quinta-feira, 8 de agosto de 2019

Da inopinada "transferência" de Lula


                        
         Não há dúvida de que  o maior motivo de preocupação dos dirigentes e lideranças petistas quanto à possível transferência  do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva para um presídio comum como o de Tremembé, se relaciona com a segurança e o bem-estar do ex-presidente.  Mas há outro perigo que, sem embargo, preocupou os petistas, ao longo do dia sete de agosto: os pesados danos que a transferência determinada pela juíza de Curitiba causaria à imagem da maior liderança  do Partido dos Trabalhadores.

             Com efeito, ao ser internado em Tremembé, Lula seria obrigado a raspar o cabelo e a barba, sua inegável marca registrada desde que surgiu na política nacional, durante as greves de metalúrgicos do ABC, no final da década de 1970, quando a ditadura militar adentrava os seus últimos anos.

               No sistema prisional paulista, todos os presos que são internados em uma penitenciária se vêem obrigados pelo regulamento da prisão a raspar o cabelo e a barba. Devem ainda tirar fotos para serem identificados, adquirindo uma ficha na cadeia. Para os petistas, essa ficha acabaria chegando às redes sociais.  Para deixar a barba crescer de novo, Lula careceria de autorização judicial.
                  No sistema penitenciário paulista, o preso recebe duas calças cáquis, duas camisetas brancas, duas blusas e pode ter  no máximo  cinco cuecas, além de dois pares de meia, sapato e chinelo. Logo que adentra a prisão, o detento é colocado no sistema de prova, uma espécie de adaptação à vida no presídio, que pode estender-se por até dez dias.  Só então lhe é designada uma cela aonde vai cumprir a pena.

                   Por fim, as visitas se limitam ao fim de semana - exceto advogados e parlamentares.  Todas devem ser autorizadas pela Justiça e devem passar pela direção do presídio. Petistas avaliavam que as restrições poderiam dificultar ainda mais a atuação política de Lula, hoje realizada por meio de advogados que o visitam diáriamente e políticos que vão a Curitiba uma vez por semana.

                     No caso de o ex-presidente fosse transferido para a penitenciária, mesmo no regime fechado, ele poderia trabalhar em uma das três empresas que atuam no local. Por meio de convênio com a Secretaria de Administração Penitenciária (SAP), outras duas empresas atuam no presídio, uma delas no ramo de metalurgia, que poderia oferecer ao ex-presidente uma ocupação em que ele detém conhecimento por já ter trabalhado nessa área.
                        Outra opção seria o de varrição do complexo. Oficinas de leitura e de teatro também são realizadas  para os detentos que não queiram  trabalhar.

( Fonte: O Estado de S. Paulo )

Nenhum comentário: