quarta-feira, 22 de janeiro de 2020

Denunciado por homicídio ex-presidente da Vale


       
    O ex-presidente da Vale do Rio Doce, Fábio Schvartsman, além de funcionários, ex-empregados da empresa, e cinco técnicos da consultoria Tüv Süd foram denunciados à Justiça por homicídio doloso e crimes ambientais, pelo colapso da barragem de Brumadinho (MG).
       Esta tragédia causou  259 mortes confirmadas    e há ainda onze "desa-parecidos".  Os  óbitos  ocorreram na hora do almoço dos funcionários e operários da Vale, e os ll desaparecidos devem estar muito provavelmente soterrados na área do antigo refeitório da Vale.  Como se sabe, a barragem de Brumadinho, apesar dos avisos anteriores, como a de Mariana, fora construída a montante dessa barragem, e não a jusante como ora promete a Vale passar a construir as respectivas barragens, que é o que recomenda a prudência tanto desta companhia, quanto das demais grandes mineradoras, diante do desafio colocado para a melhor localização da barragem, e a consequente maior segurança daqueles que estão abaixo das águas e detritos represados. A pergunta que permanece no ar é: por quê a mineradora careceu de tantas calamidades para que fosse afinal convencida de que a mais elementar prudência sempre recomendara que a opção pelas barragens à jusante fora escolha determinada pelo bom-senso e a mais elementar prudência?
       Para que se tenha ideia da descomunal rapidez com que se rompe a barragem de Brumadinho, projetando-se   - como o mostra para quem tenha olhos para ver esta colheita da ceifadora ensandecida - em demencial velo- cidade pelo campo aberto que a separa da local do antigo  refeitório e das demais instalações da Vale do Rio Doce,  há de se compreender de muito pronto que os infelizes que pensaram almoçar, depois da dura faina matinal,  não tinham, na prática, chance alguma de escaparem vivos.  E o soterramento, com a brutalidade que caracteriza Mãe-natureza, faria a sua obra maldita. Nesse interminável post-mortem que arrostam os familiares  por esta macabra avalanche,  verifica-se que, malgrado os 259 óbitos, a tenebrosa computação ainda não foi concluída. E como se computa o sofrimento que lenta e cruelmente se destila ao sabor dos longos aguardos, num jogo maldito, em que, como em novo Inferno de Dante, aqueles que apesar de tudo ainda convivem com a impossível e tresloucada esperança,  a eles nada mais resta, nessa sala de espera amalçoada, senão implorar que pronto termine uma sádica expectativa que não parece ter fim. Com efeito, a sua condição é tal, que a verdade será um carrasco com um pouco mais de piedade, ao pôr fim a insanas, demenciais esperanças de que por algum milagre - que só o amor do pai, da mãe ou até do filho - pode explicar, de que essa louca expectativa por uma salvação que vai contra tudo pelo que ouviram e passaram até agora.

( Fontes: O Estado de S. Paulo e acompanhamento do noticiário pela Tv e demais meios de comunicação).

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