terça-feira, 10 de novembro de 2015

BAMBINO


                                                       

          Sebastião do Rego Barros Netto (1940-2015) será sempre o Bambino para as gerações que o conheceram no Itamaraty. Nunca um apelido que já trouxera para o nosso convívio refletia tão bem a própria personalidade e aparência.

          Tinha a cara e a simpatia do menino. Com o dom de gentes que o acompanhou pela vida afora, era fácil relacionar-se com ele, como várias gerações da Casa hão de reconhecê-lo.

           Mas não se enganem aqueles que confundem tal capacidade de  abraçar metaforicamente o sentimento alheio - e a etimologia aqui diz tudo - com uma disposição bonachona e superficial.

           Para onde fosse, para as missões de que foi encarregado (e as teve muitas e difíceis) sempre se saíu bem, de forma até a aumentar o círculo de pessoas que o prezavam e respeitavam.

           Recordo-me de vez em que me achava num desses lugares que o Itamaraty carimba de difíceis. Para sorte nossa, então Sebastião era o Chefe da Casa, o que na nossa linguagem peculiar, por vezes tortuosa, designa o Secretário Geral. Ao me deparar, vindo de longe, logo me disse num sorriso:

            "Mauro, nem precisa falar, que o sujeito já foi afastado."

             Era assim o Sebastião. Simpático, na aparência até bonachão, mas com visão clara da realidade e das próprias atribuições.

             Por isso que o Bambino sempre foi a unanimidade do Bem na Casa de Rio Branco.

             Vai fazer falta e muita.

              Essa maneira um tanto desenvolta com que o destino o fez partir, não duvido que ele, lá em cima, encontrará meios de fazer-lhe a respeito  um pouco de graça.

             Mas não muito, por favor, pelo que doem os retratos dos que partem.

             E Bambino é um daqueles que vai fazer muita falta.

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