, na Ucrânia oriental, declarou que o seu ‘exército’ atacará. “De nosso lado, não faremos esforço de falar sobre o cessar-fogo. Agora vamos observar como Kiev reage. Kiev não entende que nós podemos atacar em três direções ao mesmo tempo.”

         Atrás da empáfia de Zakharchenko, está a ordem do presidente Putin de retomar a guerra no leste. Terá sentido que a população russa, a despeito da crise, da desvalorização do rublo e das sanções, não desdenhe a guerra?  Sua popularidade não cresceu quando os soldadinhos verdes, sem marcas na farda, se apossaram, ilegalmente e em clima de festa, da Crimeia, que fora incorporada na Ucrânia pelo Secretário-Geral do PCUS, Nikita Kruchev, em 1954?

         Assim, no entender do ex-dirigente do KGB, a medicação adequada é mais guerra.

         Com a permeabilidade da longa fronteira ucraniana no leste, um número imprecisado de ‘voluntários’ russos penetrou adentro dos campos nevados da região em torno de Donetsk. Já se tornou axioma nessa guerra não-declarada que toda vez que as forças rebeldes se acham em dificuldade diante do exército regular da Ucrânia, gospodin Vladimir Putin cuida de reforçá-las com homens (pudicamente não portam insígnias da Federação Russa), e equipamento pesado de artilharia.

         O Ocidente a tudo assiste e, por ora, muito pouco faz. O conflito com a Rússia nuclear não deve decerto pôr a Humanidade em perigo, mas há limites para a inação diante desse imperialismo com cinismo hitlerista.

         Com o tesouro enfraquecido pela vertiginosa queda na cotação internacional do barril de petróleo, e o próprio rublo colocado sob cuidados de emergência,  o senhor do Kremlin pensa transformar fraqueza em força, atacando a vizinha Ucrânia, como se recursos tivera para mais uma expedição de conquista.

        O Ocidente e os Estados Unidos, em particular, na qualidade de seu líder, têm duas opções pela frente: ou adotam a postura da Presidente Dilma Rousseff, que declarou não ser a Ucrânia problema para o Brasil, ou apoiam o Presidente Petro Poroshenko, e tratam de não tornar a vida demasiado fácil para  o Presidente Putin.

        Como sugestões de ação, cuidar da porosidade extrema das fronteiras orientais, estruturar melhor as forças do exército ucraniano e manter contato com os finlandeses, que tanto conhecimento já demonstraram nos combates invernais. Além disso, o Presidente Barack Obama poderá pensar em mais medidas contra esse poder que apoda de regional, sobretudo as sanções pontuais, com potencialidade acrescida de incômodo para o erário russo, que não atravessa a sua melhor fase.

        O imperialismo agressivo, aquele que arranca pela força terras dos próprios vizinhos, não é infelizmente por ora o que deveria ser, criatura anacrônica, um pária nas relações internacionais.

        Pois se deve sê-lo, não será por olhar para o outro lado, como é tendência ocidental, nem tampouco, na contramão da respectiva tradição diplomática, como vem sendo a deplorável atitude do governo de Dilma Rousseff – que tem envergonhado pelo seu míope oportunismo, além de sólida ignorância diplomática, a tricentenária tradição da diplomacia brasileira, com o precursor Alexandre de Gusmão no Tratado de Madrid (1750), e o patrono Barão do Rio Branco, com o respeito aos tratados e a diplomacia de Estado, encimada  pelas vitórias arbitrais que consolidaram as nossas fronteiras. Por não balançar no mar da política partidária e das alianças de ocasião, a diplomacia do Itamaraty marcou presença e colheu respeito através dos séculos.

       O axioma latino já nos ensina que a Paz não é objetivo inatingível mas deve ser preparada por disposição que confronte quem se demonstre inimigo do Direito das gentes.

( Fonte:  The New York Times ) 

sexta-feira, 23 de janeiro de 2015

Notas de Ocasião

                                   

Aumenta a Taxa Selic

         Agora Fazenda (Joaquim Levy) e Banco Central (Alexandre Tombini) trabalham em conjunto. Como a inflação não parece sossegar (a inflação esperada nos próximos 12 meses vai de 5,46% para 6,67%), o Copom resolveu determinar a terceira alta desde a eleição. A Selic passa para 12,5%. Como assinala a Folha, a Selic é taxa referencial para o custo do crédito e remuneração do investimento. Assim, o juro cobrado do consumidor costuma ser bem maior. Daí a recomendada atenção no emprego do cheque especial e nas compras a crédito.

         Desde julho de 2011 (quando estava a 12,5% ao ano) este é o maior patamar da Selic.

         O aperto fiscal determinado por Levy e sua equipe se destina a desanuviar os horizontes fiscais da economia, além de trabalhar contra a carestia.  Uma vez dominado o dragão, pode-se começar a pensar em baixar a Selic. Mas com todo o cuidado porque o monstro tem fôlego para dar e vender.



