quinta-feira, 27 de junho de 2019

Balanço da visita da Bachelet


                               
    Teve sucesso a missão de Michelle Bachelet?  Se tivermos presente, que o regime chavista mantém setecentos venezuelanos presos, em inimagináveis condições, com base em acusações políticas, a resposta terá de ser não.

        Poder-se-ía antever algo melhor dessa visita da Bachelet à ditadura chavista ? A Alta-Comissária para os Direitos Humanos terá tentado a libertação desses infelizes, presos sob fragilíssimas acusações de ordem política? Não excluo que o haja feito, mesmo que de forma simbólica. Ressalta, no entanto, que malgrado tudo o que se diz sobre as terríveis condições nas enxovias dessas setecentas "ameaças" ao Estado chavista - além de ter presente a imanente precariedade desse Estado, com os seus hospitais em condições miseráveis, a ponto que militares - que têm acesso aos 'melhores' - enjeitam o que de saúde tais estabelecimentos possam hoje oferecer, correndo para o atendimento nos hospitais de Roraima.
            A Bachelet insistiu em escritório de direitos humanos,e ela tenciona manter na terra de Bolívar dois comissários durante três meses , e não é de descartar a possibilidade de criar-se escritório permanente, em até seis meses. Se cumprido esse "compromisso", nunca se terá previsto algo tão inadequado para lidar, não só com Maduro, mas também com o seu soturno vice, Diosdado Cabello (com quem ela também se reuniu).

                 Juan Guaidó, pela foto ao lado da Bachelet, já tem ares presidenciais, ainda que interinos. Não se deve, contudo, negar, que Guaidó é um sucesso, e um senhor porta-voz de oposição, até hoje infelizmente atenazada pela interna desunião. Só não repetirei, por respeito ao leitor, o número de países que o reconhecem como tal.  Também me parece importante que a Bachelet saiba do número de pessoas, ou escorraçadas para o exílio, ou refugiadas em missões diplomáticas.
                     Outro testemunho de grande, talvez maior pertinência  foi o de Gilber Caro, deputado ex-preso político do regime chavista. Caro logrou encontrar-se com a Bachelet. Ele já foi preso duas vezes, e, guarda caso!, foi liberto nesta semana, após 51 dias de cadeia. Condições dessa última prisão:  onze dias algemado, trinta dias incomunicável, em uma cela de um metro (?) sem direito a tomar banho.
                     Todas essas contradições entre as torturas e as miseráveis condições reservadas aos mortais (quando não visitam altos funcionários e funcionárias internacionais) participam da triste, tenebrosa rotina das ditaduras & Cia.que ainda vicejam nesse mundo,vasto mundo, como a Venezuela parece ser a um ponto de cinismo que é de tirar o chapéu (mesmo que metaforicamente, uma vez que tal adereço do vestuário passou a ser usado apenas por motivos de saúde... )       

(Fontes: O Estado de S. Paulo; Carlos Drummond de Andrade)                           

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