terça-feira, 11 de junho de 2019

O impeachment que deu chabu


                               
         O que haveria mesmo de surpreender seria que essa Câmara de Vereadores,  a famosa Gaiola de Ouro, votasse de acordo com a performance do atual prefeito, um dos piores que se tem memória nesta infeliz cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro. Se a votação fosse, por conseguinte, de acordo com o sentir da maioria dos cariocas, o processo de impeachment que se acha em desenvolvimento levaria ao seu natural desfecho, com a defenestração de um dos prefeitos de mais decepcionante folha de serviços de que haja memória, se tivermos presente o que diz o público dessa Câmara e o passado registro dos antecessores do senhor Marcelo Crivella.

            Com efeito - e está no Globo - o relator da questão, Luiz Carlos Ramos Filho (Podemos), e o presidente da Comissão encarregada do processo, William Coelho (MDB),afirmaram não haver elementos, até agora, que comprovem uma participação direta de Crivella na suposta irregularidade da prorrogação, sem licitação, dos contratos de exploração de publicidade no mobiliário urbano da cidade, que levaram à abertura do processo de afastamento.
             O próprio presidente da Casa, Jorge Felippe (MDB) também já não faz segredo  que "o sentimento. hoje, é de livrar (sic)  o prefeito da acusação de infração político-administrativa".   
              Ontem, faltando cinco minutos para o prazo terminal, foi protocolada a alegação final do prefeito sobre o caso. O documento, entregue por um advogado, tem 117 páginas. A leitura do relatório final da comissão processante, que poderia ser feita  até o dia 24 deste mês, foi antecipada para 4a. feira da semana que vem. Com isso a "decisão" sobre o impeachment poderá ir a plenário no dia 25, logo após o feriado de Corpus Christi.
               O presidente da Câmara diz que, para escapar do julgamento da opinião pública (pois não há qualquer dúvida sobre a repulsa do sentir geral da população contra esse prefeito, um dos mais ineptos da história da Velha Capital) parte dos vereadores contrários ao afastamento não deverá comparecer à votação, beneficiando, por conseguinte, o prefeito. São necessários 34 votos - ou maioria absoluta - para a aprovação do impeachment. Jorge Felippe, que se declarara impedido de participar da votação sobre a abertura do processo a dois de abril, por estar na linha de sucessão, terá de dar o seu voto.
                    Há 51 vereadores na chamada Gaiola de Ouro.  Willian Coelho calcula que o prefeito já tem a seu favor dezoito votos, número bastante para rejeitar-lhe o afastamento no plenário. Um dos vereadores que mudaram de lado é Marcelino D'Almeida (PP); ele votou pela abertura do processo, mas após seu partido - o PP -  ganhar duas secretarias, subiu ao plenário para dizer que errou!
                     O que também favorece Crivella é o fato de a Câmara não poder realizar uma eleição indireta em caso de impeachment.  A regra está na Lei Orgânica do Município, que prevê eleição indireta somente para o afastamento no último ano de mandato. Entre vereadores, há o temor de que uma eleição direta leve ao poder um nome do PSOL ou até do PSL...
                       No dia 26 de março, por um voto, a Câmara não aprovou alteração na  lei que permitiria  aos vereadores decidir sobre o sucessor de Crivella.  Assim, a possibilidade do impeachment perdeu força.
                        Há o temor da opinião pública.  Como afirma Paulo Pinheiro, do PSOL, o partido de Marielle - cujo assassino permanece ignoto e impune -"os vereadores não têm interesse em aprovar o impeachment por causa da eleição direta. Isso é claro. Mas muitas coisas podem mudar. Os vereadores terão que pôr a cara a tapa na votação."

                        O contrato com as concessionárias  Cemusa e Adshel, de vinte anos, termina agora, em 2019. O relator da comissão processante adianta que o seu parecer vai pedir que a Prefeitura anule essas concessões. Antes da apresentação à Câmara, o relatório será submetido aos outros dois integrantes da Comissão: Willian Coelho e Paulo Messina (PRB), ex-chefe da Casa Civil do governo.
                          -  Ficou claro que o contrato foi estendido sem ser validado  pelos órgãos responsáveis, sem os cálculos necessários - afirma Ramos Filho, dizendo que quer estancar a crise política. - Hoje o governo não se preocupa com outra coisa a não ser se defender de um processo de impeachment."

                             William Coelho diz que "impopularidade não é motivo para impeachment":  - Essa revolta com a atual gestão tem que ser discutida no ano que vem, nas urnas".
                                A tendência é que a comissão processante aponte a controladora-geral do município, Márcia Andréa Peres, e o ex-subsecretário de projetos estratégicos do governo Fernando Meira como responsáveis por eventuais irregularidades na prorrogação dos contratos..
                                 Na defesa final entregue ontem à Câmara, o prefeito afirma que "jamais praticou crime de responsabilidade, tampouco infração político-administrativa". Em outro trecho, a defesa cita a Constituição de 1988, e diz que os atos respeitaram o interesse público.
                                   Dentre os comentários dos vereadores, parece-me que o de Paulo Pinheiro, do PSOL, faz jus à transcrição:
                                  "Os vereadores não têm interesse em aprovar o impeachment por causa da eleição direta. Mas muitas coisas podem mudar. Os vereadores terão que botar a cara a tapa na votação."

( Fontes:  O Globo;  o sentir das ruas em sendo morador da Cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro ).

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