segunda-feira, 30 de novembro de 2015

Notícias direto do Front


                             
O Renmimbi sobe de categoria

 

         Segundo se noticia, a moeda oficial da República Popular da China, o renmimbi  teve reconhecida pelo Fundo Monetário Internacional (FMI) a sua condição de moeda de reserva mundial. Para elevar o nível da respectiva moeda, o governo da China teve de concordar em submetê-la a uma série de controles financeiros, de acordo com as normas do Fundo Monetário.

         Se este avanço representa um claro reconhecimento da progressão chinesa em matéria de finanças e de comércio internacional, assim como do peso da economia chinesa nas relações econômicas e financeiras internacionais, esta subida de categoria não é obtida sem que se haja submetido aos necessários controles estabelecidos pelo FMI para esta categoria de moeda. Em troca dessa distinção internacional, as autoridades financeiras de Beijing não mais poderão valer-se de expedientes empregados no passado no que tange à paridade do renmimbi.

        Assinale-se que o Renmimbi entra agora na seleta companhia do Dólar estadunidense, do Euro, do Yen japonês e da  Libra Esterlina, que são as principais divisas empregadas nos fundos de reserva internacional.

        

Os Avanços do ISIS

 

           A relativa facilidade com que o Exército Islâmico abocanhou  uma parte importante do Iraque setentrional terá surpreendido o Ocidente e, em especial, os Estados Unidos, pelo que Washington tem gasto em créditos militares para reforçar as forças armadas de Bagdá.

            Se no tempo de Saddam Hussein, o Iraque era respeitado como força militar, a ponto de haver prevalecido na guerra contra o Irã, hoje em dia a situação mudou radicalmente, na medida em que Teerã dispõe de um exército muito melhor estruturado e equipado do que o Iraque, sob a liderança xiita.

            Quando o ISIS se tornou uma força muito agressiva no Oriente Médio e, nesse sentido, ele começou a ampliar o seu território às custas dos respectivos vizinhos. Nesse contexto, cederam largos espaços ao DAESH[1],  em especial o restante da Síria sob domínio de Bashar al-Assad, e mais a leste, o Iraque do Norte.

            Se os curdos e a fortiori quando bem armados constituem temíveis adversários contra os soldados do E.I. do Califa al-Baghdadi, os iraquianos tem sido os adversários que o ISIS pede a Alá, não só pela sua desorganização militar, mas também pelo modo inepto com que se deixaram varrer do Iraque do Norte.

                    Como os Estados Unidos dispenderam substanciais somas para aparelhar e estruturar o exército xiita de Bagdá, e toda essa injeção de equipamento militar, armamento, sem falar na figura dos assessores militares com que a superpotência tem procurado reforçar o exército iraquiano, não impediram a progressão e a queda da segunda cidade em importância no Iraque, além da área petrolífera que se acha na parte norte do país.

                    Nesse contexto, dado o abismal desempenho militar iraquiano diante da invasão do E.I. - que incluíu, outrossim, a conquista de área povoada por yazigis, que é uma seita sincretista assinalada pelo pacifismo de seus integrantes.

                    Dentro da prática americana de fazer relatórios em que se procura determinar as causas de eventuais malogros, o que nesse caso específico é uma tarefa que pode ser bastante constrangedora à luz do contribuinte americano, existe a possibilidade de que seja necessário um exame mais detido da atuação militar do Iraque.

                    Para começar, as primeiras avaliações têm provocado alguma perplexidade entre os inspetores, nessa fase preliminar, que pode ou não desembocar em um verdadeiro inquérito.

                    O que de início tem provocado espécie é a maneira com que o relatório preliminar sobre o avanço do ISIS e a retirada do exército iraquiano tem dado a impressão de mascarar o comportamento iraquiano, que pode parecer reminiscente do velho exército italiano, quando em debandada na Segunda Guerra Mundial.

                     Como se sabe, os relatórios de perdedores constituem em geral um exercício em mascarar fugas e retiradas - nesse contexto, quando a guerra na Rússia mudou de sentido, e começou o longo recuo da Wehrmacht, os relatórios da OKW passaram a ser um modelo de dissimulação quanto à evidência da derrota alemã.

                     Ainda não se sabe se o Pentágono fará uma investigação aprofundada, mas o texto dos relatórios já é de natureza a levantar algumas sobrancelhas. Assim, ao invés de descrever o que foi uma batida em retirada, os relatórios dos assessores americanos são bastante mais discretos. Ao invés de descrever a fuga ou debandada dos batalhões iraquianos, os textos examinados falam que as unidades iraquianas deploy diante do inimigo. Assim, esta mudança tática de postura bélica diante do inimigo semelha uma maneira demasiado positiva de descrever a reação do exército iraquiano, que na realidade recorria ao velho pernas pra que te quero diante da investida dos destacamentos do E.I. ...

 

( Fonte: The New York Times )



[1] Acrônimo em Árabe, que equivale a ISIS.

A Corrupção é o fim do Estado ?

                           

           A corrupção tudo destrói, e quando ela se apodera do Estado, a exemplo de o que ocorre no Brasil,  sua presença, tão deformante quanto açambarcadora, estará em toda parte, levada pelo exemplo, oriundo do poder, e das práticas de imitação, que surgem em toda parte, pela própria expansão, e por  cultura paralela, em que o errado, surge como o caminho expresso, e o apego aos princípios éticos, cousa de gente atrasada ou burra.

           Seria como se, em determinado ambiente, não mais se respeitassem as regras do convívio social, e se erigissem outras, em que o interesse não está no respeito ao outro, mas sim nos atalhos que privilegiem o ganho, não importa como. Ao invés do bem comum, e do comportamento com ele consentâneo, se constrói um mecanismo que privilegie o lucro particular, sempre em benefício de determinado grupo ou associação, que passa à frente, e mesmo substitui, as organizações da sociedade.

