O
Itamaraty informou ontem, 30 de janeiro, ter sido oficialmente inteirado pelo
governo americano sobre o envio ao México de cidadãos brasileiros detidos na
fronteira estadunidense.
"O Consulado do Brasil na Cidade
do México não relatou pedido de assistência de parte dos brasileiros enviados a
Ciudad Juárez. Trata-se de brasileiros
que ingressaram regularmente no México e poderão permanecer em território
mexicano pelo tempo estabelecido pela legislação mexicana", afirma o MRE,
em nota.
A diretora e co-fundadora da ONG Grupo
Mulher Brasileira (Boston) Heloisa Galvão, disse ontem ao Estado de S. Paulo
ter conversado com ONGs do México que recebem os imigrantes brasileiros que têm
chegado em Ciudad Juárez, recordista de feminicídios no México. "A cidade
é conhecida como a que mais mata mulher no mundo. Imagina as mulheres
brasileiras lá? Com crianças pequenas?", disse Heloísa.
De acordo com a ativista, cuja ONG
presta assistência a imigrantes, essas famílias de brasileiros estão correndo
vários riscos. Primeiro, na travessia para os Estados Unidos, na própria prisão
americana e, depois, quando são mandadas
para o México, para aguardar julgamento de seu pedido de asilo.
E como se tal não bastasse, agora a situação é ainda mais
grave. Taylor Levy, advogado em El Paso, especialista em imigração, tuitou
sobre a chegada de muitos brasileiros a Ciudad Juárez, uma das cidades mais
violentas do mundo. "Meus colegas
em Juárez relatam a chegada de
brasileiros pela primeira vez", escreveu. "Eles estão mais
vulneráveis a sequestros, porque não falam espanhol e não há advogados que falem português."
"Não explicaram nada.Não
sabemos o que estamos fazendo", disse Tânia Costa da Silva, de 32 anos,
enviada para o México com seu marido, Jones Silva de Brito, de 35, e a filha
Isabella, de seis anos. Todos vieram de Minas Gerais e cruzaram a fronteira em
El Paso. Detidos, relatam dias de frio e fome. "A cela para catorze pessoas
tinha 32. Todos dormindo no chão ", contou Brito.
Segundo o governo americano, o MPP
impede que imigrantes consigam trabalho nos Estados
Unidos, com os quais eles
pagam os coiotes e evita que os ilegais
se escondam nas grandes cidades. O fluxo migratório, de acordo com a Casa
Branca, inunda o mercado de trabalho, achatando salários e aumentando aluguéis.
(Fonte: O Estado de S. Paulo)