domingo, 2 de junho de 2019

A voz da Merkel


                                         

        A    Chanceler Angela Merkel, ao cabo de treze anos à frente do governo, já entregara a secretaria de seu partido a CDU, retendo por ora a Chancelaria Federal que é a direção do governo federal alemão.
           Não surpreende decerto que não seja dos melhores o seu relacionamento com o atual presidente dos Estados Unidos. Como já referido no blog o seu recebimento na Casa Branca - a quem fora visitar pouco depois do ingresso de Donald Trump na presidência - terá demonstrado para quem tem olhos para ver que o sucessor de Obama não se sentia à vontade em tê-la naquela famosa residência em que, para surpresa de muitos, acabara o republicano de entrar. Sem dúvida, não será difícil entender que Trump não se sentisse à vontade com uma personalidade como a Merkel,  enquanto um pouco mais tarde chegou a sair de um trenzinho de mãos dadas com a Primeiro Ministro inglesa,Theresa May... Afinidades decerto não se discutem... Talvez a May, que já se despede de Downing Street 10, tenha-lhe parecido mais no seu próprio nível, do que a Merkel com toda a sua presença, de treze anos à testa da Chancelaria Federal...
           Desta feita, ouvidos mais atentos a esperavam nos jardins da Universidade Harvard, nos EUA. Na sua alocução, a Merkel  conclamou os formandos a "derrubar os muros da ignorância e da intransigência", e condenou, vejam só, a adoção de políticas de cunho isolacionista e protecionista.
             De quem as orelhas arderam à distância, sabemos por certo o nome...
              Não é de ignorar-se, tampouco, a atual ascensão do populismo na Europa. Essa forma de demagogia, como todas as suas variações, pode até impressionar a princípio, mas em geral não corresponde às profusas faixas com que anuncia a própria entrada. Um dos perigos que o cercam é a sua superficialidade e as mágicas e simplistas maneiras com que pensa resolver os problemas que atenazam os líderes do presente... O mais interessante disso tudo - é claro que Mr Trump não tem tempo para pensar em tais coisas - será a preferência pelos atalhos autoritários (Hungria, Polônia), ou então soluções mágicas, como o Brexit[1] - vale dizer a saída do Reino Unido da União Europeia - que desde 2016 atormenta a velha Inglaterra... Disto, no momento, assistimos a mais um capítulo.
              Tendo presentes seja a atualidade, seja os quadros de um passado não tão distante,  Angela Merkel que no cadinho da Europa do meio disse: "Nossas liberdades individuais não são dadas. A democracia não é algo que possamos considerar garantida. Nem a paz ou a prosperidade".  Os alemães - e os europeus - podem entender essas asserções com maior facilidade.
              Para os jovens universitários hodiernos, nos Estados Unidos, talvez pareça complicado. Mas um curso sobre maccarthysmo talvez ajudasse a compreendê-lo de forma um pouquinho mais abrangente...

( Fonte: Folha de S. Paulo )      


[1] Britain exits (Brexit) - a Inglaterra deixa a U.E. A pergunta que cabe é  Para quê ?

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