          Nessa economia predatória, se pensa no grupo ou no indivíduo, como fonte de recursos, não importa se os bens e os lucros auferidos o sejam contra o interesse público geral.

          Não é por acaso que o Povo brasileiro, hoje, considera a corrupção como o principal problema da sociedade. Ela está em toda a parte. Através de sistema político que possibilita tal controle em períodos quadrienais, hoje verificamos como a riqueza da Nação foi distribuída debaixo do pano através de sistema que reproduz, quiçá sem o saber, as capitanias hereditárias, que viraram, no governo do PT, capitanias quadrienais.

         Como esse sistema é contrário às Leis, ele será adotado debaixo do pano. Assim como se diz que a hipocrisia é a homenagem que o vício presta à virtude, a introdução da prática corrupta é feita como se fora segunda natureza, convenientemente escondida sob o fino pano da legalidade, que aí está apenas para servir de apropriado anteparo para que melhor se realize a atividade predatória, seja ela qual for.

         O Mensalão - que foi esquadrinhado e exorcizado pelo Ministro Joaquim Barbosa, com grande sacrifício e maior denodo ético através da construída Ação Penal 470, julgada pelo Supremo Tribunal Federal - será o precursor do combate pela Sociedade desse sanhudo avanço do crime como objetivo central da atividade política.

         A criatura delituosa hoje aparece ainda maior, e as suas dimensões são tais que a população consultada  aponta  a corrupção como o grande problema da Sociedade. Ao invés de diminuir, ao ensejo do primeiro e localizado revés, ela tem mostrado que as ambições dos políticos que a engendraram não diminuíram decerto, mas continuam a inchar e a espalhar-se, como um câncer desvairado que do tenro, apetecível e promissor tecido social mais do que se apodera, e sim transforma em campo de experimentos e de utilização sem quaisquer peias, como se estivéssemos em terra sem lei.

          Em verdade, hoje vivemos na terra do faz-de-conta. As ideologias partidárias viraram projeções geométricas, como se possível fosse construirmos sociedade política fundada em infinda sopa de números. O que significarão as siglas partidárias se elas dispõem de alvará do crescer infindo, impedida qualquer correção de parte do eleitorado, como ocorre em países de cultura política mais longa do que a nossa?         Também nas penas de condenação, cresce o percentual da fantasia. Por mais grave que seja o crime, não se dê demasiada importância à pena cominada. O relaxamento será a regra, e ele valerá tanto para o pedófilo sexual que tem mortal atração por adolescentes, como o foi em Luziânia, em que um juiz, condoído da situação do condenado, e pensando que estivesse curado de sua enfermidade psicológica, resolveu conceder-lhe liberdade, supostamente controlada, e em consequência esse indivíduo iria matar mais de uma dezena de jovens.

            Temos também a senhorita Richthofen, cujo hediondo crime contra os próprios pais, confrangeu a sociedade. Agora, passada uma década ou pouca mais de cadeia, a jovem é considerada apta a voltar ao convívio da sociedade civil.

            Que país maravilhoso é esse que se envergonha de trancafiar assassinos, e que através do mirífico sistema de progressão de penas,  assegura, na presunção de que estão recuperados, o retorno dessa gente que os tribunais condenara a pesadas sentenças, as quais, no entanto, são de mentirinha, pois existe forte  presunção de que a estada nos cárceres brasileiros produz rápidas recuperações para a vida social.

             Essa função regeneradora de nossos presídios corresponde à realidade?

             Voltemos à corrupção. Não é à toa que o Povo brasileiro a identifica como o nosso principal problema.  Assistimos na atualidade ao desfazimento de um projeto político pela sua manifesta exposição à corrupção.

             Há corruptos por toda a parte, e não se pode dizer que não sejam perigosos, pelo seu presente efeito na Sociedade, no Governo e no Congresso. Não são decerto inofensivos, seja pela posição ocupada, seja pelo apoio de que dispõem, seja pela própria influência político-administrativa.

              Temos corruptos que resistem à Lei da Ficha Limpa, pois se porventura tenha uma condenação em segundo grau, não é que a Justiça se apressa em satisfazer-lhe o desejo, deletando o que impensadamente havia antes determinado?

              Com a operação Lava-Jato, e o trabalho benemérito do Juiz Sergio Moro, ressurgem as esperanças de que o Bem por fim prevaleça.

              Transida, a Sociedade acompanha o esforço daqueles que se empenham em transformar o Brasil em um país do Direito e da Lei. 

               Será pedir demais que a Justiça avance e que o Governo do PT, na pessoa de uma governante de comovente incapacidade e de abstrusa imprudência (trouxe de volta a Inflação, quando pensávamos que estava garantido o Plano Real), ceda lugar a quem prometa governar sem apelar para recursos debaixo do pano, e numa administração em que se procure servir ao Bem público e não ao aparelhamento partidário, ou ao enriquecimento através da ruína das organizações do Estado? Em outras palavras, arquivemos o modelo Petrobrás de riqueza pessoal e de pujança partidária.

                Voltemos ao provado modelo arcaico de governança, sem maracutaias, sem organizações para delinquir, com um Estado limpo, sem cabides nem excesso de burocratas, e, se possível, motivados pelo modelo arcaico da honestidade e do respeito ao bem público?

                Em outras palavras, aposentemos a quem nos enganou. Pensemos no Brasil. Queremos ver logo a reparação da catástrofe anunciada de Mariana. Vamos apoiar a esses brasileiros que não têm culpa alguma pelo cataclismo anunciado. Não é demorando uma semana para visitar o sítio dessa desgraça, que se transmite a mensagem adequada para que o conjunto das mineradoras acorde e se ponha a trabalhar para reparar a tragédia,  de que a Samarco, esta construção da Vale do Rio Doce e mais a mineradora australiana, até agora não transmitiram indicação de que estejam realmente empenhadas em dar condições de vida dignas a essa gente inocente que paga preço ultrajante pelos resultados da atividade predadora das rendosas mineradoras.