Cristina Kirchner muda de tática

           A Presidente argentina terá deixado desorientado o governo, pois em sua última carta postada na internet Cristina Kirchner muda de opinião. Depois de ter afirmado no Facebook que o “suicídio provoca estupor e interrogações’, deu uma guinada e encontrou nova explicação para a morte do promotor (que a tinha denunciado dias antes por suposto encobrimento da participação do Irã no atentado contra a AMIA, que matara 85 pessoas em 1994: “usaram-no vivo e depois precisavam dele”.

            A reviravolta provocou perplexidade. A promotora Viviana Fein, que é a responsável pela investigação do óbito de Alberto Nisman, declarou: “Ela (a presidente) (...) pode pensar que foi suicídio. Pode variar sua posição(...). O caso continua sendo considerado duvidoso”.

           O Secretário de Segurança, Sergio Berni,  que foi o primeiro a entrar no apartamento de Nisman após o crime – despertando suspeitas de como tivesse   a informação com tal celeridade – logo alinhou-se à nova postura presidencial: “ a teoria do suicídio parece cada vez mais distante.”

           A nova posição da Presidente irritou a oposição, que reitera a convocação dos ministros das Relações Exteriores, Hector Timerman, e do Planejamento, Julio de Vido, para dar explicações  sobre a denúncia do promotor.  Nisman acusara a Presidente, os seus Ministros e três dirigentes kirchneristas de terem armado uma ‘confabulação criminosa’ para acobertar funcionários iranianos procurados pela Justiça Argentina por sua eventual responsabilidade  no atentado à Associação Mutual Israelense Argentina  (AMIA). O escopo do suposto plano secreto do governo Kirchner era o de vender um acordo que estabelecesse a troca da impunidades para os funcionários (ou sicários) do Irã por um escambo comercial (a Argentina vendendo grãos e comprando petróleo)

           Nesse sinistro contexto, não causa espanta que o El País, em comentário de Fernando Gualdoni, considere em jogo a credibilidade externa judicial da Argentina.

Morre o Rei Abdullah, da Arábia Saudita

           No hospital desde desde dezembro do ano passado, o rei Abdullah morreu de pneumonia. Com 90 anos, estava bastante fragilizado. Deverá sucedê-lo o irmão Salman.

Violência contra jornalistas

           Relatório da Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj) revela que 129 sofreram violência em 2014, sendo que três foram assassinados. Em relação a 2013, houve 181 casos de violência. Em termos de homicídio, houve um caso a mais (três), do que os dois verificados em 2013.

           As agressões, portanto, diminuíram, embora o total continue alto. A viúva do jornalista Pedro Palma, dono e repórter do “Panorama Regional” – que foi assassinado com três tiros, na porta da sua casa – cobrou justiça para os responsáveis pela morte do marido. Patrícia Palma  acompanhou a divulgação do relatório, no auditório da Associação Brasileira de Imprensa (ABI).

              Disse ela: “Vai fazer um ano (do crime).  Ele está virando uma estatística. Ele foi assassinado na porta da minha casa e eu não terei resposta nenhuma? Então, a gente está lutando é por justiça.”

              A pena de morte que não existe no Brasil, na prática é aplicada em vinganças e represálias contra repórteres que expõem crimes e podres de grupos de poder, interioranos ou não. A melhor maneira de coibir tais práticas não é através do esquecimento, por omissão ou imposição, ou da prorrogação indefinida de processos judiciais, de que Celso Daniel é exemplo de crime insepulto.


Da Arte da Política, segundo João Santana

               Apesar de ocasional linguagem chula, o marqueteiro João Santana fala grosso, fundado no seu respeitável retrospecto de vitórias com candidatos petistas.

               Segundo esse pensador: “os candidatos são tão humanos e muitas vezes mais frágeis do que o eleitor. Ninguém gosta de levar porrada (sic). Ou se enfurece e reage, ou se quebranta.”

              Os exemplos que têm à mostra parecem respeitáveis. Que o digam Marina Silva e Aécio Neves.Contra o ex-governador de Minas, o marqueteiro saíu-se com acusações de nepotismo em 2014. O tucano acabou chamando Dilma de “leviana”, doesto que se teria voltado contra o próprio Aécio. O PT passou a insinuar que, com isso, o Senador se teria mostrado agressivo com mulheres.

              Já Marina levou porque chorou – virou aquela que não aguenta pressão, e onde já se viu isso numa candidata que pretende governar o país.

              A vitória tem sido propícia para João Santana. Ele terá lido o seu Maquiavel, e por vezes recursos discutíveis permanecem incontestes pela ajuda prestada ao partido do poder, que atualmente é o PT. 

               Assim, a proposta da candidata Marina de dar autonomia ao Banco Central, foi atacada com violência em filmete do PT de Santana, em que mais do que se insinuava que tal prática iria tirar a comida da mesa do pobre. A coalizão que apoiava Marina requereu tempo de resposta, o que foi denegado por um ministro do Tribunal Superior Eleitoral. Aliás, para quem tinha pouco tempo de publicidade, a temporada estava aberta para a pletora das ‘mentiras’ (como as definiu Marina).

