segunda-feira, 10 de junho de 2019

Hong Kong e a ditadura na RPC


                              

              Hong Kong é um enclave remanescente do período  de um cerco neocolonialista no século XIX, do então império da China. Atrasada na época  em termos bélicos, a China foi um prato fácil para as incursões de um Ocidente bastante mais bem armado. Hong Kong é um exemplo dessa fase quase inerme do poder chinês, quando as potências ocidentais tripudiavam sobre o imbele  estado chinês.
                   Sem embargo, do mal podem advir boas consequências .Impregnada pelas práticas ocidentais, a colônia da Inglaterra, então no auge de seu poder, dominando os sete mares,adquiriu costumes, práticas e leis ocidentais, tanto que hoje a sua democracia incomoda o poder de Xi Jinping.
                    Assim,  centenas de milhares de pessoas encheram as ruas de Hong Kong ontem para protestar contra uma enésima lei de caráter ditatorial, eis que é feita para ensejar a extradição para a China continental. Organizadores declararam que havia um milhão de pessoas na manifestação. Houve, por conseguinte, confrontos com a polícia. Não se exclui que se siga uma série de prisões e o consequente envio de opositores da ilha para as autoridades chinesas.
                       Passada meia-noite, milhares de ativistas cercavam a sede do governo central - que repassa as ordens da metrópole - com cartazes dizendo "Sem extradição para a China" e "Sem Lei Maligna".  O levante se dirige precipuamente contra projeto de lei, apresentado pelo governo local de Carrie Lam, que é ligada ao PCC. A legislação em tela permitiria que suspeitos de crimes sejam extraditados a países com que Hong Kong não tenha acordo formal de extra-dição. O objetivo imediato é permitir que o governo envie um acusado de homicídio de Hong Kong para Taiwan, onde é acusado de ter matado a namorada.
                        O projeto deixaria a cargo de funcionários do Executivo a decisão de extraditar suspeitos de crimes, mas as autoridades de Hong Kong afirmam que antes da decisão  haveria julgamento por juiz independente.  O governo também afirmou que a nova lei não será usada  contra quem enfrente perseguição  religiosa ou política.
                          O que temem os habitantes de Hong Kong ?  Que a China instrumentalize essa lei e que os cidadãos de Hong Kong venham a sofrer detenções arbitrárias, ou que o poder residente chinês aplique detenções arbitrárias ou acusações aleatórias (suborno, corrupção, para prender eventuais opositores).
                           Os críticos alegam que os tribunais de Hong Kong são transparentes e independentes, enquanto os da RPC  atendem aos desejos do Executivo, onde o presidente Xi Jinping vem intensificando a repressão à sociedade civil Nos últimos meses, desapareceram de Hong Kong uma dezena de dissidentes e críticos do regime chinês. E se acham sob custódia da China continental, inclusive um bilionário chinês  e homens ligados a empresa que ousou publicar livros  que não agradam à liderança chinesa.  "Essa lei vai tirar nossas liberdades se for implementada", disse ao New York Times Peter Lam, um estudante de 16 anos do ensino médio.
                                    " Nos últimos anos, o governo chinês limitou a independência de Hong Kong, reprimiu o movimento democrático, impediu que candidatos  da oposição concorressem  e sufocou quase todos os movimentos de protesto", disse  Ivan Choy, professor do Departamento de Governo e Administração da Universidade Chinesa de Hong Kong.
                                       Segundo Choy, é provável que tal medida passe, já que os legisladores pro-Beijing detém 43 dos setenta assentos. "O maior problema é que Xi Jinping é um homem forte, que detém enorme poder econômico", disse Choy. "Ele vai forçar a decisão de Carrie Lam de avançar com a dita proposta."!

            ( Fonte: O Estado de S. Paulo )

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