 

( Fontes:  O Globo, Folha de S. Paulo )    

domingo, 29 de novembro de 2015

Colcha de Retalhos C 46

                                 
A Corrupção

 
         Mais uma vez,  pode verificar-se o quanto o povo é capaz de identificar quais são os grandes problemas nacionais, assim como colocá-los dentro da real dimensão de sua gravidade.

         Não surpreende, portanto, que a ultimíssima pesquisa do Datafolha venha a identificar a corrupção como o maior problema do país.

         Desde algum tempo, se difunde a impressão de que a sensação entre  certo e  errado perdeu  sua antiga nitidez, e se torna para muitos um condicionamento circunstancial que depende não de conceitos nítidos e imutáveis, mas de eventual tendência de valer-se de oportunidades em que avulte a sensação/impressão de que é grande a possibilidade de levar vantagem, pela falta ou fraqueza dos eventuais empecilhos concretos, éticos e  morais.

         Esta situação social é produto decerto de muitos fatores. Já no século passado, a chamada lei de Gerson - sempre que possível, levar vantagem em tudo - é uma decorrência do famigerado jeitinho brasileiro, que acompanha   nossa sociedade  desde o século XIX pelo menos. Isto se vê na expressão para inglês ver, que é uma descrição de nosso povo na época do Império, para caracterizar  a  atitude das autoridades ao lidar com visitas de súditos da Coroa britânica,   a fim  de que tivessem impressão favorável da terra brasileira.

           Por que  analisar essa atitude tendente a montar pavilhões Poniatowski para que o visitante de Sua Majestade Britânica (ou autoridade estrangeira que nos visitasse ex officio) viesse a nos julgar melhor?

           Será complexo de inferioridade o chamado jeitinho brasileiro?

           Essa fraqueza em termos éticos, essa atitude que escolhe o certo não porque ele seja preferível em termos absolutos, mas pela simples razão de estabelecer a barra ética mais alto (ou no nível que se presume seja o do visitante),  decorre  de relação de conveniência momentânea, em que se monta um pavilhão para inglês ver, ou se adotam medidas extraordinárias, não porque se acha que devam ser sempre estabelecidas, mas pela simples razão de tapear o estrangeiro e montar um panorama Poniatowski pelo tempo (em geral curto) em que é necessário.

           Assim , temos o reforço do policiamento - que chega a intensivo - durante os certamens internacionais que sediamos, a adoção de medidas preventivas que afastam  os indesejáveis ou os fora da lei dos locais frequentados por visitantes e turistas.

            Esta reação é típica do ad hoc brasileiro. Não é que ele não seja para valer. Nós brasileiros bem sabemos o seu prazo de validade, que costuma ser curtíssimo (enquanto o grande espetáculo estiver em andamento e nos poucos dias em que os turistas/visitantes devam ir embora).

            Mutatis mutandis, ele parte sempre da necessidade de infundir a boa (enganosa) impressão. A autoridade age sempre dentro dos estreitos limites de um brevíssimo prazo de validade.

             Medidas mais permanentes, tomadas a partir de um bom exemplo - qual a visita multitudinária do estrangeiro - serão sempre evitadas, talvez porque a autoridade não pense que o local mereça um tratamento - como diria alguém torcido pelo circuito Elizabeth Arden - de Primeiro Mundo em caráter permanente. Tudo para o local - que aliás paga os impostos - será contingente, isto é, dependerá de circunstâncias que são tristemente alheias à sua vontade.

             Nesse contexto, tenho um exemplo que me ficou, incômodo, na memória. Lembram-se da famosa tomada do Alemão, ocorrida há alguns anos atrás, e que foi operação a exigir o apoio das Forças Armadas (inclusive com blindados próprios)?  No oba-oba das autoridades, inclusive do Governador a alçar bandeiras comemorativas, ao final saíu  daquela imensa favela um tropel de uns trezentos bandidos, que fugiram pela estrada de terra, que liga aquelas terras antes fora do controle das autoridades, com a cidade do Rio de Janeiro. A ocasião foi filmada para que ficasse na memória coletiva. Houve até comemoração. No entanto, na cabeça de muitos passou a ideia de por que   não prender aquela gente que apenas escapava de situação adversa, mas que decerto não mudaria de hábitos no futuro. Nada foi feito, além do filme para divulgação dessa vitória de Pirro...

  
Outros dados da Pesquisa Datafolha

 
                Dentre os entrevistados no último Datafolha,  47% afirmou que não votaria de maneira alguma em Lula, se ele sair candidato em 2018.

                Os registros do Instituto assinalam que apenas Ulysses Guimarães, em todo o histórico do Datafolha, assinalou registro maior de rejeição:  52% de rejeição, em 1989, quando foi candidato pelo PMDB.

                Vê-se quanto pode ser injusta uma rejeição. Ulysses decerto pagava o preço da baixa popularidade de  José Sarney, o então presidente.

                 Quanto ao Congresso, 81% dos consultados é de parecer que o mandato de Eduardo Cunha deveria ser cassado.

                  É igualmente alto o índice de desaprovação do Congresso que está em 53% (era 42% em junho).

                  Para 65% dos eleitores, o Congresso deveria abrir processo de impeachment contra Dilma.

 
 
Posição da Presidenta no Datafolha

 
            
                 A melhora de Dilma Rousseff nas pesquisas  continua na faixa terminal, por assim dizer.

                  Atualmente, os que acham seu governo ruim ou péssimo são 67% (eram 71% em agosto). Os que julgam regular são hoje 22% (eram 20% em agosto).

                  Por fim, o acham Ótimo/Bom agora  10%, quando eram em agosto 8%             

                  Ainda quanto à Dilma a maioria é favorável a que renuncie (62%).

