sexta-feira, 27 de novembro de 2015

45 Anos


                                               

         O filme de Andrew Haigh é de 2015, e tem dois bons atores, Charlotte Rampling e Tom Courtenay. Fazem um velho casal inglês que se prepara para atravessar a festa dos 45 anos de casamento.

          Não que seja costume comemorar com uma década pela metade, mas Kate Mercer (interpretada pela Rampling) explica para o abelhudo mestre de cerimônias que a data é significativa para eles.

          Vivem no campo, em torno de uma aldeia, em casas cercadas de urzes e canais, mas como o filme é colorido, deparamos as várias matizes da névoa britânica, e não o preto e branco dos romances ingleses do século XIX.

          Kate descobre Geoff (papel de Tom Courtenay) lendo, com ar preocupado, uma carta que acaba de receber da Suiça.

          E será essa carta que pesará sobre os dias da semana que antecede a festa, e que vai congregar todos os amigos e conhecidos da vila.

          Perguntado por Kate, Geoff vai desvelando detalhes dessa comunicação. Fala de um cadaver de mulher que acaba de ser descoberto em uma geleira suiça.

          Com feminina curiosidade, Kate vai logrando começar a desenrolar o novelo. O que essa mulher era para você? Reticente, o marido acaba dizendo que ele deve ter sido considerado como next of kin (parente mais próximo) da moça.

          Então vocês passeavam juntos pelas montanhas suiças ?  Sim. E por que as autoridades agora te procuram? - Deve  ter sido porque dissemos que éramos marido e mulher. Você entende, não? Foi há quarenta atrás...

          Em aberto está a possibilidade de ele ir à Suiça, para reconhecer o corpo... Diante da estranheza da esposa, ele promete que não vai, porque não há sentido.

          Sabemos que foi acidente, provocado talvez por descuido do guia, que também é suiço, como a namorada, que se chama Kátia... Kate sente que a notícia preocupa e mesmo inquieta Geoff.

           Fica a impressão de que a ligação entre os dois foi mais séria de o que quer reconhecer Geoff.

           Não cabe a mim contar a estória. Ela é, no entanto, interessante, na medida em que o velho fantasma de um caso anterior ao casamento reponta pontualmente na comemoração dos 45 anos.

           A ambiência é a dos filmes ingleses, com névoa, canais, barcos turísticos ou não,  a vila com o seu comércio, e as residências dos casais, que vivem sozinhos, em meio à campanha, e que tem como companheiro a Max, um camarada e tanto, ainda jovem, e que corre e late nas horas certas através das urzes, e as extensões  das residências isoladas no campo... Não há polícias, nem rondas... Já imaginaram isto no Brasil?

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