quarta-feira, 8 de janeiro de 2020

Efeitos da fuga de Carlos Ghosn


                         
     Leio que a Justiça do Japão emitiu ontem, 7 de janeiro, ulterior mandado de prisão contra Carole Ghosn, que seria suspeita de "falso testemunho" na investigação em curso contra seu marido, o ex-diretor executivo da aliança Nissan-Renault, Carlos Ghosn.

       Há de convir-se que existem vários pontos não esclarecidos na questão judicial contra Ghosn. Não tenho decerto procuração para defender o Sr. Ghosn, mas me surpreende o encarniçamento das ações da justiça japonesa que se estendem agora também para o cônjuge, no caso Carole Ghosn, "que teria dado declarações falsas à Justiça nipônica em abril de 2019, ao ser interrogada sobre suas reuniões com uma pessoa, cujo nome não foi revelado". A ação em tela significa, em última análise, que a Justiça do país do sol nascente põe a francesa Carole sob a intimidatória - e pouca realista - advertência de que poderia ser presa se porventura venha a decidir retornar à aquela terra...

          É pouco crível que a mulher do ex-executivo acaso decida voltar ao Japão, a esse país que ela alega havê-lo tratado tão mal - logo a ele que tanto ajudara a progredir a aliança Nissan-Renault?

          À medida que sejam difundidos os procedimentos da Justiça e da polícia japonesa contra o executivo, há duas consequências a serem retiradas da sua espetacular fuga. As autoridades nipônicas de segurança deveriam ter em mente a insinuante e irresistível atmosfera de ridículo que cresce e envolve a rocambolesca fuga do executivo brasileiro, ridículo este que afeta diretamente os órgãos de segurança japoneses, na sua quase inenarrável ineficiência ao sequer terem condições de impedir a fuga de um alegado criminoso a quem tanto parecem temer, sobretudo pelas mofinas providências que adotam contra a consorte Carole, que é culpada decerto pelo desvelado amor que a leva a ajudar o marido...

( Fonte:  O Globo  )

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