                  É interessante, de resto, a posição popular quanto à abertura do processo de afastamento (Sim 65% e Não 30%) . Ela deveria renunciar? (62% Sim, e 34%, Não)

                  No entanto, o povo consultado, 56% não acha que ela será afastada, e 36% pensa que ela será afastada.

 

 

( Fontes:  Folha de S. Paulo;  O Globo )

sábado, 28 de novembro de 2015

A Crise da Incompetência de Dilma


                               
        Examinando a situação do Governo Dilma e a extensão de sua responsabilidade no desastre que se abate sobre o Brasil, (a) se são imperativas as medidas para o congelamento da máquina pública, elas são insuficientes porque o déficit é dez vezes maior; (b) o governo Dilma foi remisso, empurrando com a barriga e deixando para o fim do ano a tomada de tais medidas; (c) vê-se, então, diante do inesperado, com a tragédia da prisão do líder da maioria e a paralisia do Congresso.

        Além do desgoverno de Dilma, a falta de qualquer ação de sua parte, transformou a administração em um morto-vivo que pesa, com todo o gravame da própria inutilidade, sobre o país.

        Poderia complicar ainda mais se houvesse conseguido controlar a sessão alguém que não teria condições de presidi-la por ser um dos investigados na Lava-Jato. Apesar dos esforços de Renan Calheiros, a votação não foi secreta, nem a prisão do Senador Delcídio Amaral foi levantada.

        Mantida à deriva, a base do Governo, que teoricamente seria maioria, se desfez por série de fatores: incompetência da Casa Civil de Aloisio Mercadante, a que Jaques Wagner chega com muito atraso; falta de qualquer capacidade de liderança de Dilma; medidas erráticas e desastrosas, como o envio de orçamento com déficit. Nunca base parlamentar se tem desagregado tanto, por causa da inabilidade de Dilma,  sua impopularidade e consequente ínsita fraqueza administrativa.

        A prisão do líder Delcídio, pela sua atitude canhestra, batendo de frente com o Supremo, e as consequências advenientes, foram o prego que faltava no caixão desse morto-vivo que é o governo Dilma.

        Por causa da desagregação da autoridade, nas palavras de Míriam Leitão, o governo entrou em segundo desrespeito às leis orçamentárias. A primeira fora com as pedaladas de 2014 e agora com o descumprimento do prazo de aprovar  autorização para ter déficit de R$ 120 bilhões.

         A quantidade dos erros de Dilma Rousseff - seja na gestão perdulária e nos procedimentos que roçam na área penal - durante o primeiro mandato bastariam para que nos víssemos livres desse fator desagregador e irresponsável se a sua atuação nos debates e na propaganda para a  eleição de 2014 não tivesse sido um exercício do art.171 do Código Penal.

          Volto a dizer que a primeira responsabilidade é de Lula da Silva, por haver colocado na presidência esse poste que infelizmente se agitou muito, eis que se tivesse agido de forma mais aberta, sem os truques nos livros fiscais e as pedaladas, pelo menos teria abreviado o sofrimento da gente brasileira, que hoje atravessa uma das crises mais sérias da República, com alto desemprego, alta inflação e alta incompetência funcional e fiscal, que decerto serão lembrados, e por muito tempo, como verdadeira calamidade pública.

            Para terminar, a solução para o mal que Dilma Rousseff  trouxe para o Brasil está sendo engavetada por um político submetido a processo no Conselho de Ética, que ele tudo tem feito para retardar e dificultar.

            O Congresso Brasileiro é hoje presidido por dois políticos que estão sendo investigados pela Lava-Jato.

            Com essa moeda - o julgamento pela Câmara dos Deputados do segundo governo Dilma Rousseff a autoridade competente exorbita das respectivas funções e tudo leva a crer deseja transformar uma questão pública, do interesse de toda a Nação brasileira, em expediente administrativo com que conta ganhar mais tempo de sobrevivência política.

            Estamos, portanto, diante de dois descalabros. A situação fiscal do Governo Dilma que naufraga pela própria incompetência e pasmoso, falho sentido das respectivas responsabilidades diante da Nação; e a descarada manipulação da vontade do Povo Brasileiro, expressa por petição  de Hélio Bicudo, que se procura fazer de alavanca para  fins outros que nada têm a ver com o interesse do Povo Soberano.

 

( Fonte: artigo de Miriam Leitão em  O Globo )

O Brasil é viável ?


                                              

         Leitor amigo, você está satisfeito, indiferente, insatisfeito ou indignado com os governos do Partido dos Trabalhadores?

         A pergunta pode parecer, ou um tanto despropositada, ou até provocadora, diante de o que nos falam a situação do Brasil e as pesquisas de opinião.

         Mas, permita-me dizê-lo, ela não o é.

         Foi um pouco pensando nisso que escrevi a série 'Brasil: Corrupção & Burocracia', uma viagem através da biografia de nossa terra. Essa trajetória terá decerto lacunas, mas as grandes marcas lá estarão.

         Somos a criação de pequena nação debruçada sobre o Atlântico, cuja única saída estava em lançar-se por mares antes desconhecidos. Portugal, no século anterior, com o Infante Dom Henrique fez o dever de casa. Sabendo-se diminuto e fraco  sua saída estava no mar oceano, e para tanto desenvolveu a caravela, a solução tecnológica de manejabilidade e rapidez, em tempos de navegação à vela.

         Portugal era pequeno e por isso teve de crescer no saber e no método. É bonito o modelo das feitorias a circundar as costas de África? Não.  Mas a terra lusa olhava também para os efeitos colaterais: o mapeamento das costas do imenso continente ao Sul, na busca de novos horizontes.

         Como disse antes, Portugal tinha o grande mérito de privilegiar o conhecimento. Quem não tinha as hordas dos poderes continentais da época, precisava agarrar-se ao saber e, em especial, ao saber novo.