               Resta ver se no futuro o dito ‘mago’ marqueteiro não mais dispuser de tantas e oportunas ajudas, se a sua propaganda continuará eficaz. Pois sem contestação fica muito fácil.

O sombrio panorama energético

              O Ministro de Minas e Energia, Eduardo Braga, é bom de gogó.  Dá melhor impressão de que o antecessor Edison Lobão.

             Ele disse: no Brasil, não falta energia.

              Mas então como  explicar  as importações da Argentina e do Paraguai?

              Só da Argentina foram 165 megawatts. E do Paraguai, o Brasil vai utilizar 300 MW da cota do país irmão, em Itaipu.

              A probabilidade do racionamento cresce, eis que das dezoito principais hidrelétricas do Brasil, dezessete já estão com o nível de seus reservatórios abaixo  do que estavam em 2001, quando é bom lembrar que o Brasil de FHC fora constrangido a fazer racionamento. Ora, todos sabemos que racionamento é anátema para D. Dilma. A pergunta da vez é como o  governo petista  sairá dessa.

Dinheiro da Petrobrás pagava aliados do PT

              O que já se presumia é colocado em documento, entregue à Justiça Federal, na defesa de Gerson de Mello Almada, vice-presidente da Engevix Engenharia, um dos alvos da Lava-Jato. Aí se declara que os superfaturamentos em contratos da Petrobrás foram empregados  para bancar “o custo alto das campanhas eleitorais”, assim como para o Governo Federal pagar parlamentares em troca de apoio no Congresso. 

                 Consoante asseveram os advogados deste empresário – preso desde novembro com outros dez empreiteiros – o esquema foi montado pelo PT para se manter no poder.

                Por outro lado, o tesoureiro do partido, João Vaccari Neto – que até então, fora as citações na imprensa, permanecia indenefoi exonerado da função de conselheiro da Itaipu Binacional. Havia sido designado para este posto por Dilma Rousseff, então Ministra das Minas e Energia em 2003.

Costa terá recebido US$ 1,5 milhão

               O ex-diretor de Abastecimento da Petrobrás, Paulo Roberto Costa, delator da Operação Lava Jato, confessou à Polícia Federal que recebeu US$ 1,5 milhão só para ‘não atrapalhar’ a compra da Refinaria de Pasadena, nos Estados Unidos.

               Ainda segundo Paulo Roberto (o ‘Paulinho’ de Lula), dentro da notória operação de Pasadena, o negócio em tela pode ter envolvido propina de US$ 20 milhões a US$ 30 milhões – valor supostamente pago pela Astra Oil, antiga sócia do empreendimento ao ex-diretor da estatal, Nestor Cerveró, e ao lobista Fernando Soares, o Fernando Baiano, que são apontados como braços do PMDB no esquema.  

             “Fernando Baiano ofereceu ao declarante (Costa) o valor de US$ 1,5 milhão para não causar problemas na reunião de aprovação da compra da refinaria de Pasadena.  O ex-diretor aceitou o valor e Fernando operacionalizou a disponibilização deste valor no exterior.”

              Segundo Costa, o lobista Fernando Soares frequentava Brasília “com regularidade” e era muito próximo do empresário José Carlos Bumlai, amigo do ex-Presidente Lula da Silva.

Nota sobre um evento de caráter pessoal

               O blog, iniciado em junho de 2008, e tornado diário a partir de 2009,  reflete em suas  páginas a, por certo, modesta contribuição deste blogueiro. Inclui não só comentários políticos, econômicos e financeiros, mas também avaliações diplomáticas, históricas, geográficas, literárias et al., além de incursões na ficção. Nele acolhi livro de dileto amigo meu, i.e., A Crítica do Animal Político, assim como a série de Cartas ao Amigo Ausente.

              Como ninguém é de ferro, também comparece a ficção, na sua série Cidade Nua.

              Hoje, a série completa 2500 postagens.

 

Nota sobre notícia que não saíu.

 
              Infelizmente, não foi possível a este blog publicar notícia sobre a anulação judicial da inconstitucional censura prévia aplicada sobre o Estado de S. Paulo. Resultante de sentença do Desembargador Dácio Vieira (TJ/DF), até hoje – e nos aproximamos do lustro – ela persiste, com censura prévia ao Estadão. Infelizmente, malgrado diversas opiniões na imprensa, e muitos blogs neste modesto conduto,  o Supremo não teve tempo para dela ocupar-se e, se possível, prolatar súmula vinculante sobre o escândalo da inconstitucional censura prévia,  que a despeito de tudo, ainda parece ter vigência no Brasil.  

 

( Fontes: O Globo, Folha de S. Paulo, Estado de S. Paulo, The New York Times )