domingo, 4 de agosto de 2019

Faixa de Gaza: espelho da crise palestina


                        
     A faixa de Gaza, ou o Inferno de Gaza, é um problema não só dos árabes-palestinos, mas também de Israel. Comprimidos naquele espaço, que já foi objeto da escrita de Aldous Huxley, continua a incomodar muita gente, entre os judeus que florescem em Israel, os árabes que os cercam, e que em relação de ódio e amor, se debatem enquanto contemplam o tempo que passa - e não necessariamente como antes se imaginara a seu próprio gáudio e favor.

        E sem embargo, a despeito da olímpica indiferença  da diplomacia estadunidense atual, o Inferno de Gaza constitui um problema que só acena ser resolvido nas tristes sendas do exílio, vale dizer o arrocho psicológico de um longo cerco sem sentido, é uma besta-fera, que após as suicidas demonstrações da gente de Gaza diante das portas de quem lhes cerra o caminho, só conceberia ser saciada por um visto para o exterior árabe-próximo, na busca incerta de emprego em terras muçulmanas, que pelo cruel peso demográfico de um povo a quem se nega o futuro, o presente muita vez há de consumir-se em esperanças vãs, em que as realidades sociais no chamado Oriente próximo  constituem na verdade um jogo sádico, no qual uma mescla de fatores se conjuga para empurrar a gente de Gaza   a reeditar no estrangeiro-próximo o mesmo silencioso desastre que lhes está cruelmente prometido na sua própria terra, a qual por um conjunção de fatores continua a aferrar-se nesse não-metafísico Inferno, de que nos escreve Aldous Huxley.

(a continuar)


( Fontes: Eyeless in Gaza; Estado de S.Paulo )               

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