         Já foi dito pelo grande Jaime Cortesão - que o Brasil abrigou durante a sanha da ditadura de Salazar - que os mapas constituíam os grandes segredos dos quatrocentos e dos quinhentos, e como tanto deviam ser cuidados.

         Nesse momento, quiçá o leitor pense que me afastei do assunto. E, em verdade, não. Se Dom João III arrancava os cabelos em como resolver o manejo de  Império que surgira não por capricho, mas através do planejamento, encetado em Sagres, e continuado pelos decênios afora, sem nada deixar ao acaso? Inquietava-se o soberano porque a base demográfica era pequena, e nos primeiros tempos o engenho era grande.

          Descobria-se um país e se o achassem demasiado avultado para geri-lo naquele momento dado, o que se fazia? Fiado na própria arte naval, o soberano o deixava por uns tempos dormente, até que surgisse a hora da 'descoberta' formal, que criaria novos empenhos, mas também resguardaria os já existentes. E esta, como se presume, foi exatamente a missão de d. Pedro Álvares Cabral, que começou bem por aqui, e mal acabou nas costas das Índias.

          Se o século XVI marca talvez o ápice do poder lusitano - fundado na ciência e na tecnologia da época - nos séculos posteriores, vicissitudes dinásticas, oriundas de louca aventura em África, tornariam a terra lusa por sessenta anos atrelada a Castela. Com os Bragança, a  submissão à pérfida Albion e um tratado lesivo em que Lisboa se vinculou quase colonialmente a Londres, cedendo o ouro da colônia pela venda do vinho do Porto, que traria a gota aos ingleses, enquanto o metal mais valioso se escapava para fundar a construção das colônias da Nova Inglaterra...

            Mesmo na era dos gastos suntuários e do desperdício da riqueza das Minas, no reino de D. João V a luz maior estaria no seu moço de escrivaninha, o santista Alexandre de Gusmão, que com a simpatia do soberano manteve à tona o próprio gênio contra a empoada estupidez da nobreza e dos sinistros familiares da Inquisição.

            O saber e o planejamento se deram as mãos, e Alexandre se preparou para a sua grande hora - em que dirige, à distância, as negociações do Tratado de Madri (que apenas traçou os contornos do Brasil hodierno), enquanto, também de longe, o admira o negociador e grande de Espanha, duque de Lancastre.

            O grande precursor da nossa diplomacia, através do tratado de Madri, desenhou em largos riscos, a forma de nossa terra. E nada foi por acaso. Portugal mandara à colônia os padres matemáticos, para que fizessem mapas que retratassem a grandeza atual e a in fieri da antiga Terra da Santa Cruz.  Era época igualmente das bandeiras paulistas e das entradas, inclusive a mais famosa, aquela que vinda de Belém irrompeu em São Francisco de Quito, de D. Pedro Teixeira, para os nervosos gritinhos dos espanhóis que lá dormiam o secular sono da inação.

            Que me perdoe o leitor se me repito aqui e ali, mas a motivação não é a da cantilena de ninar, mas a de trazer-nos à memória que já fomos grandes, e nada no Brasil impede que voltemos a caminhar pela estrada real, e não por essa trilha de grandes, miríficos planos e de pequenas vistas da realidade circundante.

            Vivemos hoje em época que quiçá servisse de inspiração para a tese de historiadora sobre a marcha da insensatez.

             Quando da primeira eleição de Lula - e vou referi-lo uma vez mais, porque é importante - eu e o professor Antônio Rezende tentamos convencer ao nosso Amigo Pedro Neves da Rocha (cuja biblioteca até hoje espera ser aberta ao público no conjunto do Palácio Rio Negro, com os seus vinte e seis mil volumes de saber e atualizado conhecimento histórico, político e filosófico) que devia votar no candidato do P.T.

             Pedro, na época, me pareceu rígido e doutrinário ao dizer-nos que não votaria em quem não tivesse o curso superior completo.  Hoje, ele deve estar sorrindo, diante da confusão formada não só pelo Partido dos Trabalhadores, e as suas alas igrejeira e intelectual, mas muito especialmente pelas construções desavisadas de seu fundador. E quem hoje haveria de contestá-lo ousar?

             É bem verdade que em política não será a nossa grande característica mostrar bom senso. A nossa independência tivemos a inteligência de lográ-la através da legitimidade - o que a faria bem menos sangrenta e divisiva.  No entanto a antiga denominação do aeroporto de Salvador - designação que deveria ser restabelecida porque marca a data da volta da Bahia, a primeira colônia, ao seio do Império brasileiro - nos recorda que muitas das realizações do primeiro Império cobraram sangue brasileiro (como o foi também no então longínquo Piauí, contra as tropas do Major Fidié).

              Vamos acordar o Brasil, ó gente da minha terra. De lá do Rio Grande veio também um grande brasileiro que quando se sacrificou por pátria e honra, rios de gente afluíram de toda parte, e tornaram o seu enterro genuína cerimônia de reencontro do Povo brasileiro. Antes os grandes se despediam sem tostão furado que não fosse seu, levando consigo os magros cobres com que entraram nas aras do poder republicano,  e não o falso ouro da corrupção, que desvirtua, achincalha, desmoraliza e sobretudo deseduca.

               Vejam o espetáculo da vez. Diante do triste descalabro das finanças, da volta de inflação que só a ignara estupidez poderia ter ressuscitado, de orçamentos que não mais batem, de maiorias que só obedecem à própria cobiça, é bom ter presente o ditame do Supremo que, em meio à gritaria dos corruptos e de seus clientes, teve a coragem de mandar prender, por vez primeira, um Senador que terá pensado que o que estava escrito no quadro era para valer.

                A história do Erro será sempre melancólica narrativa, em que os embuçados predominam.  

