sábado, 1 de junho de 2019

Caso Marielle Franco (Contd.)


                 
      É um reflexo, sem dúvida, da crise que atravessa o Rio de Janeiro, o interminável inquérito para determinar a autoria do assassínio de Marielle Franco, e de seu motorista Anderson Gomes. Ocorrido em meados de março de 2018, a não-determinação até hoje de quem mandara matar Marielle (e seu motorista Anderson) é decerto reflexo indireto dessa situação no Rio de Janeiro, em que até agora os serviços policiais cariocas ainda não lograram indicar o provável suspeito do megacidio.
          Em ulterior desenvolvimento do caso, a  Polícia Civil  prendeu o sargento da PM Rodrigo Jorge Ferreira, o Ferreirinha, que chegara a ser havido como a principal testemunha do inquérito sobre o assassinato  da vereadora Marielle Franco (PSOL) e de Anderson Gomes.  
  
         Em seu depoimento,, prestado à Divisão de Homicídios, dois meses depois do crime,  ele acusara o vereador Marcello Siciliano (PHS) e o miliciano Orlando  Oliveira de Araújo, o Orlando de Curicica, de tramarem a morte de Marielle. Nessa ocasião, Ferreirinha afirmou ter acompanhado encontro entre Orlando (para quem prestava serviços) e Siciliano. Ambos, segundo essa fonte, criticaram a vereadora por atrapalhar negócios de uma milícia na Zona Oeste.
             Tanto Orlando - que está preso em penitenciária federal - e Siciliano negaram qualquer envolvimento com o crime. Ferreirinha passou a ser investigado em inquérito da Polícia Federal, e foi acusado de tentar atrapalhar a apuração da morte de Marielle e Anderson. Na manhã de ontem  o PM Ferreira foi preso em Pedra de Guaratiba, durante a Operação Entourage, da qual participaram a Delegacia de Homicídios da Capital, o Gaeco (Grupo de Atuação especial de Combate ao Crime Organizado, do Ministério Público e a Corregedoria da PM.

               Ferreirinha foi preso sob a acusação de integrar, entre 2015 e 2017. a milícia comandada por Orlando. Também foram presos na mesma operação Rafael Carvalho Guimarães e Eduardo Almeida Nunes Siqueira. Os dois haviam sido apontados por Ferreira como responsáveis pela clonagem do carro empregado pelos assassinos de Marielle e Anderson.
                  Segundo o Delegado Daniel Rosa, titular da Delegacia de Homicídios da Capital, eles integram a quadrilha de Orlando de Curicica, acrescentando que o miliciano continua a ser suspeito de envolvimento no megacídio.
  
                 De acordo ainda com este Delegado, Ferreirinha foi segurança e motorista de Orlando, até romper com ele, quando passou a denunciá-lo.  O Delegado Rosa afirmou que ele e o PM também cobravam taxas de moradores e comerciantes da região de Curicica. Ferreirinha, que foi procurado em quatro endereços, e que acabou se entre-gando após negociação conduzida por sua advogada, Camila Nogueira.

                      Consoante a polícia, foram identificados 28 integrantes da milícia, tendo sido oito deles presos ontem.
                        - As investigações mostraram que esse bando atuava na extorsão de comerciantes e explorava o comércio de água e gás, além de estar envolvido em grilagem e invasão de propriedades - explicou a respeito o Promotor  do Gaeco Michel Zoucas.

                        Por sua vez, esse intrincado tapete de dados sobre o megacídio, segundo reportagem do Estado de S. Paulo, o dito Ferreirinha, que trabalhara como motorista para Orlando de Curicica, e é jurado de morte por este último, o mesmo Ferreirinha disse à polícia que o bando de Curicica seria o responsál pelo crime. Completando essa explosiva combinação, o dito Ferreirinha declarou que o mandante do crime seria o vereador Marcelo Siciliano. Os dois apontados sempre negaram o envolvimento. Para complear o quadro, investigação da P.F.  concluíu que Ferreirinha mentira, atrapalhando as investigações. 
                             Ainda enquanto à autoria, a advogada Camila Nogueira, que defende Ferreirinha, afirmou à P.F. que desconfia da versão do cliente e que se sente usada por ele.   

                              A quadrilha (milícia) é acusada de atuar em catorze comunidades, aterrorizando moradores e comerciantes.  Os inquéritos levantaram  que o grupo explora ilegalmente serviços básicos na região, como transporte, lazer, alimentação e segurança. Os milicianos (a maior parte oriunda da PM)  cobram as chamadas taxas de "proteção" de comerciantes e "pedágios" de trabalhadores de vans (caminhonetes de transporte alternativo nos subúrbios cariocas), além de dominarem associações de moradores.

                                Pela cobertura da imprensa, como se nota pelos artigos de O Globo e do Estado de S. Paulo ,  não há dúvida de que o assassínio de Marielle e de seu chauffeur Anderson já seja considerado como um crime célebre no Rio de Janeiro,  dada a comoção popular que provocou e ainda de certo modo motiva, transcorrido já mais de ano sem que os vários setores da Polícia dêem indicação certa sobre os autores do megacídio, conquanto as opções pareçam estreitar-se. Há também poucas dúvidas sobre o provável envolvimento das milícias e de outros segmentos do complexo  panorama carioca. 


( Fontes: O Globo e Estado de S. Paulo )

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