domingo, 30 de junho de 2019

Salvini manda prender Carola Rackete


                   
       Como seria de esperar , a Itália, sob as ordens de Matteo Salvini, que. enquanto chefe da neo-fascista Liga, e que governa a Itália com gabinete partilhado com Luigi de Maio, esquerdista, mandou prender a alemã Carola Rackete.  À deriva por mais de duas semanas, e com 42 migrantes a bordo, alguns com sérios  problemas de saúde,  o Sea Watch 3, a corajosa comandante foi "acusada" de querer afundar uma lancha italiana, que tentara impedir que o navio atracasse.

         Pertencente à ONG Sea Watch,  a embarcação aguardava há três dias para entrar no porto de Lampedusa, no sul italiano. Dada a manifesta má-fé  das autoridades, na madrugada de sábado, a capitã decidira prosseguir, mesmo sem autorização. Fora do porto por alguns minutos,  bloqueado por barco de patrulha, depois se dirigira para o cais, aonde atracou. "Basta, depois de 16 dias  entramos no porto.", escreveu ela no Twitter.  
             Não tardou que soldados embarcassem no Sea Watch, e detivessem a Capitã. A Rackete poderá ser punida entre três e dez anos de prisão, e a ONG ser multada em até 50 mil euros e ter o navio apreendido.

               Por mais que políticos demagógicos se refugiem numa soberania nacional que desconhece a miséria em um continente vizinho, e diante da hipocrisia dos tribunais europeus, a situação de desvalimento dos passageiros  do Sea Watch é tal, que mesmo o Tribunal Europeu dos Direitos Humanos teve que compor-se com a emergência. Embora se curvasse diante de Salvini, o órgão  pediu que "Roma continuasse a prestar a assistência  necessária" às pessoas vulneráveis a bordo.          

                Por ora, dir-se-ía que o primitivismo do fascistóide Matteo Salvini prevalece, diante de um escândalo humanitário do porte do cenário mediterrâneo, em que a riqueza europeia convive com a miséria e o desvalimento do continente africano. Por quanto tempo, é uma questão cuja pertinência se sobrepõe a esse caldeirão de soberanias, de trêmulos tribunais diante da manifesta denegação de direitos, e da arrogância fascista de políticos que põem a ambição na contra-mão do bom senso e dos direitos humanos,  muitos   têm a impressão de que a queda do fascismo em piazzale  Rieti não terá de fato ocorrido, com o ditador Benito Mussolini, pendurado pelos calcanhares, na companhia da amante Clara Petacci,  para serem fuzilados pelos partigiani. Ainda não passaram setenta anos dessa data, e há políticos na Itália que ajem como se ela não tivesse existido.


( Fontes:  O Globo e lembranças de um soggiorno  em Roma)

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