                 O reino do PT já durou demais. Os incompetentes prepostos do presente devem ser prontamente alijados. Também é mais do que hora de afastar quem  engaveta a petição que, sem dúvida, a maioria do Povo brasileiro subscreve, e que está presa por alguém que somente a situação arrevezada da política nacional - que Chico Caruso desenha em traços magistrais na primeira página de O Globo - torna possível que assim seja.

                  É hora de dar um basta aos aventureiros e trazer de volta varões como o Dr. Hélio Bicudo.  A sua petição precisa vencer as trevas  e abrir as cortinas de um Brasil renovado e melhor,  um Brasil em  que tenhamos orgulho de ser cidadãos.

 

( Fontes: Jaime Cortesão,  Enciclopédia Delta-Larousse, O Globo, Folha de S. Paulo, Barbara Tuchman )

sexta-feira, 27 de novembro de 2015

45 Anos


                                               

         O filme de Andrew Haigh é de 2015, e tem dois bons atores, Charlotte Rampling e Tom Courtenay. Fazem um velho casal inglês que se prepara para atravessar a festa dos 45 anos de casamento.

          Não que seja costume comemorar com uma década pela metade, mas Kate Mercer (interpretada pela Rampling) explica para o abelhudo mestre de cerimônias que a data é significativa para eles.

          Vivem no campo, em torno de uma aldeia, em casas cercadas de urzes e canais, mas como o filme é colorido, deparamos as várias matizes da névoa britânica, e não o preto e branco dos romances ingleses do século XIX.

          Kate descobre Geoff (papel de Tom Courtenay) lendo, com ar preocupado, uma carta que acaba de receber da Suiça.

          E será essa carta que pesará sobre os dias da semana que antecede a festa, e que vai congregar todos os amigos e conhecidos da vila.

          Perguntado por Kate, Geoff vai desvelando detalhes dessa comunicação. Fala de um cadaver de mulher que acaba de ser descoberto em uma geleira suiça.

          Com feminina curiosidade, Kate vai logrando começar a desenrolar o novelo. O que essa mulher era para você? Reticente, o marido acaba dizendo que ele deve ter sido considerado como next of kin (parente mais próximo) da moça.

          Então vocês passeavam juntos pelas montanhas suiças ?  Sim. E por que as autoridades agora te procuram? - Deve  ter sido porque dissemos que éramos marido e mulher. Você entende, não? Foi há quarenta atrás...

          Em aberto está a possibilidade de ele ir à Suiça, para reconhecer o corpo... Diante da estranheza da esposa, ele promete que não vai, porque não há sentido.

          Sabemos que foi acidente, provocado talvez por descuido do guia, que também é suiço, como a namorada, que se chama Kátia... Kate sente que a notícia preocupa e mesmo inquieta Geoff.

           Fica a impressão de que a ligação entre os dois foi mais séria de o que quer reconhecer Geoff.

           Não cabe a mim contar a estória. Ela é, no entanto, interessante, na medida em que o velho fantasma de um caso anterior ao casamento reponta pontualmente na comemoração dos 45 anos.

           A ambiência é a dos filmes ingleses, com névoa, canais, barcos turísticos ou não,  a vila com o seu comércio, e as residências dos casais, que vivem sozinhos, em meio à campanha, e que tem como companheiro a Max, um camarada e tanto, ainda jovem, e que corre e late nas horas certas através das urzes, e as extensões  das residências isoladas no campo... Não há polícias, nem rondas... Já imaginaram isto no Brasil?

Uma Foto vale mil palavras ?

   
 

        Essa pergunta me veio ao deparar a fisionomia de Lula, estampada em quatro colunas, que encimam a edição da Folha de hoje, 27 de novembro.

        No instantâneo, ele levanta a mão esquerda, e dá a impressão de que está saudando ou um grupo, ou uma pessoa.

        E, sem embargo, a mensagem, se alguma existe, está nos olhos, e no rictus da expressão, que desvela funda tristeza.

        Para quem esse aceno - em geral tão comum em um político - está sendo mandado, a despeito da expressão contida, da melancolia que das vistas se desprende, e dos dedos meio curvados, traindo uma antiga lesão?

        Os fotógrafos -  no caso presente,  Jorge Araujo - não são amigos, nem inimigos de ninguém. O seu dever e mister está em ficarem à espreita, como se fossem testemunhas do destino, na sempiterna busca de revelar ao mundo situação ou quiçá uma condição.

        A foto será sempre uma construção. Quem a examina, seja com cuidado, seja em passar d'olhos distraído, guardara decerto uma impressão. O fotógrafo é figura indefinível-  não é nem do bem, nem do mal.

        O atirador de elite pacienta na mortal impavidez, à espera de um átimo favorável. Já o jornalista dos instantâneos tem a ver com o átimo de verdade que o alvo da foto pode ou não desvelar.

        A Deusa fortuna pode ou não acompanhar a silente labuta de quem está à espreita. Em verdade, trata-se apenas de imagem que, por um átimo, desvela o que as palavras ou até mesmo o discurso tentam esconder ou dissimular.

        Em que pensa Lula quando semelha saudar alguém que se vai, ou porventura lhe acena?

        Será movimento maquinal, que mais trai na tristeza que encerra, do que em algum reconhecimento de velho personagem de memórias passadas?

         As fotos, que o profissional insinua, como que à cata de espectros ou duendes na floresta, podem muita vez ser maiores do que aparentam.

 

( Fonte: Folha de S. Paulo )

quinta-feira, 26 de novembro de 2015

O Começo do Fim


                            

        Depois de ontem, 25 de novembro de 2015, as diversas e desesperadas tentativas de grupelhos de deter a Lava-Jato, ao receberem um golpe determinante, abriram caminho para a reação da sociedade.

        Não é só a vitória do Direito e da opinião pública que hoje ressoa. Não foi pouca cousa que por vez primeira na República, os senadores, em voto aberto, decidiram  em plenário, por 59 votos a treze, e uma abstenção, ratificar a decisão unânime de Câmara do STF, e manter a prisão de Delcídio Amaral (PT-MS).

