sábado, 24 de agosto de 2019

Tempos Difíceis


                                   

         O desenvolvimento das relações entre o Presidente e o seu Ministro da Justiça, se acaso fosse previsto nas primeiras semanas do governo Bolsonaro, seria desmentido como se fora estapafúrdia intriga adrede inventada acerca  do Chefe da Nação e o posto ministerial de maior antiguidade e, por conseguinte, que se distingue por sua formal precedência com respeito aos demais.
             O Juiz Sérgio Moro é uma das grandes figuras, senão a maior, no conjunto do ministério de que Jair Bolsonaro, enquanto Presidente da República constitui o topo da escala hierárquica.

               Para muitos, o juiz Sérgio Moro não representa apenas um ídolo, mas igualmente um símbolo através de sua presença, com a própria autoridade acrescida por um longo processo de resgate do respeito à República, marcado por uma liderança nos horizontes da política, antes conspurcados por série de pequenos e grandes escândalos.

                  Encarnar a Lava-Jato, esse longo processo judicial cujos degraus formam a base de uma arquitetura sóbria, severa mas sopesadamente justa em que a metáfora da limpeza e simplicidade  constitui símbolo do firme projeto de resgate da nacionalidade e do coletivo auto-respeito. Não é decerto por acaso que a imagem de correção e limpeza de tal magna operação de resgate da nacionalidade se sirva  do traço simples de modesta estação de lavagem de veículos.

                    Para a nacionalidade brasileira, essa grande Operação em que avançaram enquanto partes de uma única magna empresa as corporações da Magistratura e do Ministério Público, unidas que foram por esse  grande e singular  projeto em nossa História que reivindicou  a volta plena da Justiça às terras de nosso País, no passado  por demais atingido por práticas inaceitáveis, que não só atingiam, mas também desfiguravam para alguns a face austera da Justiça. Por isso, a Lava-Jato não é, nem nunca foi, qualquer campanha de ocasião, pois na verdade reveste desígnio tão perene quanto histórico, nessa memorável travessia da nacionalidade, em que a Magistratura, que os muitos vêem simbolizada  por um simples juiz singular, que se torna para incontável número de brasileiros não só signo de uma Justiça renovada, fundada em republicana firmeza, pelo exemplo e pela coerência, que só se atém aos autos do processo, que torna real o velho simbolismo das estátuas, e tendo como estrela-guia o cintilar de Justiça acima das antigas humanas contingências, ao passar a fundar-se de forma exclusiva nas  vigas mestras da Lei, sem quaisquer exceções de conveniência, e a todos seus devedores aplicada, dentro do  espirito e da latitude da Lava-Jato, constitui promessa perene de respeito a seus princípios, seguindo sempre o caminho da Nacionalidade, em que a esperança a todos os brasileiros em ambiente de respeito à Lei e de renovada confiança em um Brasil mais justo e igualitário.  



( O Globo e O Estado de S. Paulo )_

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