        Não terá sido tampouco por acaso que essa votação foi em aberto. O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL) começara logo cedo a articular para que a votação fosse secreta... Líderes da oposição se rebelaram e impetraram no Supremo Tribunal Federal (STF) um mandado de segurança preventivo, para garantir o voto aberto.

        Como seria de esperar, Renan, no início da sessão, disse que a sua interpretação era de que o voto deveria ser secreto, mas que deixaria a decisão para o plenário. Houve longo debate - apenas o PT encaminhou o voto secreto, Renan foi derrotado, com 52 votos  pela votação em aberto, e 20 pela votação secreta.

        O líder do PT no Senado, Senador Humberto Costa (PE) defendeu posição em favor de Delcídio. A bancada do PT apoiou, com exceção de Paulo Paim (PT-RS) e Walter Pinheiro (PT-BA), que não votaram pelo relaxamento da prisão de Delcídio Amaral.

       A vontade da sociedade, claramente expressa nas redes sociais, teve a confirmação no Supremo, através do voto contundente de seu Decano, o Ministro Celso de Mello: o caso em tela "revela fato gravíssimo: a captura do Estado e de instituições governamentais por organizações criminosas. É preciso esmagar, é preciso destruir com todo o peso da lei - respeitada a garantia constitucional - esses agentes criminosos".

       Também a Ministra Carmen Lúcia, no seu voto pela prisão do Senador Delcídio Amaral, asseverou: "Primeiro, acreditou-se que a esperança venceu  o medo. No mensalão, viu-se que o cinismo venceu a esperança. E agora, que o escárnio venceu o cinismo."

       Não é só, porém, o Senador Renan Calheiros (PMDB-AL), senão o próprio Presidente da Câmara, Deputado Eduardo Cunha  (PMDB-RJ) que vêem pela frente uma determinação clara e unânime do Supremo, em favor da implementação da Lei e do Estado de Direito.

       As tentativas de instrumentalizar posições e interesses porventura pessoais, como se depara igualmente no lentíssimo andar de certas instâncias da Câmara de Deputados, tampouco poderão estender-se nessa via que está na contramão do sentir da Nação brasileira.

       Dada a gravidade dos atos praticados pelo Senador Delcídio Amaral, o Supremo Tribunal Federal tomou um ato inédito na República, vale dizer a prisão de um Senador, Líder de Partido.   

       Quero crer que com o episódio de ontem a democracia brasileira, afirmando a primazia da Lei, atuou dentro da melhor tradição constitucional.  Tenha-se presente que em democracia mais antiga do que a nossa, a prisão de senadores e deputados, mesmo quando decretada por juízes simples, é vista com naturalidade, eis que lá  - e como cá ora se delineia - ninguém está acima da lei, e muito menos os representantes do Povo.

        O comportamento do Senador Delcídio Amaral e do banqueiro André Esteves, do Banco BTG Pactual, ao oferecerem mesada ao delator da Lava-Jato Nestor Cerveró, e tentarem obstruir as investigações da Lava-Jato, fez amplamente por merecer a ordem de prisão do ministro do STF Teori Zavascki.    

        Referendada pela Turma especial do Supremo, e pelo próprio Senado, esta decisão abre o caminho para outras, que visem igualmente liberar o caminho da implementação da Lei, doa a quem doer.

        

( Fontes: O Globo, Folha de S. Paulo )

quarta-feira, 25 de novembro de 2015

Lula e o relógio da Justiça


                                           

                 A Lava-Jato na sua atual fase passe-livre nos mostra praias antes não visitadas, mas que já se desenhavam no horizonte para os seus eventuais personagens. O termo passe-livre faz alusão à facilidade de acesso do pecuarista e dileto amigo do Presidente Lula a seu gabinete presidencial.

                 E este círculo mais se fecha ao ouvir-se ontem, por vez primeira, que não era bem assim, e que o pecuarista José Carlos Bumlai não é tão tão próximo do Presidente quanto antes se dizia em termos de facilidade de aceder à câmara do poder que possa ser comparada  à da esposa, D. Letícia ...                  

                Essa desesperada tentativa dos cortesãos do petismo é ulterior indício de que as coisas vão mal no arraial do PT e de seus aliados.

                Por falar em aliados, o Ministro Teori Zavaschi tem muito mais horas de trabalho que os demais, por ser o Juiz do Supremo responsável  por essa operação. Nesse sentido, por prudente, consultou outros colegas do Supremo para saber se autoriza prisão de um Senador da República, Delcídio Amaral, do PT, que ofereceu R$ 50 mil mensais ao delator Nestor Cerveró, para que calasse sobre o que sabe.

               De novo a prisão de José Carlos Bumlai traz à luz velha denúncia de chantagem que envolveria o ex-presidente Lula. Ela começou a ser apurada na época do Mensalão e acabou sendo arquivada por alegada falta de provas.

               O resumo do drama: Lula estaria sendo vítima de chantagem em 2004. Nesse sentido, parte do empréstimo de R$ 12 milhões, levantado por Bumlai no banco Schahin, em setembro de 2004, teria sido utilizado para pagar o alegado chantagista, o empresário de transportes de Santo André, Ronan Maria Pinto.

               Não é detalhe de somenos, eis que a ligação entre o empréstimo e a suposta chantagem  foi feita pelo Juiz Sérgio Moro, no despacho que determinou a prisão de Bumlai.  Nesse sentido, o lobista Fernando Baiano contara, em delação premiada, que ouvira de terceiros que o empréstimo "teria sido tomado para pagar chantagem que o presidente Lula estaria sofrendo". Baiano não disse quem lhe passara tal informação.

               O Juiz Moro afirmou ainda que "a Receita Federal colheu indícios de que parte dos valores do empréstimo do Banco Schahin a Bumlai pode mesmo ter sido direcionada a Ronan Maria Pinto para aquisição de ações da empresa Diário do Grande ABC, na esteira do declarado no aludido depoimento de Marcos Valério Fernandes de Souza e do aludido documento encontrado na Arbor Contábil."

               Com efeito, três anos antes, Marcos Valério, condenado a quarenta anos no mensalão, tentou delação dando detalhes sobre o empréstimo.  Em 2012, contou à Procuradoria-Geral da República que o ex-secretário-geral do PT Silvio Pereira o havia procurado em 2004 porque Lula e os ex-ministros José Dirceu e Gilberto Carvalho eram chantageados por Ronan, que teria pedido R$ 6 milhões em reunião com Pereira e Valério para comprar um jornal no ABC. Segundo Valério, Pereira dissera que o valor foi obtido por Bumlai junto ao (banco) Schahin e dado a Ronan.

                Nesse sentido, a Lava-Jato investiga se parte do empréstimo foi para Ronan. Valério nunca esclareceu a chantagem. A suspeita é que teria relação com o assassínio do prefeito petista de Santo André, Celso Daniel. 

                 Como quase tudo que se relacione com a trágica morte do prefeito de Santo André - que o faz insepulto eis que  ainda não foi esclarecida - sobrepaira a suspicácia de que diga respeito de algum modo a esse virtual proto-crime do poder petista. Nenhuma das personalidades, ou não se manifesta (o Instituto Lula não comentou os depoimentos), ou não é encontrada - Silvio Pereira e Gilberto Carvalho não foram localizados, ou nega tenha qualquer conexão com o caso - o advogado Roberto Podval  disse que José Dirceu não tem relação com o caso, e o mesmo afirma a assessoria de Ronan Maria Pinto (que dentre os personagens desse drama, seria o suposto chantagista).

                  Por fim, cabe assinalar uma observação da nota de segunda página da Folha, de Bernardo Mello Franco: "O Juiz da Lava-Jato usou uma  justificativa curiosa  ao determinar a preventiva do´´empresário (Bumlai). Disse que Bumlai tinha o "comportamento recorrente" de usar a proximidade com Lula  para "obter benefícios" e poderia manchar o nome do amigo caso continuasse em liberdade. "Fatos da espécie teriam o potencial de causar danos não só ao processo, mas também à reputação do ex-presidente", escreveu.  Moro é um estrategista."

( Fontes:  O  Globo, Folha de S. Paulo )

terça-feira, 24 de novembro de 2015

Notícias direto do Front


                                       
Derrubado Jato russo pela Turquia

 

         Claramente irritado pela notícia, o Presidente Vladimir Putin definiu como uma punhalada nas costas a derrubada de  jato russo Sukhoi SU 24 por um caça F 16 turco. O Presidente russo acrescentou que achava bastante estranho que, a respeito do incidente,  a Turquia se dirigisse às autoridades da OTAN e não às da Russia. Por outro lado, sem entrar em maiores detalhes, afirmou que "haveria sérias consequências para as relações russo-turcas".

          Putin se encontra na estação de inverno de Sochi.  Lá manterá encontro com o rei Abdullah II da Jordânia.

          O Primeiro Ministro turco, Davutoglu, determinara que as autoridades competentes contactassem as instâncias da OTAN, com vistas às necessárias providências.

           Os dois pilotos russos do jato SU 24 se lançaram de paraquedas.  Um deles já chegou morto ao solo, atingido por disparos de fuzis dos rebeldes sírios, e o segundo está ferido, presumivelmente pelos guerrilheiros sírios.

 

Mercosul - Efeitos da Eleição argentina

 

            Com a vitória de Maurício Macri, na Argentina, ele anunciou que pedirá a suspensão da Venezuela  do  Mercosul por "abusos e perseguições".

            Derrotado o kircherismo-peronista na Argentina, o  MERCOSUL  deverá entrar em zona de turbulência.

            Dada a deterioração na situação venezuelana,  o novel presidente argentino pedirá a suspensão de Caracas.

            É previsível que Dilma Rousseff acorra em auxílio a Nicolas Maduro. Se é manifesta a situação na Venezuela, com uma série de medidas intimidatórias do regime bolivariano, também se afigura pouco crível que o regime petista vá abandonar o caudilho  Maduro. A farsa da democracia venezuelana deverá ser mantida, com grande desgaste institucional, e não menos dos canais competentes

            Não tem sido pequenas as dificuldades dessa  diplomacia de viés  sindicalista  do regime dilmo-petista , no intento de manter as aparências no que tange ao respeito ao regime democrático de parte do aliado ideológico em dificuldades.  

             Na matéria, quem dá as cartas é o conselheiro-auxiliar da petista, i.e., Marco Aurélio Garcia, a quem, a despeito da hora crepuscular que semelham atravessar os manda-chuvas do petismo, é por ora mantido no encargo da diplomacia de cunho sindicalista. Por quanto tempo há de perdurar a capitis deminutio do Itamaraty já é outra estória...

 

Denúncias contra o pré-candidato a prefeito

 

             A convenção do PMDB do Rio de Janeiro virou ato de desagravo ao pré-candidato  do partido a prefeito, Pedro Paulo Carvalho.

             Como se sabe, são notórias as denúncias de agressão de Pedro Paulo à ex-mulher.

             A manutenção da pré-candidatura semelha mais uma idiossincrasia do atual prefeito Eduardo Paes, que quer porque quer entronizar o amigo candidato a seu sucessor.

              Malgrado toda a gritaria, as agressões de Pedro Paulo à esposa estão documentadas.

               Tal não detém o estamento peemedebista no Estado de manifestar apoio a Pedro Paulo. Nesse sentido, se manifesta o governador Pezão, considerando "fofocas" as acusações contra o candidato. Isto é baixar o nível do debate, e falta de respeito com a vítima, a ex-esposa Alexandra Marcondes.

 

 ( Fonte:  O  Globo )